
“Você não sabe o quanto eu caminhei. Pra chegar até aqui. Percorri milhas e milhas antes de dormir. Eu não cochilei. Os mais belos montes escalei […]”. A letra da música ‘A Estrada’, de Toni Garrido, resume bem como é a vida de um artista. “As coisas não são fáceis. Nada vem mastigado”, resume. Justamente para falar sobre a carreira artística e desmistificar a “aura” que cerca a profissão é que o cantor desembarca em BH.
Após passar por Congonhas e Ouro Preto, o compromisso do cantor na capital mineira é no Campus Aberto do UniBH, nesta sexta-feira, dia 25. Em formato diferente, o evento receberá o vocalista da banda Cidade Negra para um talk-show, no campus Buritis. A curadoria é do especialista em MPB Júlio Diniz. Dessa forma, Toni explica que a ideia é conversar com o público. Dar dicas para quem busca se profissionalizar na área. Acompanhado do violão, ele ainda promete cantar algumas de suas músicas.
“A vida de um artista não é fácil como qualquer outra. Dessa maneira, devemos acreditar na gente e ter projeção do que desejamos. Por fim, é trabalho e muito trabalho. Ainda temos que parar para analisar, pesquisar e planejar o que queremos desenvolver e desejar da vida. Ser grato as pessoas e trabalhar em coletividade também são caminhos”, revela.
O cantor defende que sozinhos não somos ninguém. “Tive a graça divina de entender que nada na minha vida foi sozinho. Sempre tive pessoas dispostas a segurar uma peteca que não era delas. Assim, desde que a minha vida começou, as deficiências eram supridas por outros. Sou grato às pessoas”.

Toni Garrido à frente do Cidade Negra – Foto: Divulgação
Trajetória
Toni teve a oportunidade de estudar e de se tornar quem é com a ajuda dos “Garridos”. A família criou o cantor, uma vez que sua mãe biológica, empregada da família, não tinha condições de lhe dar uma vida melhor. A aptidão pela arte apareceu ainda na infância, em Realengo, na periferia do Rio de Janeiro. Por exemplo, aos três anos de idade Toni já cantava. Aos 13, se matriculou em um curso de teatro. Uniu as artes cênicas com a música e daí em diante trilhou a carreira.
“Nunca estudei música. É um dom de família. Minhas irmãs cantam samba e meu pai, que nunca conheci, era ligado ao candomblé. Quando adolescente comecei a tocar violão e cantar durante encontros de jovens na igreja católica em que frequentava. Fiz teatro, as coisas se juntaram e caminharam”, conta.
O cantor se considera um cara que transita em vários gêneros musicais. Deve isso às influências que teve na vida. De uma família carregou o samba, da outra, a bossa nova e a black music. “Gosto de coisas opostas. Na hora de cantar, de acordo com a música, vejo o que deixa minha voz a vontade”. Iniciou no mundo da música como vocalista da extinta Banda Bel. Em 1994, foi convidado para ser vocalista da Banda Cidade Negra emplacando grandes sucessos como ‘Aonde Você Mora’, ‘Pensamento’, ‘Firmamento’ e ‘Girassol’.
Além de ser fisioterapeuta por formação, Toni também se dedica ao cinema, sua segunda paixão. Atuou e cantou a trilha sonora no filme ‘Orfeu’, de Cacá Diegues. Na televisão, participou de novelas e foi apresentador. Seu último trabalho na TV foi em ‘Totalmente Demais’, da Rede Globo e na frente do Cidade Negra foi ‘Hei, Afro!, em 2012. Mas, Toni revela novos projeto na sua carreira.
Novos trabalhos
“Vem coisa nova no Cidade Negra até o primeiro semestre do ano que vem. Já em carreira solo, estou com um trabalho pronto, só escolhendo a plataforma a ser divulgada. Ainda estou com outro de eletrônico e black music com o DJ Danny Dee, chamado Ritual. Por fim, um projeto de bossa nova denominado de Noites de Orfeu, que tem uma pegada de música sinfônica”.