Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Clipe “Tudo no menu”, de Matheus Brant, traz pessoas LGBTQIA+ na frente e atrás das câmeras

Direção, elenco, produção e roteirista são compostos por pessoas lésbicas, trans, não binárias, trazendo diversidade e representatividade

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A relação amorosa entre duas pessoas trans é uma das premissas por trás da realização do clipe Tudo no menu, de Matheus Brant. O músico convidou dois parceiros para a composição de um bolero: Lucas Fainblat e Vinicius Ribeiro. Dessa forma, optaram por construir personagens fora do padrão heteronormativo e fazer um contraste com a tônica da canção de amor. “Eu sempre gostei de compor músicas com a construção de personagens mais diversos. Por exemplo, no disco Assume que gosta, tem uma que se chama Pagode, cujo lírico é um motoboy, morador da periferia. No disco Cola comigo, tem a Não erra, que é sobre uma mulher cantora de pagode”, explica Matheus Brant.

Assim, os compositores convidados entenderam a constante do artista e o resultado foi uma música com versos abertos, “como é a música Gente aberta, do Erasmo Carlos”, compara. A canção logo entrou no disco Cola comigo, o segundo da trilogia de Matheus Brant dedicada a gêneros populares. 

Desde o início da pesquisa da música para o audiovisual, Matheus Brant estava cercado de profissionais predominantemente LGBTQIA+. “Eles me alertaram para a importância de encenar a música pela via do afeto e não da dor, da patologia, do exotismo, lugar comum da produção cultural estigmatizada quando trata desse universo. Essa foi, então, a tônica que a gente perseguiu: elaborar cenas em que sobressaísse o amor e a naturalização das corpas trans”, explica o compositor. 

Videoclipe de Matheus Brant, Tudo no Menu. Foto: Ceres Canedo/Divulgação
Videoclipe de Matheus Brant, Tudo no Menu. Foto: Ceres Canedo/Divulgação

Equipe de produção

Além do casal como protagonista, Tudo no menu tem direção da cineasta lésbica Juliana Antures. Ela também assina o roteiro ao lado de Sarug Dagir, mulher trans, e o elenco conta com pessoas não binárias. Dessa forma, o trabalho ocorreu de maneira colaborativa. Ou seja, agregando, ouvindo, repensando e achando todas as soluções em equipe. “O clipe é formado por uma equipe em grande parte LGBT+, mas não totalmente. Tem pessoas LGBTs, LGBTs trans, pessoas hétero. É muito importante dar emprego e fazer o dinheiro circular para essas pessoas, porque é isso que, de fato, muda com consistência a questão da representatividade, de mercado, porque boleto chega pra todos. Além disso, sobretudo no campo artístico, o trabalho é a partir de currículo, portfólio e indicação”, explica a diretora Juliana Arantes.

Inicialmente a locação seria a periferia de Belo Horizonte. Entretanto, fois transferida para a Gruta, um dos principais espaços de valorização e fomento da cultura LGBTQIA+ da capital mineira. Além disso, a ideia foi a de fomentar e contribuir para o local que está fechado devido a pandemia. 

Importância da representatividade

Para além da valorização dos espaços e da arte no contexto pandêmico, a realização de um clipe, de uma equipe de produção e de uma música com temática que foge do tradicional reflete o quão urgente é necessário falar sobre representatividade. “Eu acho incrível quando eu vejo uma propaganda de ovo de Páscoa que tem duas mulheres se beijando. Eu acho incrível ver um filme do qual eu posso me reconhecer na tela. Então, esse reconhecimento é importante em todos os âmbitos da sociedade. Quanto mais melhor, quanto mais a gente existe, mais a gente resiste e mais a gente consegue avançar. A arte é o instrumento de diálogo que eu considero um dos mais importantes do mundo”, completa a diretora. 

O clipe e música Tudo no menu está disponível no YouTube do artista e nas principais plataformas de streaming.

tudo no menu
Foto: Ceres Canedo / Divulgação

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