Itinerância sempre foi marca registrada da CASACOR. Mas em 2019 esta característica ganha digamos que um upgrade. O local escolhido para esta edição trouxe algo a mais para o projeto. Em resumo: a 25ª CASACOR tem história, tem rastro e, sobretudo, tem curiosidades.
A mostra ocupa o Palácio das Mangabeiras até o dia 13 de outubro. Até o final de 2018 era lá que os governadores viviam com suas famílias. É por isso que defendo a ideia de que o espaço tem histórias a serem contadas que vão além das intervenções de arquitetura e decoração. Aliás, como sempre, nesse quesito a CASACOR surpreende.
Ao todo, são 60 ambientes criados por 94 profissionais. Ali você encontrará – mesmo – todas as tendências em arquitetura e decoração.
Para nortear sua experiência, selecionamos curiosidades desta edição e dicas para você prestar atenção. Salientamos que são destaques pessoais, que chamaram nossa atenção e que gostaríamos de compartilhar.
Longa caminhada
Este ano, como os ambientes se espalham por todo o terreno do Palácio, tem-se a impressão de que o evento está maior. Se está mesmo, não importa. O que é vale você saber é que o Palácio em si fica no topo do morro e é bem pequeno. São apenas três quartos. O jardim, por sua vez, tem 400 metros. Se você quiser explorar tudo, vai precisar caminhar. Então, use um calçado confortável. Não precisa correr para chegar logo à casa. A Casacor alcançou um interessante equilíbrio. Ou seja, não quer dizer que os espaços montados dentro do Palácio estejam mais interessantes. Está tudo legal. Até o que não é necessariamente da CASACOR como a Serra do Curral. Gente, que vista maravilhosa! Não vá embora sem contemplar. Se o ipê continuar florido, a paisagem estará ainda mais bonita.
Hóspede ilustre e histórico
O Palácio das Mangabeiras começou a ser construído em 1951 e foi oficialmente inaugurado em 1955. Mas um pouco antes, a casa erguida no alto do morro, de frente para a Serra do Curral, teve um hóspede ilustre. Era o dia 12 de agosto de 1954 e o então presidente, Getúlio Vargas, tinha um compromisso em Minas, precisamente uma inauguração. Quem conhece e gosta de história deve saber que o mês de agosto de 1954 é tenso na linha do tempo do Brasil. Pois, doze dias depois de ter informalmente inaugurado o Palácio, Getúlio saiu da vida para entrar para história. Neste texto, o repórter Daniel Camargos conta mais curiosidades sobre a casa.
Mais casa que Palácio
Apesar do nome pomposo, quem visita a ex-residência oficial tem mais a sensação de estar em uma casa de campo do que em um Palácio. Esse, aliás, era um dos propósitos da obra. Mesmo tendo sido inaugurado em 1955, foi apenas com o Israel Pinheiro, governador de Minas entre 1966 e 1971, que virou residência oficial. Antes, os políticos moravam no Palácio da Liberdade e tinham o Mangabeiras como uma casa de campo. Depois de Pinheiro, outros 14 governadores viveram no Palácio, entre eles, Itamar Franco, Eduardo Azeredo, Aécio Neves e Antônio Anastasia. Assim que foi eleito, Romeu Zema anunciou que abriria mão da residência oficial.
Dupla Dinâmica
A parceria com a dupla formada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx virou uma marca registrada de Juscelino Kubitschek. Se entre 1951 e 1955 ele era o Governador de Minas e foi neste período que foram encomendadas e executadas obras como o Palácio das Mangabeiras, tudo indica que o projeto da casa também leve a assinatura do arquiteto. No entanto, esta informação não é certa. O que é seguro é autoria de Burle Marx nos jardins. Inclusive, a CASACOR tem feito um importante trabalho de restauro. Esse é o desafio de Nãna Guimarães. Ela trabalha na reconstituição de uma área aproximada de 400 metros. E para fazer tudo igualzinho como era na época – sim, tem moda até nas plantas – ela correu atrás de espécies nativas. São elas, guaimbé, Camará, Bela Emília, Taporeaba Roxa, Giesta e Agave.
Arte e arquitetura
Talvez de maneira ainda mais intensa do que a edição passada, a arte marca presença nos ambientes da CASACOR. São muitos quadros e esculturas de nomes como Amilcar de Castro, Inimá de Paula e muitos outros que dialogam com a época modernista. Tem, ainda, nomes mais contemporâneos como o de Fernando Luchesi, cuja obra ocupa o Salão Nobre do Palácio, no projeto de Gustavo Penna. Tão na moda na cidade, os painéis externos também marcam presença. No caso, foi assinado por Thiago Mazza, autor do painel com o Galo e a Raposa do projeto Cura. Ele criou um muro inspirado nas folhagens que remetem a Burle Marx para o projeto do Café do arquiteto Rodrigo Aguiar.
Fique de olho nos detalhes
Como os ambientes são muito grandiosos e dão aquela sensação de você estar entrando na página de uma revista, a tendência é se impressionar com o todo e deixar os detalhes passarem batido. Policie-se para não fazer isso. O ouro está no detalhe. E ele pode ser o pé de um vasinho, o modelo de uma luminária e até a forma como a sonorização interfere em todo o espaço. Isso fica claro, por exemplo, na grande intervenção assinada por João Diniz e Bel Diniz. Eles montaram uma verdadeira instalação artística no jardim. Mas, no caso, deles, não fique só olhando de longe, embora a visão seja maravilhosa. Entre e exercite a escuta. Vai te fazer bem!