Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

O que ver na 27ª Mostra de Tiradentes

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Neste ano, a Mostra de Cinema de Tiradentes programa 145 filmes (43 longas, 3 médias e 99 curtas), em nada menos que 61 sessões

Nesta sexta-feira, dia 19 de janeiro, será dada a partida da 27a Mostra de Cinema de Tiradentes, que marca o início do calendário audiovisual no país. Neste caso, claro, como plataforma de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo. Assim, durante nove dias, o público que acorrer à cidade histórica mineira vai ter que se desdobrar – afinal, são 145 filmes, sendo 43 longas, três médias e, tal qual, 99 curtas-metragens. Ao todo, serão 61 sessões de cinema. Completam a programação debates, Encontros com os Filmes, bate-papos após sessões e rodas de conversa. Desse modo, criando uma ampliação da experiência cinematográfica que vai da exibição à interação posterior nos espaços do evento (Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro) e da cidade.

Conforme a produção, os títulos vêm de 20 estados: AL (4), BA (3), CE (7), DF (4), ES (2), GO (5), MA (1), MG (45), MT (1), PA (3), PB (1), PE (10), PR (4), RJ (22), RN (3), RR (1), RS (3), SC(2), SE (1) e SP (32). Como de praxe, a programação traz atividades de formação, como debates, oficinas, sessões comentadas e rodas de conversa. Tal qual, a Mostra de Tiradentes conta com lançamento de livros, performances musicais, exposições, atrações artísticas e, igualmente, programação infantil.

Luiza Lemmertz em cena de "O Diabo na Rua no Meio do Redemunho", que estará na Mostra de Tiradentes (Frame)
Luiza Lemmertz em cena de "O Diabo na Rua no Meio do Redemunho", que estará na Mostra de Tiradentes (Frame)

Abertura

Sendo assim, a abertura da Mostra de Tiradentes será na noite de 19 de janeiro, a partir das 20h30, com homenagem ao cineasta André Novais Oliveira e à atriz Bárbara Colen. Um momento será reservado à apresentação da temática que norteia a edição “As Formas do Tempo. Do mesmo modo, haverá a exibição, em pré-estreia mundial, dos filmes “Quando Aqui”, de André Novais, e “Roubar um Plano”, do mesmo realizador, em parceria com Lincoln Péricles.

Destaques

Evidentemente, diante de um universo de tantos títulos arrolados, tentar apontar um ou outro como destaque seria uma tarefa hercúlea, com sério risco de incorrer em injustiças. Mesmo porque, para estar na mostra, os filmes passaram previamente por um rigoroso crivo: o dos curadores. Assim, já há um, digamos assim, controle de qualidade, que, no caso, é extremamente responsável. Não bastasse, há muitos títulos inéditos. Mesmo assim, o Culturadoria resolveu arriscar e apontar alguns longas que, na opinião da nossa equipe, valem ser conferidos. Confira!

“Quando Aqui”

Dirigido por André Novais Oliveira (“Temporada”, “O Dia Que Te Conheci”), “Quando Aqui” é mais uma produção da Filmes de Plástico. O média-metragem é um dos títulos inéditos da Mostra: assim, terá estreia mundial em Tiradentes. Na narrativa, o protagonista é Norberto Novais Oliveira, pai de André. O elenco também traz o rapper Matéria Prima, assim como o próprio André. O filme se inicia em 2024, com Norberto (72 anos) se despedindo da casa onde mora, no Bairro Amazonas. Assim, ela vai se esvaziando de móveis e de vida. Seguem-se situações que vão revelando o passado, presente e futuro daquele lugar.

A ideia é que o público imagine como o local era séculos antes – ou como será no futuro. Desse modo, o filme da Mostra de Tiradentes faz com que a casa – ou o pedaço de terra – tenha protagonismo. Em um momento, recria-se um diálogo entre dois indígenas na época pré-colonial. Tal qual, em outro, o espectador é instado a pensar como seria o convívio ali, décadas para frente. Isso se mescla a fotos e trechos de filmes. Isso porque o local aparece em produções como “Ela volta na Quinta”, “Quintal” e “Rua Ataléia”, todos de André Novais. Livremente inspirado no livro “Aqui”, de Richard McGuire. Nesta sexta, dia 19, às 20h, no Cine-Tenda, junto a “Roubar um Plano”.

