Ótimas novidades, entre singles e discos cheios, aterrissaram recentemente nas plataformas ligadas ao universo da música
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Tem novidades fresquíssimas nas plataformas de streaming voltadas à música. A começar da dobradinha firmada pela cantora Zaz com o pernambucano Alceu Valença. Neste novembro de 2024, os dois trataram de brindar o mundo com uma nova versão de “La Bella de Jour”, sucesso do cantor e compositor de Olinda. Acredite: é viciante. Mas tem muito mais coisa boa, como outra regravação, a de “Cajuína”, que reúne duas fofas: Patrícia Ahmaral e Fernanda Takai. E por falar em dupla, tem também Bia Nogueira e DJ Luan Gomes, que fizeram um remix de “Zé do Caroço”. A onda nostalgia também reverencia o maestro Antônio Carlos Jobim. Saiba mais!
“La Belle de Jour (mon bel amoureux)” – Zaz e Alceu Valença
A música “La Belle de Jour”, um dos clássicos do repertório de Alceu Valença, acaba de ganhar uma nova versão. Com o título inspirado no clássico filme de Luis Buñuel, de 1967, estrelado por Catherine Deneuve e Michel Piccoli, a “Belle de Jour” de agora vem em versão francófona, em dueto bilíngue de Alceu com a cantora francesa Zaz. De acordo com a gravadora Deck, a própria Zaz escreveu a versão, que transforma a bela da tarde em “belle amoreuse” (bela amorosa). Alceu gravou a voz no estúdio Tambor, no Rio, enquanto Zaz registrou sua parte em Paris, lembra o material da Deck. Zaz já se apresentou em BH. No Brasil, tornou-se conhecida por músicas como “Je Veux” e “On Ira”. Também já interpretou clássicos como “Hier Encore” e “La Vie en Rose”.
Veja o clipe clicando aqui
“Cajuína” – Patrícia Ahmaral feat. Fernanda Takai
No último dia 9 de novembro, o poeta, letrista e multiartista piauiense Torquato Neto (1944-1972) faria 80 anos. E recebe da cantora Patrícia Ahmaral, uma homenagem: o single “Cajuína”. Sim, a icônica canção de Caetano Veloso, composta após uma visita dele ao pai de Torquato, Heli da Rocha Nunes, alguns anos após a morte do poeta. Patrícia comenta: “Embora os versos de Cajuína retratem o momento desse encontro, a letra nos conecta com a passagem breve e marcante de Torquato entre nós. E traz talvez uma metáfora da dualidade, a fragilidade e a força que marcaram sua vida”.
Assim, entendeu que seria uma boa forma de dar sequência ao songbook que lançou em 2023, dedicado a Torquato. Além de assinar a produção musical do single, John Ulhoa executa todos os instrumentos. Com dois especiais instrumentais incluídos, a letra da música é cantada duas vezes, uma por Patrícia e outra por Fernanda Takai. Ao final, elas dialogam com palavras chave do poema. “A colaboração do John e da Fernanda é cheia de sentidos muito simbólicos pra mim. São nomes da minha geração que admiro demais, e linkados aos territórios mais inventivos da cena! E isso tem tudo a ver com Torquato Neto”, assinala. Ouça o single: https://found.ee/cajuina
“Jobim Canção” – Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski
No âmbito dos 30 anos de morte de Tom Jobim, Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski lançam “Jobim Canção”, álbum que chega às plataformas no dia 12 de novembro (Biscoito Fino). Nada mais natural para a cantora que integrou a Nova Banda de Jobim por uma década. E também para o solista de “Jobim Violão”, álbum que é referência para violonistas e jobinianos.
Traçando um arco de cinco décadas, “Jobim Canção” reúne um acervo mínimo – 10 canções –, mas representativo da carreira do compositor Antônio Carlos Jobim (1927/1994). “A lista partiu do desejo de Paula de gravar apenas músicas que nunca tinha registrado antes, nos próprios discos dela. Só depois de selecionarmos as 10 faixas, quando pesquisamos as datas de composição de cada uma, foi que percebemos o arco de cinco décadas de criação musical de Jobim. Veio a calhar, fazendo eco às videoaulas da série ‘A Longa Arte de Antônio Carlos Jobim’, que fizemos juntos para as plataformas da revista Piauí”, pontua Arthur Nestrovski.
