Confira os selecionados para o curso “Conteúdo Cultural: da produção à veiculação”
Carol Braga coordena o curso do projeto Culturadoria em Rede. Foto: Aline Prado
Carol Braga coordena o curso do projeto Culturadoria em Rede. Foto: Aline Prado
Promovida pelo site Culturadoria em parceria com a Fundação ArcelorMittal, a iniciativa atraiu candidatos de todo o Brasil e de diferentes perfis
Por Patrícia Cassese | Editora Assistente
Atendendo à expectativa estabelecida primeiramente pelos organizadores, o processo seletivo para o curso “Conteúdo Cultural: da produção à veiculação”, elaborado e realizado pelo Culturadoria, em parceria com a Fundação ArcelorMittal, alcançou o objetivo de atrair interessados país afora.
No entanto, mais que a quantidade de inscritos, o que mais chamou a atenção foi o fato de os interessados em garantir uma das 100 vagas previstas reverberar em uma diversidade de perfis, algo almejado desde o estágio inicial da empreitada.
Como prometido, a lista com os selecionados já está disponível para consulta – conforme anunciado, as aulas terão início nesta segunda-feira, dia 10. Assim, com desdobramento até maio, o curso será às segundas e quartas, das 19h às 22h, com aulas ministradas pelos professores e jornalistas Carol Braga – fundadora do Culturadoria – e Maurício Guilherme Silva Jr.
Vale lembrar que, como dito à época do lançamento, o programa visa incentivar a produção de conteúdo jornalístico sobre a cultura brasileira, com o objetivo de ampliar o acesso da população à produção artística nacional e, assim, fomentar a economia que envolve o setor cultural, a partir do consumo dos bens e serviços por ele gerados.
Justamente para garantir a diversidade de perfis na formação da turma, a ficha de inscrição solicitou aos candidatos uma série de informações, como, por exemplo, a proveniência de cada um – se da capital ou interior e se do Sudeste ou de outras regiões do território nacional.
Neste caso específico, o objetivo foi, portanto, evitar que a região que reconhecidamente mais coopta recursos para investimento na área cultural (o Sudeste, em particular, o eixo Rio-São Paulo) fosse a única privilegiada no curso, em detrimento das demais. No cômputo geral, portanto, dos inscritos, 68,9% responderam “sim” à essa pergunta.
E, por conta de, também como anunciado no início das inscrições pelo Culturadoria, a seleção incluir vagas destinadas a dois estudantes universitários bolsistas (Prouni ou Fies) e a universitários em situação de vulnerabilidade social (totalizando 30% dos selecionados), na inscrição, o interessado foi instado a revelar se foi, ou está sendo, beneficiário de algum programa assistencial de educação, (como os dois citados ou, ainda, algum outro). Assim, neste quesito, a maioria (56,7%) respondeu “sim”.
Desde o início também foi explicitada a diretriz de as vagas serem preenchidas de acordo com parâmetros de respeito à paridade de gênero e raça e à inclusão de pessoas com deficiência. Dos 266 inscritos, 48,1% se declararam pardos, enquanto 26,9%, pretos, e os demais (25%), brancos.
No que tange à orientação sexual, 61% se declararam LGBTQIA+. Os candidatos tiveram a liberdade de especificar a orientação se quisessem, sendo que 3,8%, no entanto, preferiram não responder a essa questão. Já no universo dos que responderam, 32,7% optaram por se nominarem bissexuais, enquanto 21,2%, gays, e, por fim, 3,8%, lésbicas.
A jornalista Carol Braga, fundadora do Culturadoria, lembra ainda que o objetivo de montar uma turma pautada pela diversidade traz, em seu cerne, de pronto, o objetivo de promover a descentralização e a democratização no processo de repasse da informação. Mas não só. “Esta multiplicidade de perfis certamente vai reverberar um olhar mais amplo para iniciativas culturais espalhadas pelo país que podem se transformar em boas pautas”, pontua ela, entendendo que os 100 selecionados certamente cumprem a meta de a iniciativa ser vivenciada por um grupo diverso.
Maurício Guilherme Silva Jr. salienta que, dessa forma, nos dias atuais, é impossível pensar em cultura sem a lógica da diversidade. “E digo diversidade, portanto, em todos os sentidos. Porque cultura é processo. Cultura é, de certo modo, justamente o encontro da diversidade para a formação, desse modo, de uma espécie de universo simbólico bastante particular. Então, é, ao mesmo tempo, indivíduo e coletividade. Assim, se nessa coletividade não tivermos a diversidade, fica impossível pensar num espectro mais amplo de produção cultural, de expressão cultural”, advoga.
Dessa forma, ele se confessa feliz pela percepção de que o chamamento atingiu o que, reitera, sempre foi um dos objetivos centrais do projeto: o de formar uma turma capaz de promover debates também diversos. “Formada por pessoas que vêm de experiências culturais, sociais, políticas, e por aí vai, bastante distintas”.
Finalmente, os dois ressaltam a expectativa de, a partir da segunda-feira, 10, poderem pensar a cultura a partir justamente do prisma da diversidade. “Que é um elemento fundamental, portanto, para a gente pensar esse encontro entre o indivíduo e a sua coletividade. Entre a simbologia, digamos assim, da cultura e uma espécie de pensamento universal”, arremata.
Por fim, o projeto “Conteúdo Cultural: da produção à veiculação” é promovido pelo Culturadoria e conta com patrocínio da ArcelorMittal, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Confira mais detalhes da iniciativa.
Publicado por Patrícia Cassese
Publicado em 05/04/23