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Toda palavra dá samba: Maria Valéria Rezende lança novo livro

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Convidada do Festival Artes Vertentes, escritora Maria Valéria Rezende apresentou novo trabalho em primeira mão e conversou com o público na cidade de Tiradentes

Por Gabriel Pinheiro | Colunista de Literatura

Aos 80 anos, a escritora Maria Valéria Rezende esteve em Tiradentes para o Festival Artes Vertentes. Durante o evento, a autora participou de algumas atividades que incluíram um bate-papo com o público, uma leitura durante um concerto e uma oficina de haicais. Estreando na ficção em 2001, após uma importante trajetória ligada à educação e aos movimentos sociais, Maria Valéria Rezende é uma das grandes autoras de nossa literatura hoje, uma literatura que só se mostra mais vigorosa no completar de mais uma década de vida. Finalista do Prêmio Oceanos, a escritora coleciona alguns prêmios Jabuti, o Prémio Casa de las Américas e o Prêmio São Paulo de Literatura.

Maria Valeria Rezende (Foto Marlon de Paula)
Maria Valeria Rezende (Foto Marlon de Paula)

Artes Vertentes

No Festival, Maria Valéria Rezende lançou o recém-impresso “Toda palavra dá samba”, lançado pela editora Dromedário, uma coletânea de contos múltipla e livre. O volume é fruto de um projeto muito especial, o Clube do Conto de João Pessoa. Composto hoje por aproximadamente 24 integrantes, o Clube do Conto de João Pessoa propõe tanto exercício da escrita quanto o da leitura de contos. Valéria comentou que hoje estes participantes têm “entre 15 e 80 e tantos anos”. Segundo a autora, os encontros variam entre semanais e quinzenais, durando já 20 anos. “Hoje nós temos que afirmar novas maneiras de se relacionar. Cultivar um tipo de cooperação, colaboração e amizade e a literatura também serve para isso.”

Clube do Conto

No Clube do Conto, um tema é escolhido em um encontro e, no próximo, cada participante deve retornar com um texto escrito a partir deste tema. Praga, Ônibus, Epitáfio, Ilusão. Estas são algumas das palavras-chaves que já passaram pelos encontros e que integram as narrativas selecionadas por Maria Valéria Rezende para este novo livro, que reúne um recorte especial de sua produção para o projeto literário. “O método do clube do conto não é para a gente sobreviver, mas para a gente se desenvolver. É um estímulo e uma alegria para uma sobrevivência afetiva. O clube é o espaço da experimentação”.

Os textos curtos de “Toda palavra dá samba” – alguns chegam a ter apenas um parágrafo, outros variam entre uma e três páginas, em média – são marcantes pela concisão e pelo gesto de olhar além do lugar comum proposto por sua autora. Num conto escrito a partir da palavra-chave “Fantasma”, não é o medo do sobrenatural, por exemplo, que é abordado pela escritora, mas o drama de um personagem e a síndrome do membro fantasma. Noutro, o tema “Barata” é o ponto de partida para que Valéria Rezende inverta a lógica kafkiana e desenvolva uma curta e genial narrativa sobre uma barata que se vê transformada em um ser estranho e asqueroso.

Toda palvra da samba (Dromedário)
Toda palvra da samba (Dromedário)

“Toda palavra dá samba” é uma leitura ágil e prazerosa, difícil de largar. É no cotidiano, na linguagem popular, naquelas conversas do nosso dia-a-dia que Maria Valéria Rezende parece buscar a matéria para a sua escrita. Mesmo quando reflexivos, estes textos se destacam pelo bom humor e pela sagacidade – duas características inerentes àquela que os escreveu. 

Gabriel Pinheiro é jornalista e produtor cultural. Escreve sobre literatura aqui no Culturadoria e também em seu Instagram: @tgpgabriel (https://www.instagram.com/tgpgabriel)

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