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Letra em Cena discute a obra de Dalton Trevisan

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Nesta terça-feira, a nova edição do Letra em Cena. Como Ler… esquadrinha a obra do escritor paranaense Dalton Trevisan

O escritor paranaense Dalton Trevisan, conhecido como o vampiro de Curitiba, terá sua obra analisada pelo poeta, professor de literatura e editor Augusto Massi. Trata-se da nova edição do Letra em Cena. Como ler…, que acontece nesta terça-feira, dia 22, no Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Nela, Massi será entrevistado pelo curador e jornalista do programa literário José Eduardo Gonçalves. O ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, fará a leitura de textos de Trevisan.

Augusto Massi observa que Dalton Trevisan era notoriamente avesso às entrevistas. No entanto, o professor pontua que seria até redundante o autor, que é também advogado, concedê-las. “Dalton está de corpo inteiro nos seus contos. Por vezes, inteiramente nu”, observa o palestrante. Massi também observa uma característica da escrita de Trevisan: a locução direta. “Do ponto de vista formal, pratica uma linguagem seca, enxuta, cortante. É fiel às formas breves. Começou com a novela, passou ao conto, deste ao poema e, por fim, ao que intitulou de ministória”.

O poeta, professor e editor Augusto Massi, que fala sobre Trevisan (Arquivo Pessoal/MTC Divulgação)
O poeta, professor e editor Augusto Massi, que fala sobre Trevisan (Arquivo Pessoal/MTC Divulgação)

Ainda de acordo com Massi, Dalton Trevisan é um escritor afinado com as conquistas estéticas do modernismo. Não só. Também um autor sempre atento às misérias do cotidiano. “A forma breve do conto privilegia e aguça o detalhe sórdido, a franja da loucura, o dedo mindinho do ciúme, as miudezas neuróticas. Dalton vampirizou Freud e Kafka”, atesta.

Trajetória do “vampiro”

O autor começou a escrever na década de 1940. “Além de publicar novelas e contos, em edições artesanais e pequenas tiragens, militava de forma iconoclasta e vanguardista nas páginas da revista Joaquim. Nas trincheiras da revista, o jovem escritor trava uma guerra pessoal contra a mentalidade da província”, observa Massi.

“A Guerra Conjugal”, de 1969, foi adaptada para o cinema em 1975 pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade. Em 1996, Trevisan foi vencedor do Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, recebido pelo conjunto de sua obra. Ganhou o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, juntamente com Bernardo Carvalho, em 2003, por Pico na Veia. O Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa, foi recebido por Trevisan em 2012. O autor tem seus livros traduzidos para idiomas do mundo todo.

Humor e ironia

Uma marcante característica de Trevisan é a forma como investiga “histórias banais, rixas conjugais de João e Maria, taras amorosas da província, inferno familiar e doméstico. Assim, o autor compõe uma galeria de personagens de classe média baixa (advogados, normalistas, garçons etc.)”, explica Massi. O paranaense evolui sua escrita com um mergulho nas diversas camadas sociais e chega ao submundo. Nas suas últimas obras, na virada do século XX para o XXI, investiga o mundo dos bêbados, drogados, ladrões, estupradores. “Sempre com o bote armado do humor e o alfinete ferino da ironia”, diz o palestrante.

Massi recomenda dois livros de Trevisan para quem quer iniciar a leitura da obra do paranaense. “’Guerra Conjugal’, de 1968, que ele considera um dos pontos altos da primeira fase do autor, e ‘Dinorá, Novos Mistérios’, de 1994, que entende como um ponto de virada da maturidade. Neste, aliás, há um texto que Massi considera “inteligentíssimo, sacana, agudo”: ‘Um Conto de Borges’”.

Serviço

Letra em Cena. Como ler Dalton Trevisan, com Augusto Massi

Quando. Terça, 22 de agosto, 19h
Onde. Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
Classificação: livre
Inscrições: gratuita no site da Sympla

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