“Roubar um Plano”

“Roubar um Plano” é outro filme de André Novais Oliveira, desta vez, em parceria com Lincoln Péricles, o LKT. Como o filme é inédito, tomamos emprestado, aqui, o texto de apresentação da mostra. “Um dia, Renato e Adriano resolvem não trabalhar. Eles andam pelas ruas do Capão, enquanto uma equipe de cinema rouba alguns planos”. No elenco, Renato Novaes e Adriano Araújo, Francineide Bandeira e Jonnas Rosa. Classificação indicativa: 10 anos.

Lincoln, vale dizer, nasceu – e mora – no Capão Redondo, São Paulo. Filho de migrantes do interior de Minas Gerais e do Paraná, é diretor, roteirista, montador e educador popular. Já contabiliza mais de 15 anos trabalhando com filmes independentes. Nesta sexta, dia 19, às 20h, no Cine-Tenda, junto a “Quando Aqui”.

Mais um dia, Zona Norte”

Filme de Allan Ribeiro, Trabalhadores da periferia do Rio de Janeiro, na rotina do dia a dia, tem momentos de transformação. Um instante de sonho, fantasia e fuga da realidade em contraponto a mesmice cotidiana. Como lembrou matéria da Agência Brasil, o filme foi o grande vencedor do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Desse modo, arrebatou sete prêmios. A saber: melhor longa-metragem do júri oficial, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, trilha sonora, menção honrosa, melhor longa do júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e Prêmio Like. Exibição no sábado, 27 de janeiro, às 19h, no Cine Copasa na Praça.

“O Diabo na Rua no meio do Redemunho”

O filme de Bia Lessa é imperdível para os mineiros, por se tratar de uma releitura do romance “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Na verdade, a diretora deu início à empreitada pelo teatro, em uma montagem que passou pela capital mineira. No elenco, Caio Blat, como Riobaldo, e Luiza Lemmertz, como Diadorim. O elenco também traz Leonardo Miggiorin e Luisa Arraes. O filme teve a première no Festival do Rio 2023 (a sessão foi super concorrida), em caráter hours concours, e também integrou a programação da 47ª Mostra de Cinema de São Paulo. Exibição no domingo, dia 21, às 22h, no Cine-Tenda.

Abaixo, foto de Luiza Lemmertz.

“Mussum, o Filmis”

“Mussum, O Filmis”, de Silvio Guindane, começou a carreira com o pé direito, ao participar do Festival de Cinema de Gramado, em agosto do ano passado. Lá, recebeu o Kikito de Melhor Filme, além de faturar outras cinco categorias do festival. A estreia nacional aconteceu em dezembro. Com Ailton Graça na pele do saudoso Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, o filme também traz, no elenco, os atores Neusa Borges, Cacau Protásio e Yuri Marçal.

Acima, frame do filme (Globo Filmes). A sessão na Mostra de Cinema de Tiradentes acontece no domingo, dia 21, às 21h, no Cine Copasa na Praça.

“Bizarros Peixes das Fossas Abissais”

Animação de Marão – que, aqui, estreia no formato longa-metragem. O diretor, vale lembrar, é um nome conceituado e premiado no ramo das animações. Formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, já realizou, anteriormente, 14 curtas. Não bastasse, participou de mais de 300 animações para publicidade, internet, TV e cinema. Do currículo dele consta a passagem por 667 festivais, bem como 127 prêmios. Antes de Tiradentes, “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” recebeu o prêmio de Melhor Longa pelo Júri Popular do MONSTRA Festival, em Lisboa. Tal qual, integrou a programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e do Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana (Cuba).

No longa, os atores Natália Lage, Rodrigo Santoro e Guilherme Briggs se incubem das vozes dos personagens principais, que dão início a uma jornada rumo às profundezas do oceano. São eles: uma mulher com superpoderes excêntricos, uma tartaruga com transtorno obsessivo-compulsivo e, tal qual, uma nuvem com incontinência pluviométrica. Exibição no domingo, dia 21, às 15h, no Cine-Tenda.

“Leme do Destino”

Bem, o fato de ser um filme de Julio Bressane (“Matou a Família e Foi ao Cinema”( já é um forte chamariz. Estrelado por Josie Antello, Simone Spoladore e Debora Olivieri, “Leme do Destino” foi selecionado para o Festival de Cinema do Rio no ano passado. Em cena, duas amigas de longa data vivem uma história de amor. Ambas são escritoras, porém, mulheres que escrevem para si, como uma maneira de viver, e não para publicar. Vale dizer que é a primeira vez que Simone Spoladore trabalha com Bressane, atualmente com 77 anos. Exibição no sábado, dia 27, às 18h, no Cine-Tenda.

