
A mostra "Mundo Zira - Ziraldo Interativo" chega à capital mineira, ocupando alas do CCBB BH (Foto: Patrícia Cassese)
Galerias do primeiro andar do CCBB BH recebem, até 09 de setembro, mostra a exposição (gratuita) “Mundo Zira – Ziraldo Interativo”
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Instalado em uma das laterais do prédio do CCBB BH, na Praça da Liberdade, um enorme boneco inflável do Menino Maluquinho, um dos mais célebres personagens criados pelo mineiro Ziraldo (1932 – 2024), chama a atenção de quem passa por lá. A instalação faz parte de “Mundo Zira – Ziraldo Interativo”, exposição que fica em cartaz até 09 de setembro e promete agitar as férias de julho.
A exposição, montada Galerias do Térreo e na Área Externa do CCBB BH, tem a direção artística e a curadoria assinadas por Adriana Lins e Daniela Thomas – respectivamente, sobrinha e filha do cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista, advogado e jornalista Ziraldo.
Expografia
De acordo com Adriana Lins, o empenho de toda a equipe foi fundamental para que a iniciativa vingasse – lembrando que a exposição é resultado da parceria da Lumen Produções e Instituto Ziraldo. “Pessoas que de fato vestiram a camisa, a fim de montar a engrenagem dessa grande máquina que pretende levar o trabalho do Ziraldo às novas gerações ou para (reviver) a memória dos que já gostam dele”. A sobrinha de Ziraldo – que é curadora do Instituto Ziraldo – também pontuou que não se trata de uma exposição pensada nos moldes habituais, na qual o visitante vai se deparar, por exemplo, com obras dispostas em ordem cronológica, recompondo as fases do autor. “Não há esse propósito”.

Ou seja, os desenhos expostos atuam, nas salas do primeiro andar do CCBB BH, como sinalização, cenografia, orientação. Evidentemente, há, nas paredes, textos explicativos – escritos, aliás, por Guto Lins. “Aqui, a gente apresenta o artista, um pouco para contextualizar mesmo. Porque, na verdade, são muitos públicos. A gente acha que todo mundo conhece o Ziraldo, mas não, muitos não conhecem, como os muitos novos”. Uma curiosidade: Adriana comentou que, na passagem pelo CCBB do Rio de Janeiro, ela, certo dia, se deparou com uma garotinha declamando, em voz alta, o texto da curadoria. Logicamente, ficou encantada.
Interatividade
Um dos primeiros momentos da exposição a ratificar o caráter interativo da mostra está quando o visitante acessa uma mesa na qual há um menu com alguns desenhos de Ziraldo, porém, em P&B. “Assim, o visitante é convidado a colori-los. Então, ele vira o colorista. E, ao mesmo tempo, o desenho dele é projetado na parede, virando cenografia, obra de arte exposta. Daíque a gente fala que é interativo. O visitante se torna, pois, um parceiro do Ziraldo, um co-autor”, explica Adriana Lins. (abaixo, Adriana e Guto Lins)

Um outro ponto notável da expografia é a instalação de QR codes, nos quais o público, ao acessar, poderá, por exemplo, encontrar mais informações sobre a obra de Ziraldo. “Neste caso, ele pode, por exemplo, buscar o nome dos personagens, saber características de cada um…”. Guto lembra que também há QR codes de acessibilidade, bem como de tradução para inglês.
“O Menino Quadradinho”
Numa das salas, o visitante vai se deparar com referências ao livro “O Menino Quadradinho”, que ocupam toda uma parede. “Este livro, para nós, do Instituto Ziraldo, é um obra-prima. É um livro que recomendo para todos. Ao final, tem uma frase do Ziraldo que diz assim: ‘Você, leitor, que chegou até aqui, vai virar para mim e falar: ‘Ué, Ziraldo, mas isso aqui não é um livro para criança’. E eu vou dizer: ‘Você tem razão, é igual à vida. Para criança, só no começo’. Então, na nossa opinião, é uma leitura que não poderia faltar”.
Ao todo, oito livros de Ziraldo para crianças ganham destaque na exposição. Caso de “Flicts” ou “A Turma do Pererê”. “Um característica bacana e gostosa dessa experiência é que a direção de arte e a curadoria trabalharam junto desde o começo. Assim, lá, no início, a gente sabia que: queríamos falar com o público mais jovem da linguagem de tela. Tal qual, queríamos lembrar que é muito gostoso mergulhar em um livro. Que a literatura faz parte da vida e que, desse modo, a gente queria proporcionar esse mergulho. Daí, partindo dessas premissas, pensamos qual o recorte a gente queria fazer na obra do Ziraldo”, explana Adriana.
Paixão pelos quadrinhos
E veio a decisão de selecionar os oito títulos. “Assim, cada um vira uma brincadeira legal. Por exemplo, a Turma do Pererê na Mata do Fundão… Tem aquelas árvores lindas do Ziraldo, mais gráficas, que são fantásticas! E também, aqui, outras mais ‘verdadeiras’, da Mata Atlântica, do Brasil. Assim, nasceu a grande floresta na qual os personagens brincam, se escondem para o visitante. Tem a Turma do Menino Maluquinho, mais moleca, brincalhona. Por isso também estão aqui. E por aí vai. Enfim, a gente queria muito trazer para cá essa que sempre foi uma grande paixão da Ziraldo, que é a história em quadrinho”. Adriana lembrou que aos 16 anos Ziraldo já queria ser desenhista de quadrinhos.
Em tempo: O projeto estreou no CCBB Brasília em 2022, atraindo mais de 65 mil visitantes. Depois, esteve no CCBB Rio, sendo visto por mais de 185 mil pessoas.
Serviço
“Mundo Zira – Ziraldo Interativo”
Datas: de 26 de junho a 9 de setembro
Local: Galerias do Térreo e Área Externa – CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 22h
Entrada gratuita, com retirada de ingresso no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do Centro Cultural. Semanalmente, às quartas-feiras, novos ingressos serão disponibilizados para a semana seguinte, tanto no site, quanto na bilheteria. Ao selecionar o ingresso, o visitante escolhe a data e o horário. Crianças menores de 5 anos não precisam apresentar ingresso.