No dia 7 de dezembro, Toninho Horta sobe ao palco para, em meio a convidados, tocar o disco “Terra dos Pássaros” na íntegra
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Lançado em 1979, pela EMI Odeon, após um processo que consumiu três anos, o disco “Terra dos Pássaros”, de Toninho Horta, não tardou a ganhar o mundo. “Foi ali, com esse trabalho, que a minha música chegou a outros países. Comecei com as Américas, depois, Japão e Europa. E, hoje, a gente ainda está aí, rodando o mundo inteiro”, festeja o compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista brasileiro que, aos 75 anos (completa 76 no próximo dia 2 de dezembro), já soma 60 anos de carreira. Para comemorar como manda o figurino, Toninho Horta sobe ao palco do Grande Teatro Sesc Palladium no próximo sábado, 7 de dezembro, para um espetáculo que certamente vai ficar na memória dos fãs.
E por motivos vários. A começar, pela execução integral do emblemático álbum, na primeira parte do show. Não bastasse, o evento vai contar com a presença de convidados muito especiais, como Wagner Tiso, Joyce Moreno, Robertinho Silva, Nivaldo Ornelas e Lena Horta, bem como Lisandro Massa (teclados e piano). Mas tem mais uma surpresa na cartola: na ocasião, será lançada a The Birdland Band, formada por Tattá Spalla (violão de Aço, 12 cordas, guitarra e voz), Beto Lopes (baixo, guitarra e voz) e Cyrano Almeida (bateria, percussão e voz). Vamos combinar, são muitos os chamarizes, certo? Assim, para detalhar mais cada um deles, a reportagem do Culturadoria foi conversar com sua majestade, Toninho Horta.
O disco
Para os fãs de Toninho Horta, pode soar até como desperdício de espaço lembrar, em uma matéria jornalística, ao que o título do disco “Terra dos Pássaros” alude. Mas, sim, vamos lá: ao acompanhar o amigo Milton Nascimento em Los Angeles, para a gravação do LP “Milton”, de 1976, Horta, por sugestão de Beto Guedes, comprou uma guitarra Gibson Byrdland. Na verdade, Beto Guedes não precisou de muita saliva para convencer o colega: afinal, o grande ídolo dele, Wes Montgomery, tocava uma.
E já que falamos em Milton Nascimento, vale dizer que foi esse gigante que apadrinhou o disco “Terra dos Pássaros”. “Na verdade, tinha que ser mesmo um disco especial, era o meu primeiro trabalho, colocando as músicas que considerava mais bacanas, com a oportunidade que o Milton Nascimento nos deu, ao ceder o estúdio, engenheiro de som (Jeremy de Moraes). (Tal qual) a parceria com Ronaldo Bastos, que me ajudou a construir esse disco”. Vale lembrar que, em 2008, o disco foi relançado pela Dubas, gravadora/editora de Bastos, com produção dele e de Leonel Pereda. A remasterização coube a Luiz Tornaghi. Assim, hoje, o repertório está disponível nas plataformas digitais.
Repercussão
“Terra dos Pássaros” começou a ser gravado no estúdio Shangri-la, em Malibu, Califórnia. Bem, como o processo durou de 1976 a 1979, outros quatro estúdios foram usados no processo. Como é sabido, o álbum contou com um time de feras: Airto Moreira, Wagner Tiso, Novelli, Raul de Souza, Nivaldo Ornelas, Mauro Senise, Robertinho Silva, Rubinho, Laudir de Oliveira, Lena Horta, Ringo Thielmann, os componentes do grupo Boca Livre e uruguaio George Fattoruso, entre outros.
“Assim, ele saiu em 1979 depois de um processo de três anos, com muitas dificuldades de produção. Mas entendo que atingiu um nível artístico muito grande, com a participação de Fattoruso, do Airto. Então, assim que foi lançado, todo mundo de fato ficava bem encantado com a beleza do repertório e dos arranjos. Ali, eu realmente já sabia que seria um disco de sucesso para a vida inteira”, diz Toninho.
Aliás, um dos retornos mais bacanas que ele cita do álbum veio do próprio baterista, percussionista e compositor Airto Moreira. “Ele me escreveu: ‘Ô, Toninho, ‘O Céu de Brasília’ (Fernando Brant e Toninho Horta) não é uma música. É arte, é a pura arte’. Ele disse que tocar (na gravação) foi uma das coisas mais gratificantes da sua vida. Isso me marcou demais. Foi como se consolidasse mesmo a qualidade do trabalho que, hoje, é referenciado por músicos e gente do mundo inteiro”, orgulha-se.
