Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Web Summit Lisboa 2023: impressões gerais de um dos maiores eventos de tecnologia do mundo

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Realizado em Lisboa entre 13 e 16 de novembro, o Web Summit mostrou que Inteligência Artificial em diversos âmbitos é mesmo um tema de interesse comum no mundo.

Por Carol Braga 

O Web Summit é considerado um dos maiores eventos de tecnologia do mundo. Além de Lisboa, também realiza edições no Brasil (Rio), Qatar e no Canadá (Toronto). Somente nesta edição de 2023, em Lisboa, mais de 70 mil pessoas, de 153 países diferentes, passaram pelo Parque das Nações. O conteúdo, sejam palestras ou bate-papos, se divide em 16 palcos e sobre mais de 25 temas.

Web Summit Lisboa. Foto: Carol Braga
Web Summit Lisboa. Foto: Carol Braga

A experiência por lá é como entrar em um turbilhão de informações. Em geral, a programação é composta por conversas de 20/25 minutos, com mais de um especialista na mesa – às vezes até 3 – e uma pessoa mediando. Ou seja, é um evento turbinado em conversas e que passamos os dias percorrendo palcos em busca de insights. A ideia é deixar mesmo cada tema na superfície para que, depois, cada um possa procurar mais investigar. O Web Summit é um evento para inquietos.

Inteligência artificial em pauta

Pelo menos 100 painéis da programação trataram do tema da vez: inteligência artificial, em diversas áreas. A impressão que passa é que há certo cuidado ao tratar do assunto. Ou seja, mesmo os especialistas se colocam no lugar de usuários e ressaltam a necessidade de testar, experimentar. Detalhe: é preciso perder o medo, aprender pois inteligência artificial é um caminho sem volta.

Ninguém traz verdades ou promessas, o que é muito bom. Mas quase todos os profissionais da área que ouvi falar chamam a atenção para a necessidade de se quebrar objeções. É preciso mesmo experimentar e entender que estamos falando sobre ferramentas que estão transformando o mundo contemporâneo. 

No painel “Empowering the creators shaping the future of AI“, Alexandre de Vigan (nfinite) fez uma comparação elementar e muito acertada. A inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, está para nós hoje, assim como foi a invenção da calculadora, no século XVII. “É uma ferramenta”, frisou. Para Alexandre, em pouco tempo AI (Artificial Inteligence) vai ser uma commodity. “Em cinco ou seis anos tudo será suportado por AI”. Ou seja, aprenda a usar.

100% humano

Em geral, os títulos dos paineis sobre inteligência artificial, de alguma maneira, abordam inseguranças humanas. Muitos trataram sobre o futuro do trabalho e, pelo menos daqueles que tive oportunidade de participar, o discurso é o mesmo. Ao mesmo tempo em que a IA vai suprimir sim postos de trabalho, criará outros. Quem vai sobreviver no mercado é aquele profissional que sabe lidar com as transformações do mundo.

Na palestra AI and the future of work: What stays 100% human, a cientista de dados Cassie Kozyrkov abordou dois temas caros para o público presente. Um deles foi justamente a questão do futuro do trabalho. 

De acordo com a pesquisadora, as habilidades humanas necessárias para o futuro abrangem uma variedade de competências essenciais. Estas incluem tomada de decisões, design, criatividade, comunicação, resolução de problemas, engenharia, habilidades sociais e interpessoais, colaboração, confiança e adaptabilidade. Estas competências formam a base para enfrentar os desafios dinâmicos do mundo contemporâneo, proporcionando uma vantagem crucial na construção de um futuro bem-sucedido e inovador. 

Outro assunto da vez foi a questão da autoralidade no mundo da ingeligência artificial generativa. Para exemplificar, usou o caso de uma das obras de arte mais conhecidas do mundo: o mictório assinado por Marcel Duchamp, em 1917. Obviamente não foi o artista que fabricou com as próprias mãos o mictório. O que Duchamp fez foi assinar e, ao mudar o contexto, ressignificar a peça. Ou seja, ele pensou e outra pessoa (ou empresa) executou. Será que não estaríamos fazendo algo parecido ao usar o Chat GPT?

Web Summit Lisboa. Foto Carol Braga/Culturadoria
Web Summit Lisboa. Foto Carol Braga/Culturadoria

Marketing 2024

Realizado na arena central, o painel Marketing 2024 tinha como promessa trazer algumas previsões para a área no próximo ano. No entanto, o encontro entre Jacob Pace (Pace), Annabelle Baker (Lush) e Mary Carmen Gasco-Buisson (Pandora), mediado por Colin Daniels, editor da Adweek, foi mais sobre dificuldades encontradas em um ecossistema de mídia com tantas plataformas.

Eles concordam sobre o poder da comunidade e, sendo assim, se há uma tendência que permanece para o marketing em 2024 é buscar caminhos para estreitar as conexões com públicos e consumidores. “Estar em contato com o que os consumidores estão fazendo online é um primeiro caminho”, disse Mary Carmen.

Brasil

O Brasil também marcou presença nas rápidas conversas do Web Summit. A empresária e comunicadora Camila Coutinho foi uma das convidadas do painel “Um criador de cinco ferramentas: sendo agnóstico em relação à plataforma.” Ela dividiu a conversa com a ex-atleta Christine Peng Peng Lee, popular na criação de conteúdos para Tik Tok depois da aposentadoria. Em resumo, comentaram sobre os desafios de se criar conteúdo para diversas plataformas diferentes. 

Contudo, uma presença brasileira mais notável – embora não amplamente divulgada – foi o encontro com o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, e a secretária de Cultura de São Paulo, Marília Marton. Durante a apresentação, eles respaldaram com dados a ideia de que a economia criativa é um ativo crucial para o desenvolvimento global.

Em termos mais simples: em um mundo de constantes colaborações entre homens e máquinas, criatividade e pensamento crítico serão fundamentais. E, por aqui, temos dúvidas: a cultura desempenha um papel significativo no desenvolvimento dessas habilidades. 

Economia criativa

Essa convicção reforça a compreensão de que a economia criativa representa uma das promessas mais significativas para o desenvolvimento global. Ao integrar a inteligência artificial com as habilidades humanas, a capacidade de inovação e adaptação torna-se essencial. A economia criativa, ancorada na expressão cultural e na originalidade, não apenas impulsiona setores específicos, mas também estimula a diversidade de perspectivas e soluções.

Nesse contexto, a criatividade e o pensamento crítico fomentam não apenas a produção artística, mas também a resolução de problemas complexos, a criação de novos produtos e serviços, e a construção de narrativas inovadoras. A cultura, portanto, emerge como um catalisador para o desenvolvimento dessas habilidades, servindo como um terreno fértil para a geração de ideias e a promoção da colaboração entre diversas disciplinas.

Assim, a economia criativa não é apenas uma promessa econômica, mas também um caminho para um desenvolvimento mais holístico, sustentável e culturalmente enriquecedor, moldando um futuro onde a inovação e a diversidade são os pilares do progresso.

Rio

O Web Summit Rio está marcado para o período de 15 a 18 de abril de 2024. As entradas já estão à venda a partir de R$ 1.195,00 (preço em novembro).

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