Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Programação especial marca os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha

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Até o final do ano, exposições, visitas guiadas e outras atividades marcam as oito décadas do complexo arquitetônico da Pampulha

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Quando se fala em um cartão-postal da capital mineira, vários pontos da cidade de pronto acorrem à mente. Mas, evidentemente, se formos pensar em um conjunto, é quase certo que o citado seria primeiramente o da Pampulha.

Igrejinha da Pampulha, que integra o Conjunto Moderno (Foto Patrícia Cassese)
A Igrejinha da Pampulha, que integra o Conjunto Moderno (Foto Patrícia Cassese)

E como todo belo-horizontino que se preze sabe, o chamado Conjunto Moderno da Pampulha completa, neste 2023, nada menos que 80 anos de sua inauguração.

Além da Lagoa propriamente dita, o entorno se notabiliza, ainda, por abrigar um complexo de edificações e jardins magnífico. E estes trazem, por trás de seus projetos originais, assinaturas como as de Oscar Niemeyer (1907-2012), Roberto Burle Marx (1909-1994) e Candido Portinari (1903-1962). Não só. Além disso, também as de Alfredo Ceschiatti (1918-1989) e, do mesmo modo, a de Paulo Werneck (1903-1962).

Há sete anos, o complexo – iniciado na gestão do prefeito Otacílio Negrão de Lima, e concluído na seguinte, de Juscelino Kubitschek – virou Patrimônio Cultural Mundial. O título é assim concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Mais recentemente, do mesmo modo, veio a inscrição do local como Paisagem Cultural.

Complexo

O Conjunto Moderno é: a Casa do Baile, Museu de Arte da Pampulha (MAP), Iate Tênis Clube e a Igrejinha da Pampulha. Esta última, vale dizer, foi rebatizada de Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis da Pampulha. Cumpre frisar que o MAP está fechado há três anos e oito meses.

A mostra “Lugar Imaginado, Lugar Vivido” foi aberta no último dia 16 (Foto: Patrícia Cassese)

Na verdade, o marco dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha foi o dia 16 deste mês de maio. Assim, na ocasião, na Casa do Baile, como resultado, foi aberta a exposição “Lugar Imaginado, Lugar Vivido: 80 anos da Casa do Baile”.

“Lugar Imaginado, Lugar Vivido”

Com curadoria de Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli, a exposição tem convidados como o fotógrafo americano-brasileiro Paul Clemence. Assim como os artistas mineiros Laura Belém, Marcus Deusdedit e Isabela Prado. E, ainda, o coletivo Pintura ao Ar Livre, coordenado pela professora Louise Ganz.

“Esta exposição inicia este ciclo de comemorações dos 80 anos da casa, do Conjunto Moderno da Pampulha”, conta Cássio Campos, coordenador do equipamento. “E ela traz, por exemplo, um núcleo histórico, com um documentário. O filme mostra essa história, essa cronologia visual da Casa do Baile, que é um importante ícone arquitetônico da nossa cidade. Um projeto de Oscar Niemeyer, um patrimônio mundial”.

Cássio Campos, coordenador da Casa do Baile (foto: Patrícia Cassese)

Cássio Campos prossegue: “E assim, ao redor deste núcleo histórico, nós também convidamos seis artistas contemporâneos. São nomes que estão sobretudo olhando para a Casa, para a Pampulha, para o entorno, para a paisagem. E que, através da arte, fazem essa reflexão do hoje e do amanhã, para outras Pampulhas”.

Museu Casa Kubitschek

Já no dia 20 deste mês, Museu Casa Kubitschek passou a abrigar o segundo módulo da exposição “Trama: Processos Educativos na Pampulha”. No caso, intitulado “Pampulha 80 anos: Múltiplos Olhares”. A mostra é resultante do projeto “Bordando Memórias”. Iniciado em 2017, ele envolve, atualmente, mais de cem mulheres, entre bordadeiras, pesquisadoras, educadoras e artistas.

Bastidores trazem a representação de alguns dos pássaros que habitam a região da Pampulha

No Casa Kubitschek, o Culturadoria foi recebido por dois integrantes da equipe de educadores do equipamento, Dyego Henrique e Raquel de Souza.

O educador Dyego: “O Conjunto Moderna da Pampulha tem várias facetas. É múltiplo”

De antemão, Dyego entende que o mote dos 80 anos certamente vai reverberar no número de visitantes. E isso não só pelo fato de as edificações se constituírem no já citado cartão-postal da cidade, como por conta da programação especial. “A programação facilita o entendimento de que o Conjunto Moderno da Pampulha tem várias facetas, não apenas ligadas à arquitetura, mas também ao ambiente. A Pampulha é múltipla”.

