Com o subtítulo “Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas”, o projeto Memória Lélia Gonzalez pretende percorrer várias cidades do Brasil
Da Redação
Lançado oficialmente no último dia 22 de fevereiro, no CCBB BH, o projeto Memória Lélia Gonzalez: Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas é uma ação que pretende percorrer várias cidades do Brasil promovendo debates antirracistas em torno das obras de uma das mais importantes intelectuais do país: como o nome da iniciativa já deixa evidente, a mineira Lélia Gonzalez (1935 – 1994). Assim, a empreitada pretende passar pelas cinco regiões do Brasil, em um processo que se inicia este ano e que se estende, ainda, por 2025. O objetivo é contribuir para a formação crítica da sociedade.
Criado pela Fundação Banco do Brasil, o Projeto Memória visa promover o debate de pensadores e obras marcantes. Nesta edição especial com a memória de Lélia Gonzalez, então, irá organizar exposições com audiodescrição, seminários e debates com cerca de 14 mil estudantes da rede pública. Além disso, haverá uma reedição das obras de Lélia em e-book e audiolivro, de maneira a ampliar o alcance do projeto e da mensagem de luta da intelectual.
Articulações
Dessa maneira, o projeto irá passar pelas cidades de Belo Horizonte, Belém, Brasília, São Luís, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ao Culturadoria, o coordenador-geral do projeto Nilson Rodrigues contou que as ações serão especiais em cada localidade. “Em cada uma dessas cidades haverá uma articulação específica com escolas e movimentos negros, respeitando as características e os modos
de organização dos coletivos locais”, pontuou.
A escolha das cidades não se deu por acaso. Em todas elas, há uma forte presença de grupos feministas e coletivos diversos que militam contra o racismo. Para Rodrigues, essa seleção é essencial para a disseminação das ideias. “[O projeto almeja proporcionar] a visibilidade da população negra e a valorização da contribuição cultural dessa para o país”, conta.
Lélia Gonzalez como referência
O projeto é uma homenagem a Lélia Gonzalez, uma das pioneiras do feminismo negro no Brasil. E o timing foi preciso: afinal, o ano de 2025 marcará os 90 anos do nascimento dela, enquanto em 2024 é lembrado o marco dos 30 anos do falecimento. Dessa maneira, toda a execução da iniciativa pretende promover, entre estudantes, o debate sobre as obras da autora, que coloca a mulher negra e suas especificidades no contexto de exploração sexista. “O projeto pretende levar esse conhecimento a eles de forma a ampliar a compreensão de que é necessário pensar nesta interseccionalidade”, conta Nilson.
Dessa maneira, com adaptações à realidade de cada cidade, haverá a promoção de reflexões e debates, de forma a valorizar a diversidade étnico racial brasileira. Assim, para o coordenador, o “Projeto Memória: Lélia Gonzalez” é essencial para o combate à discriminação racial e de gênero.
O Projeto Memória – Lélia Gonzalez: Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas é uma iniciativa da Fundação Banco do Brasil. Realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC).
Texto escrito pela estagiária Giovanna Souza sob a supervisão de Carol Braga