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Teatro

Produtoras de teatro infantil traçam estratégias para fomento do setor

Daniel Augusto / Divulgação

Belo Horizonte é a capital do país que mais vai ao teatro. Foi o que revelou a pesquisa Cultura nas Capitais, da JLeiva Cultura & Esporte, em julho deste ano. Entretanto, o mercado de teatro infantil na capital mineira ainda é tímido se comparado ao adulto e enfrenta dificuldades.

São poucos espetáculos do gênero em cartaz. Para se ter ideia, neste ano no CCBB BH passaram 25 peças de teatro adulto e apenas duas infantis. No Centro Cultural Minas Tênis Clube, foram 50 adultas e 33 infantis. Nos últimos cinco anos, no Cine Theatro Brasil, foram 685 espetáculos adultos contra 191 infantis. Sendo assim, pais reclamam da escassez de espetáculos.

Ana Paula Pedrosa tem duas filhas, uma de três anos e outra de dez. Costuma levá-las sempre ao teatro. A jornalista aponta que tem acesso a menos espetáculos infantis do que gostaria. “Tem poucas peças para as crianças em BH, e quando tem, são as mesmas. É preciso diversificar, melhorar o acesso e divulgação. Imagino como é difícil fazer teatro em BH. Uma ideia para melhorar o cenário seria os diretores apostar em parcerias ou fidelidade com grupo de mães em redes sociais e inserção das peças em eventos com maior divulgação, como por exemplo, o FIT”, diz.

Resistência

Diante desse cenário, as produtoras de teatro infantil em Belo Horizonte tentam resistir. Elas alegam que produzir teatro na cidade não é fácil. As maiores dificuldades estão em atrair público e conseguir espaços para apresentações. Dessa forma, é preciso traçar estratégias para fomentar o setor e ter um diferencial.

 

‘Jojô e Palito’, do Grupo Faos – Foto: Felipe Rhodes e Luiz Malast / Divulgação

 

Textos educacionais

Há 40 anos Joselma Luchini trabalha com teatro infantil em BH. É considerada uma das mais respeitadas diretoras da cidade no segmento para crianças. Foi Joselma quem criou a premiada dupla  “Jojô e Palito”, personagens interpretados por ela e Olaviano Marçal, do Grupo Faos. Toda vida viu que as barreiras para o teatro infantil em BH sempre são as mesmas. “A maior delas é: como levar o público ao teatro, como levar as crianças, incentivar a escolas e mostrar que o teatro tem mensagem”, afirma.

Uma alternativa que encontrou foi construir seu próprio espaço. “Um lugar que a gente tem para ensaiar, apresentar e assim diminuo despesas. Teatro é caro”, conta. Para o cenário mudar, Joselma acredita que é preciso mais divulgação, acesso e parcerias com órgãos públicos.

Como diferencial, a diretora ainda trabalha em suas peças o teatro educativo. “Dentro da diversão procuro educar e passar uma mensagem. Tenho compromisso com as crianças e com o teatro. Queremos deixar um legado para a cidade que o teatro pode transformar, ajudar e é importante para a criança”, diz. Mesma quando monta histórias tradicionais a diretora procura passar uma mensagem. Em “Dona Baratinha”, por exemplo, trabalha com a importância de estudar e trabalhar, para depois achar um companheiro de verdade.

 

‘O Menino Maluqinho’, da Cyntilante Produções – Foto: Guto Muniz / Divulgação

 

Diversidade de repertório

Fernando Bustamante, diretor da Cyntilante Produções, enxerga que o cenário está em crise. Da mesma forma que Joselma, vê uma falta de espaços para se apresentar. “BH possui pouca casa, umas são muito grandes e as menores estão sucateadas. Conseguir um teatro bacana e com estrutura é difícil. Falta incentivo de políticas publicas para manutenção desses locais. As leis estão muito burocráticas”, aponta.

Foi em 2001 que Fernando começou a trabalhar com produção independente de teatro infantil. Quatro anos mais tarde fundou a Cyntilante Produções. Hoje, 19 anos depois, possui em repertório mais de 20 espetáculos, que vão de textos clássicos a autorais, como por exemplo, “Lampiãozinho e Maria Bonitinha”. Assim, aposta na diversificação do repertório e na mudança constante.

“De cinco em cinco anos é preciso reinventar. Se enquadrar nas mudanças e pensar em formas de como atrair o público. Dessa maneira, trabalhamos com a participação do público no processo de montagens e repensamos a estética dos espetáculos. Trabalhamos também com projetos em escolas, festas de aniversário, preços populares, adequação à espaços, por fim, ainda temos uma maior opção de peças e que se apresentam pontualmente”, explica.

 

‘Rei Leão’, da Copas Produções – Foto: Daniel Augusto / Divulgação

 

Produções grandiosas

Trabalhar com escolas também é uma alternativa que tem dado certo para Diego Benicá. Ele é diretor da Copas Produções. Desde 2010 a companhia de teatro de Belo Horizonte chama atenção para montagens grandiosas. ‘Alice no País das Maravilhas’, ‘A Bela e a Fera’, ‘O Rei Leão’, ‘Pluft, o Fantasminha’ e outros clássicos do cinema e da literatura são algumas das produções. Em síntese, são montagens que procuram elevar seus padrões de qualidade, agradar também aos pais e formar públicos.

Dessa forma, a Copas decidiu criar os espetáculos e apresentar primeiro para as escolas, depois para o público em geral. “Trabalhando com isso há alguns anos vejo a diferença que essa ação faz na vida das crianças. Antes a garotada saia do teatro e falava que parecia com o cinema. Eles diziam isso porque não eram habituados ao teatro. Hoje, o cenário é outro. Acredito na força do teatro para que elas entendam o que é um bom local”.

Produções com cores fortes, diferentes e trabalhadas também são apostas da Copas para se destacar no mercado. “Tudo tem que ser muito bem pensado. É preciso persistir. Gosto de apresentar espetáculos de formas diferentes. Inovar. Seguimos pelo caminho em fazer produções inspiradas em grandes clássicos, com a escolha popular e trabalhar com o público das escolas. Mesmo assim, conta nem sempre fecha. A gente faz um ajuste aqui, outro acolá e dá certo. O amor pelo teatro não deixa a gente desistir”, afirma Diego Benicá, diretor da Copas.

 

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