Videoclipe de Rubens Aredes é cheio de simbologias que remetem à exploração do trabalhador, desde a locação ao figurino e a coreografia.
Por Rosa Lorenzin | Culturadora
O cantor e compositor mineiro Rubens Aredes (vocalista do bloco de carnaval Então, Brilha! e idealizador do bloco Coração Leviano) lança neste 1º de maio o videoclipe da música Operárium Brasiliensis, dirigido por Fernando Schiavon.
Todo filmado no bairro Novo Eldorado, em Contagem, região conhecida por Rubens, onde morou e trabalhou na juventude (seus pais também foram operários de fábricas da cidade), o vídeo é rico em simbologias que remetem ao trabalho operário.
A ideia de Rubens era mostrar no videoclipe um pouco sobre a greve dos operários da Mannesmann na Cidade Industrial na década de 80, tanto que o cenário escolhido inicialmente seria o local exato onde ficava a antiga fábrica da empresa alemã, mas depois a equipe de gravação optou por escolher o bairro Novo Eldorado, que também possui uma paisagem com indústrias, como a locação ideal do videoclipe, o que acabou incorporando ao vídeo um pouco da rotina de Rubens, da sua pessoalidade, já que o cantor estava morando no bairro na época.
Se a letra da música Operárium Brasiliensis, composta pelo próprio Rubens Aredes há mais de 25 anos, retrata bem a identidade do trabalhador operário brasileiro (“Sou trabalhador mestiço operário/Sou trabalhador mestiço, proletário…Trago na pele lembranças da senzala…Trago na pele lembranças da exploração do homem pelo homem”), o videoclipe mostra essa identidade por meio de uma simbologia poderosa, cheia de artimanhas visuais que captam muito bem o universo do trabalhador, entrelaçado com a cultura na qual ele se encontra inserido. Em Contagem, uma das principais manifestações culturais da cidade é a Festa de Nossa Senhora do Rosário, promovida pela Comunidade Quilombola dos Arturos, com apresentações de congados, danças e cantos típicos da cultura africana. E o clipe de Operárium Brasiliensis sintetiza justamente essa representação do trabalhador misturada a vários elementos dessa cultura ao som dos tambores do congado mineiro.

Coreografia e Figurino
No videoclipe de Operárium Brasiliensis, chama a atenção a riqueza das simbologias trazidas pela coreografia do balé e o figurino usado pelo elenco.
Rubens Aredes conta que a ideia da coreografia, elaborada pelo bailarino e coreógrafo Fábio Dornas, mais do que lembrar a movimentação dos trabalhadores, sugere principalmente, através da dança, a indignação dos operários diante da exploração da sua mão de obra, dos baixos salários que recebem e um desejo de mudança da ordem social vigente.
O figurino ficou a cargo de Silma Dornas e foi inspirado nos antigos macacões usados como uniformes pelos operários, somados a alguns elementos populares das vestimentas da cultura negra, dos reinados, remetendo à imagem de um operário que é rei. A cenografia conta com objetos que remetem ao trabalho nas fábricas, como uma coroa feita de engrenagens industriais usada pelo cantor e que é uma homenagem aos trabalhadores e em referência à nobreza africana representada no congado mineiro.
Para assistir ao videoclipe de Operárium Brasiliensis no YouTube acesse o link abaixo (aproveite para fazer sua inscrição no canal do cantor Rubens Aredes)
O link para você ouvir Operárium Brasiliensis no Spotify é