
Karol Conká na série "Afronta!". Foto: Preta Portê Filmes
Cantores, compositores, grafiteiros, youtubers, cineastas, dançarinos, rappers e modelos. Quem foi que disse que o povo preto não pode ser diverso, estar onde quiser e conquistar posições de protagonismo? A série Afronta!, da cineasta Juliana Vicente, que estreou em outubro na Netflix prova isso e muito mais. São 26 episódios na primeira temporada que contam com presença de nomes importantes na cena negra contemporânea, como dos músicos Rincon Sapiência, Karol Conka, Liniker e Xênia França.
Além disso, tem a dançarina Ingrid Silva, do Dance Theatre of Harlen, André Novais e Gabriel Martins da produtora Filmes de Plástico, e da atriz e diretora Grace Passô. Em resumo, segundo a própria diretora, a proposta é fazer um diálogo sobre representatividade, igualdade, autonomia e rede. É mais uma prova de que pessoas negras podem e devem estar nas mais diversas áreas artísticas e sociais.
Por isso, conheça, então, mais algumas razões para começar a ver Afronta! para ontem.
Diversidade
A produção foi realizada em 2017 em vários lugares do Brasil. Como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Recife, Bahia, São Paulo e até nos Estados Unidos. Dessa forma, temas como ancestralidade, afrofuturismo, pertencimento e protagonismo está na voz dos mais diferentes profissionais: produtores culturais, comunicadores, figuras políticas, artistas visuais, DJs, poetas e assim por diante.
Discussões complexas de forma acessível
Falar de racismo estrutural e dos vários tipos de discriminação contra a população negra não é tarefa simples. Nem deve ser. Temas como esses precisam ser entendidos e combatidos na raiz para que as coisas mudem. No entanto, em no máximo 15 minutos, Afronta! consegue dialogar com o assunto a partir da perspectiva de cada um dos personagens. Mesmo que eles sejam independentes e atuem em áreas distintas, as reflexões se entrelaçam, já que há muito em comum, como a luta por reconhecimento, a vontade de ser protagonista da própria história e de mudar realidades tão engessadas.
Questionamentos
Todos os episódios trazem, além de reflexões e críticas à estrutura, questionamentos. “Quantos pretos estão aí na faculdade, na sua sala, estudando com você?”, pergunta a atriz Magá Moura em um episódio. “Qual é o personagem que foi construído para o negro no Brasil?”, interroga Mariana de Matos em outro.
Tais questionamentos são fundamentais para alcançar as reflexões e fazer críticas, como, por exemplo, a que a educadora, artista e política Erica Malunguinho faz. “Assim como eu arco com o ônus de ter uma origem escravizada e por isso tenho que negociar no mundo de algumas formas, a branquitude precisa arcar com o ônus de ter uma herança escravagista”.
É para todo mundo ver
Um dos objetivos de Afronta! é conectar a diáspora africana onde quer que ela esteja. Então, é uma oportunidade para que pessoas negras se conheçam, se reconheçam e construam cada vez mais uma rede de diálogo e resistência. Por outro lado, também é muito importante que pessoas brancas consumam ativamente conteúdos como esse, pois é uma forma de entender que “branquitude” é um sistema e não o indivíduo em si, mesmo que essas duas coisas se misturem o tempo todo. O assunto também é tratado por Erica Malunguinho no episódio 24.
Então, já clica logo aqui para ver Afronta! na Netflix. Os episódios são independentes. Então, pode ir de acordo com seu artista preferido, ou mesmo na ordem para conhecer cada uma das histórias únicas da série.

Rincon Sapiência na série “Afronta!”. Foto: Preta Portê Filmes