
Samy Erick, que, no novo álbum, evoca o conceito de Pangeia para alcançar um resultado híbrido (Thaís Ganga/Divulgação)
“Pangeia”, novo disco do guitarrista e violonista mineiro Samy Erick chega às plataformas digitais nesta sexta-feira, 21 de junho
Patrícia Cassese | Editora Assistente
À zero hora desta sexta-feira, 21 de junho, as plataformas digitais recebem “Pangeia”, mais recente álbum do músico mineiro Samy Erick. O disco, cuja produção é assinada pelo próprio Samy em parceria com Breno Mendonça, traz nove faixas. Ao Culturadoria, Samy conta que o conceito principal de “Pangeia” vem da palavra “conexão”. “Ou seja, o entendimento de que uma unidade, mesmo que agora fragmentada, tem o potencial de se conectar novamente”.
Pangeia, como se sabe, foi o grande continente que unia o mundo. A massa única começou a se fragmentar na era Mesozoica, no período Triássico, há 230 milhões de anos. Daí, a Terra passou a ter os vários continentes que ainda hoje a conformam. O disco “Pangeia” evoca o passado em comum para mesclar sonoridades das das mais diversas. No caso das brasileiras, em particular, a mineira e a nordestina, com elementos regionalistas com o maculelê, xaxado e maracatu. Mas o rock e o jazz também se fazem presentes neste caldeirão.
Não por outro motivo, Samy diz que o trabalho traz, em seu bojo, a ideia do hibridismo. No entanto, ele destaca que não há, ali, a pretensão de “ser o surgimento de um novo gênero”. E, sim, a mistura e fusão de vários. Tal qual, Samy Erick avalia que o feixe de músicas abre a possibilidade para o público se identificar muito com determinadas faixas, mas não com outras.
O encontro humano em foco
O artista adiciona que, ao incidir no trabalho, essa reflexão passa pela ideia humana (cultural) de que, com o desenvolvimento tecnológico e a acessibilidade decorrente dele, o ser humano está se conectando com todo o mundo de uma maneira cada vez mais rápida. “A música ‘A Vela e Vento’, por exemplo, vem desta reflexão de que algum tempo atrás as embarcações eram o veiculo de conexão entre os indivíduos das distantes placas tectônicas”. No entanto, a reflexão maior, prossegue Samy, é sobre como acontece o encontro de diferentes culturas que, a seguir, geram “novas culturas híbridas, mistas e multifacetadas”.

Sendo assim, acrescenta Samy, o novo álbum traz sonoridades densas, dissonantes e desconcertantes. “Porém, aliadas a outras leves, consonantes e ‘agradáveis’ (acessíveis), com o objetivo de transmitir a minha ideia do encontro humano e os seus desdobramentos. Percebo também que, nos tempos atuais, nós somos pangeia enquanto culturalmente formados e moldados a partir de diversas influências mundiais e, de certa forma, conectados”, explana.
Gravação
Como o material de apresentação explica, “Pangeia” foi gravado no estúdio Acústico Motor, em fevereiro de 2023, com o engenheiro de áudio Rafa Dutra. A masterização ficou a cargo de Fernando “Bola” Delgado e Breno Amorim. No mais, o álbum, cuja arte da capa é de Ataíde M., conta com a presença de vários músicos bem conhecidos – além, claro, de Samy Erick se responsabilizando por guitarras e violão. São eles: Breno Mendonça (saxofones), Ivan Corrêa (baixo) e Matheus Ramos (bateria). Há também os convidados que enriquecem as faixas “Agreste” e “Digêrus”: Serginho Silva (percussão) e Alexandre Andrés (flauta). Andrés também toca na música “A vela e o vento”.

O Culturadoria desafiou Samy Erick a destacar, a bel prazer, três faixas do novo álbum e, assim, a discorrer sobre elas. Confira!
“Pangeia”
É a primeira faixa do álbum. “Na concepção, busquei misturar algumas das minhas diferentes referências musicais, como o rock, o jazz-moderno, o afro-jazz e a música brasileira. Basicamente, ela surgiu do groove – desenho rítmico e melódico apresentado no seu início. Assim, a partir daí despontaram tanto o desenvolvimento, com climas e dinâmicas, quanto o arranjo, explorando algumas possibilidades de timbres, intensidade e articulações”, explica Samy. No caso, o arranjo foi pensado para a formação de quarteto, que traz guitarra, baixo, saxofone e bateria.
“A Vela e o Vento”
Em “A Vela e o Vento”, Samy tentou evocar a imagem sonora que tem das embarcações cruzando os oceanos. “Assim, levando e trazendo, alegria, tristeza, esperança, sofrimento, sonhos, histórias, desejos, etc. Da mesma forma, promovendo, de algum modo, o encontro e possíveis conexões entre diferentes povos”. O principal motivo rítmico dessa música, acrescenta ele, é derivado de aspectos rítmicos da manifestação cultural Maculelê. “Foi a partir dessa clave rítmica, amplamente usada no funk-carioca, que surgiu o pulsar dessa música. No arranjo para flauta, saxofone, baixo, bateria e violão, foram explorados elementos sonoros que remetessem a calmaria, agito e movimento, buscando representar uma travessia marítima por mares e oceanos”.
“Caminhos”
“Uma parceria minha com o querido Aloizio Horta. Aliás, surgiu da ideia de compormos uma canção. Ainda não temos a letra, mas a concepção melódica e harmônica traz elementos presentes no cancioneiro mineiro”. O título, compartilha ele, surgiu dos caminhos harmônicos da música e do encontro dos diferentes caminhos de vida percorridos pelos dois, bem como por pensamentos e concepções para fazer a música.
Serviço
Lançamento do álbum “Pangeia”, de Samy Erick
Quando. 21/6, sexta-feira
Onde. Todas as plataformas de streaming