Ambas as mostras integram a programação dos Museus Pampulha, projeto realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Lumiar. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura.

No entanto, há atrações previstas para acontecer ao longo de todo o ano. Entre elas, atividades culturais, exposições, ações de formação, encontros educativos, mostras, publicações, pesquisas, documentários, intervenções e apresentações artísticas, entre outras atrações. A programação é gratuita. As informações são disponibilizadas no Portal Belo Horizonte.

Museu de Arte da Pampulha

A PBH informa que obteve a aprovação do projeto básico de restauração/intervenção do MAP pelos órgãos de proteção do patrimônio. E nas três instâncias.

Assim, será possível primordialmente o desenvolvimento de projetos executivos para, em seguida, abrir a licitação e, numa etapa posterior, assim, dar início às esperadas obras de restauração.

No dia 16, o prefeito Fuad Noman (PSD) anunciou, em coletiva, a criação de um grupo voltado sobretudo à preservação e valorização do Conjunto Moderno da Pampulha. Dessa forma, o decreto foi publicado do Diário Oficial do Município.

Próximos passos

Julho

Da mesma forma, uma ampla programação será oferecida durante as férias nos Museus da Pampulha. Haverá ainda o Programa “Noturno nos Museus”, dia 14 de julho, reunindo mais de 30 museus, incluindo um Roteiro na Pampulha.

No mesmo fim de semana, vale assinalar, será realizada uma intensa programação artística, acima de tudo, em praças na Pampulha. Sobretudo, espetáculos, feira e outras atividades variadas.

Setembro

Em setembro, precisamente no dia 12, data do nascimento de JK, será aberta uma nova exposição.

Visita de estudantes aos jardins do Museu Casa Kubitschek

Trata-se de uma mostra que celebrará os 10 anos do Museu Casa Kubitschek e os 80 do Conjunto Moderno.

E mais

Ao longo do 2º semestre, o Circuito Municipal de Cultura e projetos parceiros oferecerão programação artística diversificada. Assim, as atrações serão realizadas nos espaços culturais da PBH na Pampulha. Do mesmo modo, em praças e espaços associados.

Reflexão e Formação

Foram concebidas programações que irão refletir sobre o Conjunto Moderno da Pampulha e atividades formativas diversas. Elas são voltadas primeiramente a interessados em patrimônio cultural, arquitetura e história, entre outros.

. Seminário do Patrimônio Cultural – Teatro Marília – dias 16 e 17 de agosto. Evento em alusão ao Dia Nacional do Patrimônio Cultural.

. Colóquio Iberoamericano da Paisagem – A gestão das paisagens culturais mundiais. No Campus da UFMG e equipamentos culturais do Conjunto Moderno da Pampulha. Dias 12 a 15 de setembro. Evento em parceria com Icomos, IEDS, UFMG, bem como com a Unesco e Belotur.

Marca e selo

Dentro a celebração dos 80 anos, será lançada uma marca comemorativa. Esta poderá ser vista em todas as atividades comemorativas no curso do ano. A criação foi delegada a Gustavo Greco (Greco Design).

O design promove a associação de formas geométricas com elementos que compõem o complexo. Assim, a arquitetura de Niemeyer será representada por um quadrado, enquanto o paisagismo de Burle Marx, por um círculo. Já o espelho d’água, por um quarto de círculo. A marca se revela apenas quando as partes estiverem dispostas conjuntamente.

Sinalização Interpretativa do Patrimônio

Outra ação prevista é a entrega do Projeto Executivo da Sinalização Interpretativa Turística, que pretende, primeiramente, atualizar e ampliar o atual existente. Isso por meio do projeto elaborado pela Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM).

Assim, o objetivo é, sobretudo, endossar a padronização da sinalização dos patrimônios da humanidade no Brasil. Do mesmo modo, a instalação de Centros de Interpretação do Patrimônio, no qual a Pampulha está acima de tudo inserida.

Segundo o material da PBH, o sistema visa, em primeiro lugar, “informar e orientar os usuários sobre a existência de atrativos turísticos e de outros referenciais”. Assim como, consequentemente, sobre os melhores trajetos de acesso e, logo, a distância a ser percorrida até o local pretendido. Em conclusão, vale muito ficar de olho na programação.

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