Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Neste segundo domingo de maio, confira cinco livros que falam sobre a figura da mãe

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Entre lançamentos e obras que já estão no mercado há mais tempo, listamos publicações que versam sobre as dores e as delícias de ser mãe

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Capa do livro "As Conversas Que eu Nunca Tive Com a Minha Mãe - Histórias Reais"
Capa do livro "As Conversas Que eu Nunca Tive Com a Minha Mãe - Histórias Reais"

No Dia das Mães, o Culturadoria aponta cinco livros – sendo dois deles, lançamentos – que abordam, de forma fictícia ou não, este intricado papel, para o qual nenhuma mulher traz consigo uma bula. Nesta data dedicada à figura da mãe, confira, a seguir, as dicas.

“As Conversas Que eu Nunca Tive Com a Minha Mãe”

(Editora Vestígio, 224 páginas, R$ 64,90, o livro físico, e R$ 45,90, e-book). Organizado por Michele Filgate, a coletânea reúne um conjunto de 15 ensaios de escritores – entre eles, o da organizadora, que discorrem sobre as próprias mães. São, portanto, histórias reais, como aponta o título.

Os textos exploram como o diálogo (ou a falta dele) com a mãe pode nos afetar. Na abertura do livro, uma citação de Virginia Woolf resume o espírito que permeia a iniciativa: “Porque é uma baita pena jamais dizer o que se sente”.

São relatos bem fortes, como o de Alexander Chee, em “Xanadu”, no qual ele conta que o acidente que, anos depois, acabou levando seu pai, fez com que, imbuído da missão de ser o braço direito da mãe, acabasse ocultando um abuso que sofria por parte do diretor do coral que frequentava.

Outro que impacta é a não estabelecida relação maternal , o que a faz ter medo “Não me arrependi nem por um segundo de nosso afastamento. Na verdade, continuo esperando que ela se arrependa e me surpreendo por isso não acontecer. O que me impede de enfrentar a maternidade com entusiasmo não é o dinheiro, a ambição, a hipocondria ou o individualismo. É o medo de ter aprendido menos na infância do que deveria, de ser mais parecida com ela (mãe) do que gostaria”.

“A Espera Por Você”

(Rocquinho, 48 páginas, R$ 69,90). Este título também é lançamento. Escrito por Marcela Levy e ilustrado por Linnea Rading Levy, que são cunhadas e recorreram à reprodução assistida para se tornarem mães. Assim, as duas pensaram a obra primeiramente como uma carta de amor às famílias que vivenciaram a experiência de gerar filhos com a ajuda da ciência.

Aqui, o narrador é Gabriel, que há três anos saiu da barriga de sua mãe. Só que a gestação, digamos assim, demorou mais que os nove meses tradicionais. E exigiu determinação e coragem. Um caminho tão longo que a mãe dele chegou a pensar em desistir. Por sorte, ela contou com uma determinada rede de apoio que não a deixou sucumbir. Ah, sim. Marcela tem um perfil bem interessante no Instagram.

“Coisas de Mãe Para Filha”

(Editora Outono) Agora, entramos na seara dos livros que já foram lançados há mais tempo. Primeiramente, este é, como as cinco organizadoras assinalam, fruto de uma rede em que mulheres-mães mostram a suas sucessoras-filhas “as marcas que estas produziram em sua vida e as convidam a nela entrar, entregando a caneta, os fósforos e a lenha”.

Gente como a mãe Marina Silva, que pontua que suas filhas imprimiram nela marcas tão fortes que, por vezes, a faz pensar que foi ela a receber legados. “Sou herdeira do que me fizeram, em diferentes momentos”. Já Monja Coen revela ter chorado ao saber que o bebê que esperava na barriga era do sexo feminino. “Não que eu quisesse ser mãe de homem. Mas porque mulher sofre muito. Há discriminação. Há abuso, dependência, sofrimento”.

Belíssimo, o texto da psicanalista Regina Amaral. “Às vezes, eu a olho (referindo-se à filha) de longe e me surpreendo. Em meio a um sorriso conhecido, meio meu, meio seu, surgem expressões e gestos de outras mulheres. Muitas outras mulheres. De tempos diferentes. E você reedita, em algum detalhe, todas elas. Meu ventre se amplia. A menina, a mulher e a mãe se desdobram. E você, filha, se torna herdeira de todas elas. Avós, tias, babás, bisas, irmãs, tias-avós, amigas, primas”.

“A Vida na Porta da Geladeira”

(Martins Fontes, 230 páginas)2007 Alice Kuipers. Descrito como “um livro sobre arranjar tempo para quem se ama quando o próprio tempo está esgotando. Sem dar spoiler, é um livro com uma pegada um pouco triste, já que o romance de estreia da britânica fala de uma mãe que recebe o diagnóstico de um câncer de mama.

A autora encontrou um jeito singular de desenvolver a narrativa, por meio de supostos bilhetes deixados por mãe e filha na porta da geladeira. Na quarta capa, há um pequeno texto da escritora Joanne Harris que condensa bem a empreitada: “Narrado sensivelmente por meio de recados escritos às pressas, deixados pelas duas na porta da geladeira, o livro mostra como o dia a dia atribulado em que vivemos às vezes nos rouba o tempo que tempos para as pessoas que amamos”.

“Retrato da Mãe Quando Jovem”

(Tordesilhas, 2012). O livro de Friedrich Christian Delius também não está nas prateleiras de lançamentos. Conta a história de uma alemã, interiorana, que está em Roma, naquele janeiro de 1943. Assim, um momento de carestia, no qual os romanos assavam as chamadas “tortas de guerra” (portanto, feitas sem farinha e sem manteiga).

Grávida, Ilse caminha pela capital italiana, observando não só seus pontos icônicos, mas também as mazelas advindas do conflito, E, claro, ansiosa quanto ao futuro do filho, numa narrativa que o tradutor e escritor Luis S. Krauz compreende também como uma metáfora da trajetória da alma pelos perigos deste mundo. “A luta pela manutenção da integridade e dos princípios em tempos de adversidade é também a luta pela preservação do humanismo em tempos de crescente bestialização”, assinala.

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