Dinâmica do show
Sobre o repertório do show, o mineiro conta que o disco “Terra dos Pássaros” estará presente com o repertório integral. “Vamos fazer a mesma ordem do disco, como nos LPs, Lado A e Lado B. Ou seja, vai ser seguido à risca, o que dá uns 45 minutos. Desde ‘O Céu de Brasília’ até ‘Um Carnaval’, letra de Caetano e música de Jota, um compositor muito bacana, de Niterói”. Já na segunda parte do espetáculo, Toninho Horta promete um repertório “mais aberto”. “Mas que tem a ver até com o antes do Clube da Esquina, com a minha amizade com o Tiso, nosso maestro do Clube da Esquina, e com a Joyce, que vão participar do show, para comemorar os 45 anos do disco e meus 60 anos de carreira”.
Sobre Joyce Moreno, ele diz ser uma das pessoas mais queridas no seu círculo. “Em 1968, ela gravou a música ‘Litoral’, de minha autoria, no Rio de Janeiro. A gente sempre teve uma afinidade e, a cada oportunidade que pode, está junto”. Toninho Horta também salienta outros expoentes que participaram do LP “Terra dos Pássaros” e que estarão no show. “Caso da Lena Horta (irmã caçula de Toninho), na flauta; do Nivaldo Ornelas, no sax; o Robertinho Silva, na bateria e percussão…”. Ele também destaca que o show de BH vai contar com o pianista, compositor e arranjador Lisandro Massa, “um argentino que tem muito conhecimento da música de Minas”.
The Birdland Band
O show do dia 7 de dezembro marca a apresentação oficial da Birdland Band, formada por Tattá Spalla (violão de Aço, 12 Cordas, guitarra e voz), Beto Lopes (baixo, guitarra e voz) e Cyrano Almeida (bateria, percussão e voz). “Juntei meus amigos de convivência, de vida e de música. Na verdade, volta e meia a gente está se encontrando, participando de um e outro projeto. São pessoas muito especiais, músicos excelentes, que tocam vários instrumentos. E que são produtores também, bem como compositores. A gente resolveu se encontrar para tocar, sem saber o que ia acontecer. Daí, recebemos um telefonema de um jornalista (Fábio Corrêa, do Estado de Minas) querendo fazer uma matéria sobre os 45 anos do disco, e, ali, a gente resolveu dar o nome (àquela formação) de Birdland, em homenagem ao disco. Foi daí que veio a vontade de fazer um show juntando todo esse repertório”.
Desdobramentos
Perguntado sobre uma eventual turnê com o show, Toninho assente. “Veja, uma produção dessas, que vai acontecer agora, no Sesc Palladium, juntando tantas estrelas da música, bem como muita gente de Minas que tem tanto a ver com o repertório… Jovens que cresceram ouvindo a nossa música, que são filhotes do Clube da Esquina… Enfim, acho que é um algo muito grandioso para ficar restrito a um show só. Então, a ideia é que, ano que vem, a gente possa partir para uma turnê. Talvez fazer o circuito Sesc bem como ir a outros lugares, Nordeste e Sul. Aliás, muita gente já está sabendo (do show) e querendo saber onde vamos tocar em 2025. Mas vai ser surpresa. Posso adiantar que vamos armar uma turnê bem bacana para poder percorrer o Brasil de uma forma maravilhosa”.
Em tempo: sim, basta olhar o Instagram de Toninho Horta para ver os tantos pedidos de fãs para que o artista se apresente com este espetáculo em vários pontos do país.
Serviço
Toninho Horta & Convidados — 45 Anos do Álbum “Terra dos Pássaros”
Quando. Sábado, 7 de dezembro de 2024, às 20h
Onde. Grande Teatro Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
Quanto.
Ingressos:
Plateia 1 – R$200,00 inteira – R$100,00 meia
Setor 2 – R$160,00 inteira – R$80,00 meia
Plateia 3 – R$100,00 inteira – R$50,00 meia
Link:https://bileto.sympla.com.br/event/100057?share_id=1-copiarlink
Informações: 31 32708100