Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Biografia desvenda o “elo perdido do violão brasileiro”

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Jorge Mello e Celso Faria dividem a autoria da biografia do mineiro José Augusto Freitas, um dos principais solistas de violão da Era do Rádio

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Será realizado nesta terça-feira, 8 de outubro, a partir das 18 horas, no Teatro da Assembleia, o lançamento de “José Augusto de Freitas – Elo Perdido do Violão brasileiro”, biografia assinada por Jorge Mello e Celso Faria. Nascido em Rio Pomba, Freitas (1909 – 1990) foi um dos principais solistas da Era do Rádio. Na ocasião, os autores da obra farão um recital/palestra, no qual aspectos da trajetória artística e diversas composições do biografado serão apresentados ao público.

Na foto, Celso Faria, um dos autores do livro, cuja capa aparece à direita (Foca Lisboa/Divulgação)

O trabalho joga luz à trajetória artística de um dos mais expressivos instrumentistas brasileiros, que atuou entre as décadas de 1920-40, principalmente no Rio de Janeiro. Celso Faria conta que, no período da pandemia, ativou seu canal do YouTube e, assim, começou a empreender um ciclo de entrevistas que chamou de “O Charme do Violão Mineiro”. “Desse modo, passei a conversar com vários agentes ligados ao instrumento no nosso estado. A finalidade era mostrar como o violão era visto pelo prisma dos entrevistados”, esclarece.

Processo

Em junho de 2021, relembra, Celso Faria procurou o compositor e professor, bem como mestre do violão, Jorge Mello, no Rio de Janeiro, justamente para conversar sobre José Augusto de Freitas, que, a despeito do talento, não é conhecido do grande público. “E ele aceitou de pronto. A entrevista foi ao ar no dia 6 de julho daquele ano e a repercussão foi muito grande. A partir daí, decidimos continuar pesquisando sobre o personagem. A ideia inicial era a realização de uma segunda entrevista. No entanto, mediante o acúmulo de material e, claro, o entusiasmo que tomou conta de nós, decidimos escrever uma biografia”.

“Concertista de violão”

O material encaminhado à imprensa lembra que, certa vez, perguntado por um jornalista qual era sua pretensão, Freitas entregou, de pronto: “Quero ser concertista de violão”. E foi. Freitas foi o principal discípulo de Quincas Laranjeiras (para muitos, o introdutor do violão clássico na cena carioca). Também teve contato, dentre outros, com Andrés Segovia, Heitor Villa-Lobos e Agustín Barrios – este último se hospedou em sua residência por meses. Habitué em diversas emissoras de rádio da então capital do Brasil, Freitas executava as próprias composições, bem como obras do repertório clássico do instrumento.

Durante algum tempo, além do violão, lecionou acordeom, instrumento que estava “na moda” – decorrente do sucesso alcançado por Luiz Gonzaga. Nos tempos atuais, José Augusto de Freitas é lembrado como o compositor de “Soluços”. A valsa teve a gravação de Dilermando Reis, no LP “Saudade de Ouro Preto” (1966).

“Elo perdido”

Apesar de curta, a carreira de Freitas foi intensa e sem precedentes no cenário brasileiro do violão à época, prossegue o texto referente ao livro. José Augusto de Freitas sucedeu a geração de Américo Jacomino (Canhoto), Levino da Conceição e João Teixeira Guimarães (João Pernambuco). E antecipou a de Dilermando Reis, Laurindo Almeida e Aníbal Augusto Sardinha (Garoto). Por isso, tido como “elo perdido” do violão brasileiro.

Reprodução de foto do violonista mineiro, falecido em 1990

Celso acrescenta que o trabalho de pesquisa para a presente biografia contou com viagens à terra natal do biografado (“a fim de coletar certidões de nascimento dele e de familiares”), análise de documentos e fotos, bem como leitura de matérias e anúncios veiculados em jornais da época. Tal qual, programas impressos dos concertos. Vale dizer que um ex-aluno de Freitas, Benedicto Rodrigues, chegou a escrever uma biografia de Freitas, mas não a publicou. Não bastasse, os dois fizeram entrevistas com familiares e amigos do violonista.

Sobre os autores

Jorge Mello é professor aposentado de Física da UFRRJ. É coautor de “Caminhos Cruzados, a vida e a música de Newton Mendonça” e “Choros de Garoto”. Como autor único, assina “Gente Humilde, vida e música de Garoto”; “A viagem musical de Nestor Campos” e “Do Zezinho do Banjo ao Zé Carioca”.

Celso Faria é concertista de violão (atua em recitais solo, em diversas formações camerísticas ou ainda como solista orquestral), professor e produtor cultural. Já recebeu prêmios em diversos concursos de interpretação musical, bem como participou de programas para rádio, TV e Internet. Frequentemente recebe convites para participar de festivais de música no Brasil e já gravou sete álbuns fonográficos.

Serviço

“José Augusto de Freitas – Elo Perdido do Violão brasileiro” (Independente, 238 páginas, R$ 70).

Quando. Nesta terça-feira, 8 de novembro, a partir das 18 horas.
Onde. Teatro da Assembleia (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho).

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