
Allanis Guillen em Pantanal Foto: Joao Miguel Junior (2)
A telenovela, que bateu recordes de audiência em sua estreia na TV Manchete (1990), repete o feito. Agora, em um remake da TV Globo (2022).
Por Adonai Elias | Culturador
Era setembro de 2020, quando a Rede Globo anunciou o remake da novela Pantanal. Foi no meio de uma onda grave da pandemia da COVID-19, quando todos estávamos trancados dentro de casa. Desde então começou o alvoroço nas redes sociais, como se a novela fosse valer a quarentena.
No entanto, ela estreou no dia 28 de março de 2022 e, mesmo com a crise sanitária quase encerrada (todo mundo na rua), o recorde de audiência é surpreendente! Mesmo com o BBB mais flopado da história, a trama leva os espectadores às telas da Globo com uma média incrível de 27,2 pontos do Ibope. Foi o maior crescimento de audiência da emissora, quando o assunto é “novela das 9”, desde o início dos anos 2000.
Mas o que será que chama tanta atenção em “Pantanal”?
Claro que o sucesso absoluto da versão de 1990 da novela, produzida pela TV Manchete, foi um impulsionamento de audiência para o remake lançado este ano. No entanto, a verdade é que, as duas versões tem não um, mas vários brilhos a mais do que outras produções.
Elenco de milhões – incluindo os novatos da casa:
Na primeira versão de “Pantanal”, Cristiana Oliveira foi a responsável pelo papel de Juma Marruá (uma personagem fantástica). A atriz estava iniciando a carreira e, logo depois da novela, se tornou uma das mais aclamadas artistas da teledramaturgia. O mesmo parece acontecer com Alanis Guillen, a atual intérprete de Juma, que também está no início de sua jornada e, assim como Cristina, está fazendo muito bonito!
Além de lançar novos e super talentosos atores e atrizes, a novela consagra os veteranos. Esse é o caso de Irandhir Santos que, apesar da breve participação nos primeiros episódios do remake, acho pouco provável que alguém não tenha se emocionado com a sua interpretação de Joventino.
Vale mencionar, ainda, o belíssimo trabalho de construção de personagem desenvolvido por Bruna Linzmeyer para viver Madeleine. Todo o processo criativo da atriz está registrado no próprio Instagram em uma espécie de reality que ela apelidou de #madeleinereality. Bruna conseguiu compreender todas as nuances da jovem mulher de José Leôncio e, o mais importante, sem julgamentos. Pelo contrário, acolheu e dominou as curvas emocionais que ela tem. Há uma empatia tão bonita da atriz com a personagem que isso se transformou em força.
Em resumo: o fato é que tem sido muito bonito ver os movimentos e falas de cada ator desta novela. Para falar de cada um, precisaria de um texto especialmente dedicado a isto.
Trilha sonora impecável:
Quem assistiu a primeira versão de “Pantanal”, lembra da trilha sonora e, principalmente, da abertura, até hoje. A composição do produtor musical Marcus Viana é tão bonita que foi mantida no remake da novela, dessa vez com a melodia e viola de Almir Sater, e a voz brilhante de Maria Bethânia.
“É uma gravação que me comoveu, porque voltei a cantar com a viola do Almir Sater, ele é um dos maiores músicos do Brasil, um grande compositor. É uma honra esse convite, fiquei bastante contente de fazer uma música poderosa, forte”, disse Bethânia em nota publicada pela Globo.
Além da abertura, a trilha conta com composições de Belchior (“Comentário a respeito de John”), Beto Guedes (“Amor de índio”), Alceu Valença (“Como dois Animais”), Geraldo Vandré (“Disparada”) e muitos outros.
Como é possível notar, a novela apela para o que chamo de “nossas raízes musicais”, pelo menos para os nascidos de 1970 até hoje. Acho pouco provável que você que está lendo não tenha memórias nostálgicas com alguma dessas canções. Há também algumas composições mais recentes, que possuem apelo semelhante. Como o caso de “eu tenho a senha”, de João Gomes.

A Natureza como protagonista do cenário e dramaturgia:
Os tons de verde do Pantanal invadem o cenário e a dramaturgia da novela. Aqui, a natureza não é plano de fundo, mas protagonista. E esse, para mim, é o principal ingrediente do sucesso de ambas as versões.
Ou seja, tudo o que acontece na telenovela é em função da vida (fauna e flora) do Pantanal. A direção de arte e fotografia da produção fazem questão de ressaltar isso, com planos de imagem e cores que enaltecem essa natureza e afirmam o ser humano como parte dela.
Para os diretores de “Pantanal”, os espectadores brasileiros sentem orgulho do Brasil que é mostrado na novela, referindo-se a paisagem e a vida no campo. Uma pena que esse recorte contrasta muito com a realidade dos nossos ecossistemas.
Este conteúdo foi produzido por Adonai Elias
Sobre o autor: Adonai Elias é redator e web radialista. Graduando em Publicidade e Propaganda (FACHA – RJ), escreve para o Culturadoria e para a revista eletrônica Lugar Artevistas. Todo sábado, às 15h, apresenta o programa “Nasci Para Bailar”, na Matula Web Rádio. Seu Instagram é @adonaielias.m.