
Foto: Vitrine Filmes / Divulgação
“Sempre ouvimos muitas histórias de corrupção, mas o que acontece com as pessoas que estão em volta?”. Essa foi uma das perguntas que a cineasta Sandra Kogut usou como norte para desenvolver o filme Três Verões. O longa acabou de chegar ao streaming, após ter a distribuição comercial interrompida com a chegada da pandemia.
Além de ter estreado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 2019, Três Verões já venceu prêmios no Festival Antalya Golden Orange Film, Festival de Havana e no Festival do Rio. A diretora participou do Show da Tarde, que vai ao ar todas as quartas-feiras, às 17h30, no Instagram do Culturadoria. Ela contou sobre o processo de realização do filme e dos desafios em lançar em plataformas digitais.
A narrativa
O filme se passa em três verões diferentes, de 2015 a 2017. Mostra um casal rico que sempre recebe amigos nas festas de fim de ano. No entanto, eles estão envolvidos na Operação Lava-Jato. “Quando a vida deles desmorona, o que acontece com as pessoas invisíveis, com os figurantes?”, questiona Sandra Kogut. Dessa forma, o filme apresenta o avesso da cena, no qual as prisões e investigações da operação são pano de fundo para a história de Madá (Regina Casé), chefe dos empregados de uma mansão em condomínio.
A escolha por essa narrativa está atrelada à características muito específicas definidas por Kogut. “Resolvi fazer esse filme em três episódios porque isso facilita mostrar o que muda e o que não muda”, explica. Sendo assim, há três motivos específicos pela escola.
O primeiro é porque o verão, de acordo com ela, é uma época em que tudo é intenso: o calor, as cores e os sons, por exemplo. Em segundo lugar, a escolha pela semana entre o Natal e o Réveillon também foi pela intensidade de acontecimentos e encontros. Por último, a locação é em condomínio de luxo. A ideia foi mostrar lugares que essas pessoas, os trabalhadores protagonistas do filme, não moram, mas vão periodicamente.
“Então, é um meio termo. A Madá está no meio do caminho, entre ser funcionária e querer montar o próprio negócio para ser chefe”, destaca a diretora.

Foto: Vitrine Filmes / Divulgação
Streaming
Depois da trajetória internacional e nacional em festivais de cinema, a equipe do filme planejou lançar Três Verões comercialmente nas salas de cinema. “Ia ser um lançamento grande, trabalhamos muito para isso porque vínhamos no embalo de lançar no exterior. De uma hora para outra tudo parou”, recorda Sandra Kogut. Dessa forma, as pessoas começaram a cobrar links, outras formas de assistir e, enfim, chegou a decisão de lançar no streaming.
A carreira de Sandra Kogut no cinema, além de Três Verões, uma ficção, também passa por videoartes e documentários. O primeiro longa ficional da cineasta é Mutum, baseado em Guimarães Rosa, foi apresentado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes em 2007.
Três Verões está disponível no Telecine Play e em outras plataformas de aluguel.
Confira na íntegra a participação de Sandra Kogute e do escritor Jacques Fux no Show da Tarde.