Um treinamento cênico para artistas da música com a ideia de incorporar dramaturgia em suas apresentações. Este é um dos objetivos do projeto Rampa, idealizado pelo artista mineiro Marcelo Veronez. Quem já foi a um show dele, consegue ter ideia do que isso significa. Além do amadurecimento como cantor, chama atenção a presença no palco, o jogo com a plateia, a escolha do repertório. Está tudo conectado. Por, naturalmente, fazer assim, o cantor percebeu que a música andava mais distante do teatro do que deveria. Sendo assim, decidiu tomar providências.
Começou a assinar a direção cênica de artistas parceiros. Mas a demanda cresceu. Então, Veronez organizou a ideia e convidou as também cantoras Claudia Manzo e Luísa Bahia para, juntos, oferecerem um treinamento completo. Assim nasceu o projeto do Rampa, aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Nos últimos três meses, cerca de 16 músicos se dedicaram a descobrir outras possibilidades no palco. O resultado dos 32 encontros será apresentado nos dias 4 e 5 de agosto na Gruta.
Artistas
Adrianna, Ana Mourão, Bruno Banjo, Chaya Vazquez, Danuza Menezes, Fernanda Branco Polse, Fernando Chagas, Gustavo Djalva, Juliano Canedo, Letícia Leal, Luísa Barros, Marcos Sandália & Meia, Sidarta Riani, Rafael Goulart, Titi Rivotril e Zé Mauro formaram a primeira turma do Rampa. Eles se encontravam três vezes por semana. Durante três horas aprenderam sobre dramaturgia, técnica vocal, conceituação de figurino e preceitos básicos de luz e som. Ou seja, tudo o que realmente faz diferença em um espetáculo artístico. “Conseguimos que artistas da música contassem a sua história acrescentando nelas a dramaturgia”, conta Marcelo Veronez. Ainda de acordo com o idealizador, a heterogeneidade abriu margem para a criação de novos trabalhos e parcerias.
Marcos Sandália & Meia está há mais de 10 anos na estrada. Segundo ele, tudo o que criou no palco foi de forma intuitiva. “Me chamou a atenção o caráter extensivo que o projeto tem. As iniciativas, geralmente, são de dois dias, mais uma introdução”, comenta Marcos. No Rampa, os participantes desenvolveram uma rotina de criação. “Outra vantagem foi a possibilidade de incorporar o que era aprendido (no trabalho) e ainda entrar em contato com outros participantes. A experiência foi incrível, consegui solidificar as coisas que eram intuitivas em mim e transformar em técnica”, conta.
Transformação
Para a violeira Letícia Leal, o período também foi de transformação. “No início eu fiquei bem tímida, na minha. Cada encontro foi muito marcante pois aos poucos as coisas que eu aprendi foram entrando no meu dia a dia”, comenta. A artista, que também não tem formação em teatro, logo percebeu que a dramaturgia era importante. “O canto, a interpretação, tá tudo diferente. Algumas pessoas até me perguntam se eu fiz algo, pois realmente notam diferença significativa”. Assim, hoje, Letícia Leal não consegue sequer subir ao palco sem colocar em prática as técnicas que aprendeu nos últimos meses. “Eu sempre confiro o figurino, preparo a voz”.
Segundo ela, o Rampa também foi importante para a vida pessoal. De acordo com Letícia, agora, se sente mais conectada ao mundo e às pessoas. “Eu ando percebendo que quando eu converso com alguém, realmente estou prestando atenção, sinto que estou dentro do mundo”, explica. “Os exercícios aumentaram a relação de atenção que tenho com meu corpo no palco, atenção ao corpo e espaço do outro. Eu sinto que estou mais conectada ao público.
[O QUE] Treinamento Rampa – Mostra final [QUANDO] 4 e 5 de agosto, 20h [ONDE] Gruta – R. Pitangui, 3313, Horto – BH [QUANTO] Gratuito