Abaixo, foto de cena (Belair Filmes/Divulgação)

“Estranho Caminho”

Na produção dirigida por Guto Parente, um jovem cineasta que visita a cidade natal é surpreendido pelo rápido avanço da pandemia. Desse modo, precisa encontrar seu pai, com quem não fala há mais de dez anos. Depois do primeiro encontro, coisas estranhas começam a acontecer. Sessão no sábado, dia 20, às 18h, no Cine-Tenda.

O filme tem feito uma bela trajetória pelo circuito dos festivais, como pode ser conferido no site da produtora.

A Festa de Leo”

Filme de Gustavo Melo e Luciana Bezerra e produzido pelo coletivo popular Nós do Morro. O drama foi quase todo rodado no Vidigal, no Rio de Janeiro. Ao todo, a narrativa trabalha com 47 personagens, sendo que a maioria foi interpretada por atores e atrizes que tiveram a história de vida ligada ao Nós do Morro. Assim, nomes como Mary Sheyla, Fátima Domingues, Thiago Martins, Neusa Borges, Babu Santana, Roberta Rodrigues e Jonathan Azevedo. Sessão na sexta, dia 26, às 21h, no Cine Copasa na Praça.

Confira a sinopse: Léo (Nego Ney) está para completar 12 anos de vida. No dia da festa, porém, a mãe do garoto, Rita (Cintia Rosa), descobre que o pai do menino, Dudu (Jonathan Haagensen), pegou o dinheiro reservado ao evento. Na verdade, Dudu é dependente químico. Aturdida, Rita tentar arrumar dinheiro para tentar salvar a vida do pai do filho. Conforme o material do filme, a resposta está na rede de amigas e familiares dela. Desse modo, mãe e filho dão início a uma jornada de amadurecimento emocional, a partir da percepção de que a vida deles não será mais a mesma.

“Tudo o que Você Podia Ser”

Outro destaque na programação da Mostra de Tiradentes. Confira a sinopse oficial: É o último dia de Aisha em Belo Horizonte. Assim, o espectador acompanha a despedida dela na companhia das melhores amigas: Bramma, Igui e Will. Por meio do cotidiano e dos encontros entre as personagens, o filme tece um retrato afetuoso sobre a família que se escolhe constituir através do valor da amizade”. No elenco, Aisha Brunno, Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares.

O filme, vale pontuar, venceu o Prêmio de Melhor Direção da Competição Novos Rumos e o Prêmio Félix Especial do Júri, que destaca obras LGBTQIA+, na 25ª edição do Festival de Cinema do Rio. Tal qual, o Prêmio de Melhor Elenco em Longa-Metragem no 21º Festival Cinemato em Cuiabá. Da mesma forma, o Prêmio do Público de Melhor Filme no 31º Festival Mix Brasil. Também já foi mostrado no Festival Queer Porto, em Portugal; na 10ª Mostra de Cinema de Gostoso; na 13ª Mostra de Petrópolis e no Hollywood Brazilian Film Festival em Los Angeles.

Ricardo Alves Jr. tornou-se conhecido por filmes como “Elon Não Acredita na Morte” (2016), “Vaga Carne” (2019) e “Quem Tem Medo?” (2022). A exibição – gratuita – de “Tudo o Que Você Podia Ser” acontece no dia 20 de janeiro, às 20h, no Cine Tenda, dentro da Mostra Competitiva Autorias.

 “Foram os sussurros que me mataram”

O filme de Arthur Tuoto será exibido na Mostra Olhos Livres. Trata-se de uma fábula política contemporânea protagonizada por Mel Lisboa no papel de Ingrid Savoy, celebridade prestes a entrar num reality show. Para tal, ela passa alguns dias confinada em um quarto de hotel. Entre visões premonitórias, um ataque de paparazzi e atentados anarquistas, Ingrid vive a constante iminência de um escândalo. No elenco, Mel Lisboa, Otavio Linhares, Carla Rodrigues, Pedro Gaeta, Patrick Sampaio, Isabela Lago.

O diretor e crítico paranaense Arthur Tuoto, 37 anos, vale lembrar, já esteve em Tiradentes: em 2014, participou da Mostra Aurora com “Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças”. Exibição na segunda, dia 22, às 18h, no Cine-Tenda.

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