“Zé do Caroço” (Remix) – Bia Nogueira e DJ Luan Gomes
Bia Nogueira, integrante do selo A Quadrilha — criado em 2022, por Djonga — e idealizadora do festival IMUNE, lança, em parceria com DJ Luan Gomes, um remix de “Zé do Caroço”, clássico de Leci Brandão. Na nova versão, os artistas combinam samba com funk MTG. “O funk de BH, especialmente o estilo MTG, se destaca por suas interpretações de músicas clássicas. O que me atraiu de imediato foi essa abordagem minimalista. Apesar da simplicidade, essas versões conseguem ser extremamente dançantes, permitindo que outros elementos do arranjo sejam ouvidos com clareza”, diz Bia. (abaixo, a capa do single)
Ela enfatiza a ideia de misturar uma canção tão tradicional do samba, escrita por Leci Brandão, com uma nova interpretação, criada por alguém da novíssima cena: o DJ Luan Gomes. “Assim, minha voz se torna o elo que une essas duas gerações, o que me honra profundamente”. Com 78 mil ouvintes mensais no Spotify, Bia Nogueira é reconhecida pela voz poderosa e por letras impactantes que transmitem mensagens de resiliência e empoderamento. Sua conexão com “Zé do Caroço” é antiga: a música foi gravada em seu álbum de estreia, em 2018. Agora, ressurge com mais força ainda.
Ouça aqui: https://www.youtube.com/watch?v=_k1jbl61yEs
“A Banda Que Canta o Amor” – Bistrô
A banda mineira Bistrô disponibilizou, nas plataformas, o álbum “A Banda Que Canta o Amor”, que reúne cinco músicas inéditas e duas releituras. O disco traz cinco músicas inéditas de autoria dos integrantes do grupo. Caso de “Copacabana” e “Lençóis”, compostas e interpretadas por Peterson Soares. Já “Sabe Eu” e “Teu lar” são de Vinny Soares e cantadas por ele. Tem, ainda, “Lua”, que Wallace Laender compôs e interpreta. As releituras incluídas no álbum são “Morena”, de Gonzaguinha, e “Lua e Estrela”, de Vinícius Cantuária (lançada por Caetano Veloso).
Como adianta o título do álbum, o repertório de “A Banda Que Canta o Amor” é composto por canções românticas e intimistas. O grupo surgiu em 2012, quando os irmãos Wallace Laender (voz e violão), Peterson Soares (baixo e vocal) e Winny Soares (guitarra e vocal) e o amigo Leo Brito (bateria) resolveram iniciar uma série de encontros gastronômicos temperados com música. O disco será lançado em show no dia 7 de dezembro, a partir de 17 horas, no Sam Car Club, em Nova Lima.
“Arco” – Marcos Sacramento,
O disco “Arco” (Biscoito Fino) celebra os 40 anos de carreira do cantor e compositor fluminense Marcos Sacramento. O repertório exalta o lado autoral de Sacramento em seis faixas – em parceria e voos solo – e também o afirma como intérprete. Produção musical de Elísio Freitas e direção artística de Phil Baptiste, o disco propõe um passeio sobre a carreira de Sacramento e, ao mesmo tempo, aponta novos caminhos. Antigos parceiros, como Paulo Baiano e Luiz Flávio Alcofra, assinam com Sacramento algumas canções, Tal qual, Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo estreiam parceria.
Já Josyara (cantora e compositora baiana) e Zé Ibarra (compositor e cantor carioca) dividem os vocais nas faixas “Bahia-Rio” e “Todo o amor que houver nessa vida”, respectivamente. Sacramento diz que, depois de 40 anos de carreira, quis fazer diferente. “Ou sdeja, me jogar em algo que eu não dominava completamente. Quis juntar forças, conhecimentos e estéticas com artistas com os quais não tinha trabalhado ainda. Deleguei um pouco mais e me deixei ser surpreendido. Acho, também, que só consegui por estar cada vez mais seguro com meu fazer artístico”, pontua.
