
Obra da artista Yanaki Herrera, que nasceu no Peru e está radicada em BH (BDMG Cultural)
“Warmi Wasi: lutas coletivas e subjetivas”, de Yanaki Herrera, é a segunda exposição do Ciclo de Mostras 2023
Como conciliar ser mulher, mãe e artista? Como não esquecer de si mesma no processo de cuidado com outro? De suas próprias angústias, desejos e necessidades. Pensar na mulher, que permanece nessa condição, ainda que se torne mãe, é uma discussão necessária e atual que Yanaki Herrera, artista peruana de origem quéchua, apresenta na exposição “Warmi Wasi: lutas coletivas e subjetivas”.
A mostra fica em cartaz a partir desta quinta-feira, dia 25 de maio, e até 9 de julho, com entrada gratuita, na Galeria de Arte do BDMG Cultural.
A exposição traz desenhos, pinturas, lambes e videoperformances, totalizando 23 obras de Yanaki Herrera desenvolvidas entre 2018 e 2022. As técnicas variam entre pinturas em aquarelas e acrílicas com suportes como papelão, canson, tela e oratórios de madeira.
“Casa da Mulher”
A frase Warmi Wasi vem a partir da composição de duas palavras em língua quéchua, que significa casa da mulher em português. Yanaki Herrera escolheu nomear a mostra desta forma em homenagem à família paterna e ancestrais quéchuas de Andahuaylas, no Peru.
A exposição traz o confronto entre a maternidade ideal e as maternagens plurais invisibilizadas na América Latina e os resquícios e consequências da colonialidade nestes territórios e corpos.

“O início da pandemia coincidiu com a chegada da maternidade na minha vida”, conta Yanaki. Em meio àquele período caótico de crise sanitária mundial e com o aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, a artista se viu atingida pela sua situação migratória.
“Estava impedida de viajar ao meu país e passando pelas dificuldades de cuidar do meu filho, assim como estudar e, ainda, levar o sustento à minha família”, narra.
Mulher-mãe-migrante
Neste trabalho, ela coloca foco na solidão da mulher-mãe-migrante. Curadora da mostra de Yanaki Herrera, Renata Felinto avalia que a artista “transita entre mundos sendo uma mulher advinda de uma cultura originária do território de Abya Yala”. E que hoje vive e cria “no contexto urbano e aculturado que subtrai e nivela subjetividades e identidades”.
Entre essas circulações, complementa Renata, Yanaki desenvolve sua poética visual. “Fortalecida pelas epistemologias inerentes à sua origem. Assim, as materializa visualmente a partir de técnicas e tecnologias contemporâneas”.
Para criar uma narrativa que transita entre o individual e o coletivo como algo intrínseco, Yanaki Herrera vai disponibilizar 300 impressões dos lambes. A ideia é que, assim, o público os leve para casa, de forma gratuita. Nessas obras, a artista reflete sobre as subjetividades e, assim, das lutas de cada mulher mãe.
Sobre a artista
Yanaki Herrera é graduanda em Artes Visuais pela UFMG. Nascida em Cusco – Peru, atualmente vive em Belo Horizonte. Sua pesquisa artística é voltada à maternagem e as suas lutas. Através da pintura, cria narrativas que conversam entre a ancestralidade e o presente como um lugar de transformação.
Compõem a sua imagética elementos que nascem a partir das expressões corporais e culturais na América Latina. Em sua trajetória profissional, Yanaki já foi premiada no Memorial Minas Vale 2021 e participou de diversas exposições coletivas.
A exposição “Warmi Wasi: lutas coletivas e subjetivas” foi selecionada no edital de concorrência pública de artes visuais do BDMG Cultural, realizado entre novembro e dezembro de 2022, por uma comissão independente.
A mostra de Yanaki Herra é a segunda do Ciclo de Mostras 2023 que, até o fim do ano, vai receber exposições de Priscila Rezende e de Iago Gouvêa. A primeira exposição que ocupou a Galeria de Arte foi “Impregnação”, da artista Vânia Barbosa. Todas as exposições ganharão catálogo e, no final do ano, estarão disponíveis em plataforma virtual exclusiva.
Serviço
Mostra “Warmi Wasi: lutas coletivas e subjetivas”, de Yanaki Herrera
Período: 25 de maio a 9 de julho
Onde: Galeria de Arte BDMG Cultural (Rua Bernardo Guimarães, 1600 – Lourdes)
Horário: diariamente das 10h às 18h. Quintas-feiras: das 10h às 21h.
Na abertura, excepcionalmente, das 19h às 22h. Entrada gratuita