“A Natureza de Vander Lee Catarina” reúne diversas entrevistas e imagens de apresentações do saudoso cantor e compositor belo-horizontino
O arquivo público virtual do compositor mineiro Vander Lee, morto em 2016, acaba de ganhar uma edição do pesquisador Fred Le Blue. O tributo audiovisual “A Natureza de Vander Lee Catarina” é “uma homenagem que busca preencher o vazio causado pela ausência física desse gênio da comunicação musical”, informa Blue, em texto de divulgação. Para o pesquisador, Vander Lee sabia “unir os pontos dos retalhos da alma nua na primeira pessoa, sem heterônimos”.
“A Natureza de Vander Lee Catarina” reúne diversas entrevistas e apresentações do cantor e compositor belo-horizontino. Assim, entre elas, participações nos programas de Jô Soares e de Rolando Boldrin. Do mesmo modo, uma homenagem da Orquestra Ouro Preto, realizada na Serra da Piedade, em Caeté.
Inesquecível
Vander Lee morreu no dia 5 de agosto de 2016, aos 50 anos, em decorrência de um ataque cardíaco. Na ocasião, ele completaria duas décadas de carreira. Em bares e teatros de Belo Horizonte e de outras cidades mineiras, o cantor pavimentou seu caminho até se tornar conhecido em 1996, quando a música “Gente Não é Cor” rendeu-lhe o segundo lugar no festival Canta Minas, promovido pela TV Globo Minas. Em seguida, ele produziu o primeiro disco, ainda como Vanderly. A partir do segundo álbum, ele passou a usar o nome pelo qual se tornou conhecido.
Com nove discos lançados, Vander Lee cantava o amor, futebol e o cotidiano urbano. Entre as composições do mineiro, estão as baladas “Esperando aviões”, “Onde Deus Possa me Ouvir”, “Estrela”, “Iluminado”, “Contra o Tempo”, “Eu e Ela”. Não só. Também sambas, como “Galo e Cruzeiro”, “Sambado”, “Piti” e “Passional”.
Carreira
Nascido no bairro de Olhos d´Água, em Belo Horizonte, Vander Lee, antes de se tornar músico profissional, trabalhou como ambulante, gandula e soldado. “Ele foi tatuado com as marcas de uma vida de invisibilidade social, que ameaçava até mesmo o direito a uma vida segura”, diz Le Blue. Ele acrescenta que Lee conseguiu vencer até a timidez nos palcos. “Assim, desenvolveu um carisma singular por meio de uma horizontalidade despojada na relação entre palco e plateia”, diz Le Blue.
“A música vanderleeana, universal e atemporal, funciona, ainda hoje, como um bálsamo de cura dos traumas causados pelo preconceito de classe e raça da sociedade”, prossegue o artista no texto de divulgação do filme. Para Le Blue, a obra de Vander Lee reflete as adversidades da vida cotidiana e amorosa. Tal qual, aponta para uma perspectiva de esperança utópica com urbanidade e clarividência. Por isso, sustenta, segue iluminando os românticos ameaçados de extinção. “Sem preciosismos de apegos e aversões estéticas, por meio de uma obra sincrética e eclética, de um campo de força vibracional do pró-reencantamento do mundo”.
O pesquisador
Editor do acervo digital de Vander Lee, Fred Le Blue é professor e pesquisador universitário. Leciona Urbanismo Sustentável e Artístico na Universidade Federal de São João del-Rei (UFRSJ). Fez residência pós-doutoral em Artes Visuais pela UFMG (biênio 2021-2022) com o tema Direito à Cidade e à Diferença de Gênero no Verde Urbanizado. É idealizador do Movimento Artetetura e Humanismo e autor de livros, filmes, músicas e webséries de educação política, patrimonial e ambiental.
No Carnaval
Vander Lee será homenageado no Carnaval de BH pelo bloco Românticos São Loucos, criado pelo irmão do artista, Marcos Catarina. O bloco desfilará no domingo, 11 de fevereiro. A concentração será às 8h, na Rua Mármore, 165. O desfile será às 11h e a dispersão, às 14h, na praça Duque de Caxias.
Os foliões serão embalados pelos sucessos de Vander Lee e de músicas temáticas do repertório afro-brasileiro. Oito músicos de frente, três naipes de metais, percussões, bateria, baixo, guitarras elétricas tocarão sambas, marchinhas, reggaes, ijexás e uma variedade de ritmos afro-mineiros.
Serviço
“A Natureza de Vander Lee Catarina”
Assista ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=jXUsoPqxymQ