“Retrato” – Casuarina
Depois da homenagem a Rolando Boldrin (2022), o grupo Casuarina promove uma viagem musical ao começo de sua carreira, iniciada em 2001, no álbum “Retrato” (Biscoito Fino), já nas plataformas. Agora na formação de trio, o grupo carioca reuniu sambas que marcaram época e foram importantes para cada de seus integrantes, numa costura a seis mãos do repertório final. Décimo primeiro na discografia do Casuarina, “Retrato” conta a participação de três convidados: Marina Iris, Péricles e Zeca Pagodinho. Assim, a cantora carioca e o mestre Zeca gravaram dois sambas garimpados pelo trio: “Cataclisma” e “Velhos Tempos”, respectivamente. Já Péricles está na versão de “Coração Feliz”, do repertório de Beth Carvalho.
‘Cantigas de não chegar’ – Kléber Albuquerque e Flávvio Alves
O poeta Flávvio Alves e o compositor Kléber Albuquerque já liberaram nas plataformas digitais “Cantigas de Não Chegar”. O álbum saiu pela Sete Sóis, com distribuição digital da Tratore. Ele conclui o projeto iniciado em 2016, quando os dois trilharam juntos o Caminho de Santiago de Compostela. Daí, os versos de Flávvio começaram a fluir e a ganhar forma de música no canto e no violão de Kléber. A atmosfera evoca a sonoridade folk dos anos setenta. Assim, misturao influências que vão de Antônio Marcos a Jethro Tull, passando por Violeta Parra com doses extra de psicodelia.
O novo álbum retoma a parceria iniciada com o álbum “Outras Canções de Desvio”. Produzido por Flávvio, Kléber e Ricardo Prado, “Cantigas de Não Chegar” começou a ganhar o mundo durante o período da pandemia. Foi quando os dois lançaram, nas plataformas, o single “Rabiolas Enfeitam Parabólicas”, com participação de Fred Martins (violão), carioca radicado em Portugal. Ao todo são seis poemas de Flávvio Alves musicados e cantados por Kleber Albuquerque, que agora estão no álbum, que tem o visualizer de “Vasto Vazio”, no youtube.
“Vem amar comigo” – Pedro Luís
O single, que já pode ser acessado nas plataformas, anuncia o primeiro disco de Pedro Luís pela gravadora Biscoito Fino. Composta por ele e Lucky Luciano, “Vem amar comigo” abre o álbum “E se tudo terminasse em amor”, título extraído do refrão desta canção. Quinto na discografia autoral de Pedro Luís (que inclui ainda o tributo a Luiz Melodia), o projeto começou a ser concebido no início da pandemia, a partir de um mote definido: falar de amor. “Me veio, naquela época, essa ideia de que a gente precisava acender os botões da sensibilidade, porque já estávamos vivendo num mundo muito hostil, ainda na pré-pandemia”.
Assim, a ideia de falar do amor despertou o interesse do artista. “Saber o que eu poderia construir a partir dela”, pontua o cantor e compositor carioca. Pedro Luís acrescenta: “Encomendei uma letra ao Lucky Luciano, com quem já fiz várias canções. Pedi que ela falasse de amor de um jeito bem popular, que batizamos de ‘Abraços dos amantes’, incluída no disco. Em seguida, ele mandou outra letra, dentro da mesma proposta, que foi justamente ‘Vem amar comigo’”.
“Barbarizando Geral” – Fred Martins e Marcos Suzano
A soma de dois músicos em continentes diferentes, que se encontram no universo afro-brasileiro do samba (entre outros gêneros da música negra carioca): esse é o fio condutor de “Barbarizando Geral” (Biscoito Fino), já acessível nas plataformas de streaming. O álbum que une Fred Martins (cantor e compositor brasileiro, há 14 anos vivendo entre Portugal e Espanha) e o percussionista Marcos Suzano.
“Barbarizando Geral” aborda temas como a crise ambiental, mas também fala de amor, epifania e celebração da vida, incluindo, nessa leva, a canção que dá nome ao álbum. Do mesmo modo, “Senzala”, “Dois Chicos” (homenagem a Chico Buarque e ao Papa Francisco) e “O Rancho da Seita Suicida” (que discute o perigo do negacionismo como prática política). Ou “Ahmed”, brincadeira com o personagem criado nas redes sociais que seria, segundo as mesmas fake news, o verdadeiro compositor dos maiores sucessos de Chico Buarque. A faixa conta com o grupo MPB4. Para Fred Martins, o álbum tem muito de crônica social, em forma de samba.
Ouça o álbum: https://orcd.co/barbarizandogeral
Assista ao videoclipe de “Além do Qualquer” https://youtu.be/k_4G3rtvSi4