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Agenda Cultural

Últimos dias para conferir a exposição “Sanagê Pele e Osso”

Sanagê Cardoso, cuja exposição encerra a visitação no próximo dia 10 (@artistasanage/Caneca Esmaltada/Divulgação)

Em cartaz na Funarte MG até 10 de dezembro de 2024, a mostra resulta de quatro anos de pesquisas do artista Sanegê Cardoso

A mostra “Sanagê Pele e Osso”, do artista plástico Sanagê Cardoso, termina na próxima terça-feira, 10 de dezembro. Resultado de mais de quatro anos de pesquisas de materiais e de texturas, a exposição já passou por Brasília, Blumenau, Rio de Janeiro, Niterói, Recife, Salvador e Porto Alegre. Em BH, pode ser vista na Funarte MG. A entrada é gratuita sem necessidade de retirada de ingressos.

Inicialmente, a linguagem é direta. Telas e o objeto escultórico se referem a alguns dos países
africanos de onde saíram – e por onde passaram – homens, mulheres e crianças capturados e
vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas no Brasil. Os mapas são regiões de
circunscrições de uma experiência, uma projeção subjetiva de um sujeito que reconhece seu lugar –
ou não o reconhece como tal. E, assim, pensa a questão geográfica como condição imaginária em direção
a uma projeção fantasiosa.

Diáspora

Para a confecção dos trabalhos, o artista carioca pesquisou, inicialmente, a espuma expandida – material muito utilizado na construção civil para assentar portas e batentes. No caso, Sanagê Cardoso utilizou sua forma bruta para criar volumes e texturas. Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria e suas possibilidades. Sanagê assemelhou o material à textura e cor de peles, ossos, fissuras e ligamentos. Foi a partir dessa experimentação que ele se aproximou de um tema que lhe é muito próximo: a
diáspora africana e suas consequências.

Imersão e vertigem

Na exposição, as telas escultóricas, um objeto escultórico e a sala de exposição foram pintados de branco. Sanagê Cardoso explica que, ao optar pela cor que contém e reflete todas as demais, conduz o
visitante a uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma
ausência de limites. Porém, além de uma escolha estética, a cor também é política. Assim como as
telas que contêm relevos e texturas que não representam os relevos ou acidentes geográficos dos
países africanos, a cor também não se refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão
sobre passado, presente e futuro”, lança.

Nesse lugar da experimentação, Sanagê alcança a conjunção favorável de um trabalho com pé na
pintura e um desdobramento imediato em relevo e escultura. As estruturas de espuma são
rasgadas, serradas, quebradas e coladas entre elas e sobre a tela. “O que existe por trás dessas
ações é um processo de violência”.

Legado

A história é implacável, não permite que fatos e casos sejam ocultados, pondera Sanagê. “Enquanto o
tempo não faz o seu papel de resgate e compromisso com a verdade, no nosso caso, o caminho a ser trilhado é tão grande e tortuoso que a esperança de dias melhores é um legado reservado às futuras gerações”. Assim, “Sanagê Pele e Osso” busca trazer luz a questões que possam motivar a releitura de aspectos históricos importantes que, no curso do tempo, foram distorcidos, negados ou mesmo que passaram por tentativas de apagamento. “Neste sentido, esta exposição é uma fagulha nesta proposta e entendimento da questão. Valores colocados à disposição do negro nos tempos recentes não são favores, são direitos vilipendiados que buscam minimamente contemporizar a desejada igualdade de condições”.

O artista

Sanagê Cardoso é um artista plástico, nascido no Rio de Janeiro. Chega a Brasília em 1972, onde o pendor para as artes se materializa na fotografia. Quando abandona esta vertente, resolve transformar as imagens abstratas e trazê-las para o plano tridimensional, fazendo da escultura seu ponto de partida. Para melhor desenvolver sua arte, buscou formação acadêmica na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, em Brasília. Tendo participado de diversas exposições individuais e coletivas, hoje contabiliza obras que fazem parte do acervo de alguns museus de arte contemporânea. Desde então, tem uma produção
independente orientada pela linguagem neoconcretista.

Serviço

Mostra “Sanagê Pele e Osso”

Quando. Até 10 de dezembro, de segunda a sexta-feira, de 11h às 18h e sábado de 13h às 18h
Onde. Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro)
Quanto. A entrada é gratuita sem necessidade de retirada de ingressos

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