Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

‘Sobre ratos e homens’: um clássico que não perde validade

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Cena de ‘Sobre ratos e homens’ em cartaz no CCBB. Crédito: Luciano Alves

Prepare-se para os dez minutos finais de Sobre Ratos e Homens. O espetáculo em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil pode ser considerado um clássico. Foi escrito por John Steinbeck em 1937. Para aquela época, tratou de um tema contemporâneo: o impacto que a crise de 1929 deixava na vida das pessoas.

Lá se vão 80 anos. A história de Sobre Ratos e Homens continua sendo contemporânea porque, muito além de crise, fala sobre a carência humana em diversas dimensões. E já que é um clássico, é um texto que não deixa pontas soltas ao tocar questões como racismo, preconceito, a relação com as mulheres. Tudo o que aparece na dramaturgia faz sentido na história. Inclusive as metáforas sobre amizade.

A montagem em cartaz até 17 de julho foi a vencedora do APCA em 2016 de melhor espetáculo. Tem outros prêmios no currículo. Todos merecidos. É dirigido por Kiko Marques e tem elenco grande: são oito atores. Aqui está um dos pontos altos, em especial a dupla protagonista interpretada por Ricardo Monastero e Ando Camargo.

Enredo

Em linhas gerais, Sobre Ratos e Homens conta a história dos amigos George (Ricardo Monastero) e Lennie (Ando Camargo) que perambulam entre as fazendas no interior dos Estados Unidos em busca de trabalho. Carregam cevada para juntar dinheiro e comprar um pedaço de terra.

Se George é mais esperto e diplomático, Lennie é ingênuo e muito forte. Eles vivem para cuidar um do outro. No fim da peça você vai perceber que esse cuidar tem um sentido metafórico e até controverso. Aí está parte da potência dessa história.

Cenário de Marcio Vinicius é bastante impactante. Quando entramos no CCBB-BH, mesmo apagado, já é algo que chama atenção. A iluminação de Guilherme Bonfanti dá sentido ao inanimado e potencializa o clima de cada cena. A trilha sonora de Martin Eikmeier quase passa despercebida, mas funciona bem ao pontuar as tensões necessárias.

O espetáculo é dividido em três atos. O diretor não se apressa para contar a história daqueles amigos. Ainda bem, já que cada coadjuvante que aparece traz também uma camada de reflexão social. As mais óbvias – e importantes – dizem respeito ao negro e à mulher.

Curiosamente, os dois personagens são excluídos e vivem a procura de atenção. A demanda deles, no entanto, é recebida com preconceito e interpretada de outras maneiras. Temas que fizeram pensar em 1937 e que parecem não ter evoluído muito.

EM TEMPO

Ratos e Homens, o texto original de foi adaptado pelo menos 15 vezes para cinema e televisão. Ainda na década de 1930, o diretor Lewis Milestone fez a primeira versão para a telona estrelada por Burgess Meredith, Betty Field, Lon Chaney Jr., Bob Steele. No Brasil, em 1953, Lima Duarte protagonizou o teleteatro produzido pela TV Tupi com direção de Cassiano Gabus Mendes. A primeira tradução para o português foi feita por Erico Veríssimo em 1940.

Ou seja, não estamos falando de nada novo, mas algo que não envelhece.

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