“Mama Nostra”, de Sílvia Contaldo, será lançado neste sábado, dia 26 de outubro, a partir das 11h, na Livraria Quixote
Patrícia Cassese | Editora Assistente (*)
Em 2022, a professora de Filosofia e escritora Sílvia Contaldo lançou o livro “Mama Mia”, reunindo crônicas que, nas palavras dela, exalavam “percepções e sentimentos sobre dores e apreensões” provocadas a partir do diagnóstico de um câncer de mama. Passados dois anos, Sílvia volta a realizar uma sessão de autógrafos neste sábado, 26 de outubro, a partir das 11h, na Livraria Quixote. Desta vez, para marcar o lançamento de “Mama Nostra” (FiqueFirme Editora), livro que, mais uma vez, compila crônicas – 14, ao todo. Destas, sete resultam de conversas com outras mulheres que também passaram – ou estão passando – pela doença. As outras sete reverberam sentimentos e experiências da própria autora.
De acordo com o material repassado à imprensa, as mulheres diagnosticadas com um câncer de mama que participaram do processo receberam, de início, quatro provocações: “o que senti quando recebi o diagnóstico”, “um momento difícil vivido”, “como percebo a doença” e, finalmente, “o que mudou na minha vida”. Na obra, porém, os relatos foram reconfigurados em prosa fictícia. “Mama Nostra” é prefaciado pelo professor Dr. Audemaro Taranto Goulart e ilustrado pelo artista plástico Rubem Filho.
O início
Sílvia Contaldo enfrentou o câncer de mama e passou por duas mastectomias, em 2008 e, depois, em 2021. Daí veio o livro “Mama Mia”, de 2022, com suas 17 minicrônicas. “Desde o lançamento, tenho conversado com outras mulheres, ouvido suas histórias. Assim, resolvi ‘juntar as nossas mamas’. E, neste sentido, de certa forma tentar fortalecer a Campanha do Outubro Rosa”, diz ela, ao Culturadoria. Sílvia refere-se ao movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure.
Inadiável compromisso
Ao mesmo tempo, ela lembra que, claro, o câncer de mama não conhece calendário. Portanto, ainda que a efeméride seja necessária, Sílvia diz que o livro entra em cena para reafirmar “o inadiável compromisso que nós, mulheres, temos com a saúde do corpo e da alma, em todos os sentidos”. Desse modo, “Mama Nostra” quer chamar a atenção para a importância da prevenção do câncer de mama. Mas, mais do que isso, enseja falar abertamente sobre a doença. Ou seja, sobre os medos, sobre a vida, a cura e até sobre a morte.
“O que eu quero trazer com a minha escrita é a reflexão: as mulheres que tratam o câncer de mama não devem ser vistas como coitadas. Mesmo porque, todo ser vivo pode ser acometido por alguma doença. E, no caso de câncer de mama, com a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, há cura”. Tal qual, ela frisa que a palavra também é terapêutica. “Desse modo, falar sobre a doença e refletir sobre o tema da finitude pode ampliar e aprofundar a nossa visão de mundo, deixando de absolutizar o que é relativo. Por exemplo: perder cabelos, ficar careca, por conta da quimioterapia, não é o fim…. Fim é deixar de fazer os exames preventivos. Os cabelos crescem novamente…”, explica Sílvia Contaldo.
Rodas de conversa
Ainda de acordo com o material alusivo ao livro, a obra começou a nascer em uma roda de conversa, quando Sílvia solicitou às participantes que falassem sobre o câncer de mama a partir das já citadas provocações. Mas não só. A autora também contou com depoimentos de amigas que tiveram câncer de mama. “Assim, ‘Mama Nostra’ tem a mesma estrutura do ‘Mama Mia’: crônicas, no estilo creative non-fiction, porém, agora, com base também nas histórias que ouvi”.
À medida que recebia os textos, Sílvia foi escrevendo as histórias. “Não literalmente (ao pé-da-letra), embora conservando a verdade, inclusive os seus nomes próprios. Por isso, ‘Mama Nostra’ é mais do que um braço do ‘Mama Mia’. Talvez a outra mama ou as outras mamas. Porque há sempre alguma história para ser contada, e a escrita é um modo de entender o mundo, para além do que nos é dado imediatamente, como se fosse o fim da linha”, explana.
O título
Sobre os títulos das publicações, “Mama Mia” e “Mama Nostra”, Sílvia Contaldo conta que a sua ascendência italiana a inspirou. “Mama Mia é a expressão que eu usava para referir à minha prótese externa, numa brincadeira linguística. Aliás, conto isso na crônica de mesmo nome. Eu sou filha de italiano, assim, da expressão exclamativa e sonora ‘Mamma mia’ inventei o ‘Mama Mia’. Já ‘Mama Nostra’ chega para falar das nossas mamas”. Ou seja, não só da história dela, mas também, da de outras mulheres.
A autora
Sílvia Contaldo é professora de Filosofia desde 1977. Em 2011, publicou “Cor Inquietum”, uma análise das Confissões de Santo Agostinho, resultado de seu Doutorado em Filosofia Medieval. Em 2022 publicou o já citado “Mama Mia”, livro que aborda dores e apreensões provocadas pela doença “cujo pseudônimo é câncer e sua representação pictórica é o caranguejo”. Ela diz que continua pesquisando e escrevendo textos e capítulos de livros sobre a filosofia tardo-antiga, especialmente sobre Santo Agostinho, com quem re-aprende todo dia: ”Meu coração, onde eu sou o que sou.”
(*) com material enviado pela assessoria de imprensa
Serviço
Lançamento do livro “Mama Nostra”, de Sílvia Contaldo
Quando. Sábado, 26 de outubro, às 11h
Onde. Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi)
Quanto. O evento tem acesso gratuito. Valor do livro: R$ 45.
Ilustração: Rubem Filho
Prefácio: professor Dr. Audemaro Taranto Goulart
Publicação: Editora Fique Firme, de Belo Horizonte.