
5 livros para conhecer novas culturas
"Fique comigo" de Ayóbami Adébayo. Foto: Ohana Padilha
"Fique comigo" de Ayóbami Adébayo. Foto: Ohana Padilha
Como a leitura nos leva a compreender o mundo, as pessoas e suas diversas culturas, vivencias e realidades
Por Ohana Padilha | Culturadora
Dizem que um universo inteiro cabe dentro de um livro. Já que ler é poder ir muito além das fronteiras geográficas e mergulhar em outras realidades por meio das páginas.
Dessa maneira, assim como viajar, ler proporciona conhecer novos lugares e a criar conexões com novas pessoas, ou melhor, com personagens. É também criar novas memórias e reconectar-se consigo mesmo. É descobrir universos inexplorados e aprender sobre o outro.
Aproveitando que janeiro é um mês de férias quando muitas pessoas viajam para a praia, campo e as montanhas, separamos algumas dicas para você que também quer viajar através dos livros e embarcar em novas culturas.
Se aconchegue, pegue sua bebida favorita e escolha a sua próxima leitura!
A narrativa se passa durante a turbulência política e social da Nigéria dos anos 1980. Um marido e uma esposa desejam ter filhos, ou melhor, precisam ter por viverem em uma tradição em que ter filhos é fundamental para dar sentido à vida de todo um núcleo familiar.
Assim, a trama é toda amarrada na questão da maternidade e da paternidade. Do homem e da mulher. Do moderno e do tradicional. Fala, ainda, em como não ter filhos em uma cultura patriarcal pode não ser aceito.
No enlaço do tema, somos transportados para a relação matrimonial dos personagens. O livro aborda, por exemplo, como a falta de diálogo rompe os laços do relacionamento e de como alguns valores podem levar as pessoas à beira do abismo provocando comportamentos e atitudes desesperadas para atender as expectativas impostas.
“Talvez, quando pedimos ao Senhor que nos livre do mal, estejamos na verdade pedindo que nos livre de nós mesmos”
Ayóbami Adébayo
Fique Comigo (Editora Harper Collins, 240 páginas)
Tendo como pano de fundo um retrato contemporâneo da Índia e de seu sistema de castas, o livro conta a história de Mukta e Tara.
Mukta é forçada a um ritual de sua casta, que a torna uma prostituta ainda enquanto criança. Mas é salva por um homem. Tara, filha dele, se aproxima da menina e um forte laço de amizade é criado entre elas. Não escapando de seu destino, Mukta é sequestrada e forçada a se prostituir. Anos depois, Tara, que passou a viver nos Estados Unidos, volta à Índia à procura da amiga.
Cada capítulo do livro é narrado, alternadamente, por cada personagem. Assim, o leitor consegue vivenciar as emoções e sensações de cada uma delas de uma forma emocionante. A narrativa mostra, por exemplo, como o amor e a esperança podem ultrapassar as barreiras de um sistema que marginaliza as pessoas.
“O céu nos contava mais histórias do que jamais poderíamos ler, mais que nossas imaginações poderiam dar conta”
Amita Trasi
Todas as cores do céu (Editora Harper Collins, 384 páginas)
Nikki vive em Londres e é filha de imigrantes indianos. Por grande parte da vida foi se distanciando da tradicional comunidade sikh em que nasceu, vivendo uma vida mais ocidental. No entanto, se vê novamente na comunidade quando aceita dar aulas de escrita criativa para as viúvas do lugar.
Porém, Nikki descobre que na verdade as viúvas estavam esperando aprender a ler e escrever em inglês. Desanimada e frustada, Nikki quase desiste da tarefa até que um livro erótico aparece na sala e cria a maior movimentação entre as mulheres. Dessa maneira, percebe que as viúvas possuem muitas histórias, fantasias e desejos a serem libertados através dos contos.
Escola de contos eróticos para viúvas (Editora Planeta, 304 páginas)
Na Síria de 2011, diante de um cenário de conflitos e bombardeios, a jovem Nur juntamente com sua família inicia uma jornada na busca pela paz. Paralelamente, com quase um milênio de distância, acompanhamos a destemida Rawiya, aprendiz de cartografia, desbravando a mesma rota.
Mesmo separadas pelo tempo, as personagens enfrentam os percalços dos refugiados do Oriente Médio e do norte da África. Dessa maneira, com uma abordagem sinestésica e poética, é possível fazer uma imersão sobre os lugares e as pessoas.
“Sempre temos que consertar os mapas, repintar as fronteiras de nós mesmos”
Zeyn Joukhadar
O mapa de sal e estrelas (Editora Dublinense, 368 páginas)
Durante a 2ª Guerra Mundial, com a Coreia já sob o domínio japonês, Hana – uma garota de 16 anos – tem seus direitos renegados. Já que praticar o idioma, cultos e costumes é algo ilegal. Assim como a mãe, Hana é uma haenyeo, mulher do mar que tira seu sustento das profundezas do oceano.
Assim, durante um dia de trabalho para defender a irmã mais nova, Emi, Hana se vê capturada por um soldado japonês e é condenada a ser uma “mulher de consolo”, onde é violentada repetidas vezes pelos soldados.
O livro dá luz aos conflitos que aconteciam na Ásia durante a guerra, os quais ainda são pouco retratados nos livros de história. A narrativa também proporciona um mergulho na riqueza da cultura das haenyeo na Ilha de Jeju.
Herdeiras do mar (Editora Paralela, 304 páginas)
@ohana_padilha é jornalista e fotógrafa. Apaixonada por artes, meio ambiente, viagens e tudo que proporciona conhecer novas culturas e pessoas. Acredita no poder da arte de sensibilizar corações e mentes
Publicado por Ohana Padilha | Culturadora
Publicado em 21/01/22