Trilha sonora, atuações de destaque, clima de nostalgia… “Os Fantasmas Ainda se Divertem” vale a ida ao cinema (ao menos para os mais saudosistas)
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Em 1988, o filme “Os Fantasmas Se Divertem”, de Tim Burton, entrava em cartaz no Brasil. Com um elenco forte – com nomes como Geena Davis, Michael Keaton, Alec Baldwin e a novata (e encantadora) Winona Ryder -, bem como cenas icônicas, o longa amealhou uma bilheteria pra lá de satisfatória. E impulsionou a carreira de vários dos envolvidos – como o próprio Burton.
Passados 36 anos, chega às salas de exibição “Os Fantasmas Ainda Se Divertem”, que envolve alguns dos atores da versão-matriz, bem como agrega estrelas do naipe de Willem Dafoe e Monica Bellucci, assim como a atriz em ascensão Jenna Ortega. No frigir dos ovos, o resultado certamente vai agradar aos fãs do primeiro. Certo, o novo filme não começa assim, muito promissor. Mas, no curso da narrativa, o espectador encontra muitos momentos que garantem bons momentos de diversão. Confira, a seguir, alguns deles – na nossa opinião, claro!
Atores do elenco original? Temos!
Winona Ryder, Catherine O’Hara e Michael Keaton marcam presença nesta sequência de “Os Fantasmas se Divertem”. Quando participou do filme original, Winona Ryder, hoje com 52 anos, tinha apenas 16. Ela fazia Lydia, a adolescente gótica que, ao contrário do pai e da madrasta, conseguia enxergar o casal fantasma que habitava a nova moradia da família – Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis) – em Winter River, uma pequena cidade de Connecticut. Agora, ela é a mãe de Astrid (Jenna Ortega), que, a princípio, não acredita no dom da genitora, que inclusive apresenta um programa sobre seres espectrais, “Ghost House”.
Já Catherine dá sequência ao personagem Delia, a madrasta de Lydia. No filme de 1988, a personagem Delia protagoniza a cena mais icônica da narrativa, quando, durante um jantar, começa involuntariamente a cantar “Banana Boat (Day-O)”, com a voz do cantor original, Harry Belafonte. Depois de participar do êxito “Schitt’s Creek”, de 2015 a 2020, a atriz volta a ostentar os cabelos ruivos para encarnar Delia, que segue investindo nas artes plásticas.
E Michael Keaton… Bem, Keaton volta a encarnar Beetlejuice. Em uma das cenas, ele aparece praticamente sem maquiagem, mostrando o envelhecimento do ator, o que é bacana.
Cadê Charles Deetz? E Otho?
O ator Jeffrey Jones, que em “Os Fantasmas Se Divertem” interpretou Charles Deetz, pai de Lydia e marido de Delia, não está na sequência, e por um motivo dos mais espinhosos. O ator, hoje com 77 anos, teve problemas com a justiça no início dos anos 2000, por posse de pornografia infantil e uma acusação de assédio a um garoto de 14 anos. Mais tarde, ele voltou a ter problemas decorrentes deste primeiro – é que se mudou de residência sem avisar à Justiça. Jeffrey Jones alcançou fama nos anos 1980, com participações em filmes que fizeram grande bilheteria, como “Trânsito Muito Louco”.
De todo modo, Burton foi generoso e colocou o personagem em stop-motion, com os traços de Jeffrey. O personagem aparece na história de “Os Fantasmas Ainda se Divertem”, mas sem a cabeça – por um motivo que acaba sendo engraçado. Já o ator Glenn Shadix, que faz o pernóstico decorador Otho, amigo de Delia, em “Os Fantasmas Se Divertem”, faleceu em 2010.
Novos atores
Além dos três atores citados, “Os Fantasmas Ainda se Divertem” traz uma leva de novos personagens, com destaque para Astrid, a filha adolescente de Lydia. Como já assinalado, ela é interpretada por Jenna Ortega, a protagonista de Wandinha e uma das atrizes-sensação da nova geração. Mas o cast também abre espaço para a diva Monica Bellucci, Willen Dafoe, Justin Theroux e Arthur Conti.
A italiana Bellucci, atual namorada de Tim Burton, é Delores, que quer acertar contas com Beetlejuice. À revista “Elle” francesa, Bellucci declarou que vê Delores como uma metáfora da vida. “Porque todos temos cicatrizes emocionais, e ela está cheia delas. Mas é forte e está retornando. Não interpretei muitos personagens assim na minha carreira, era um personagem completamente novo, adorei”.
Em outra entrevista, Monica Bellucci disse ver Delores como uma sobrevivente. “Mesmo que esteja na vida após a morte, ela ainda está viva”. A italiana também contou que, antes de entrar em cena, enfrentava três horas de maquiagem todos os dias – já o figurino da personagem é de Colleen Atwood, que já foi indicada para o Oscar 12 vezes (agraciada em quatro).
Trilha sonora
Se em “Os Fantasmas Se Divertem” a cena mais icônica é embalada pela já citada “Banana Boat (Day-O)”, “Os Fantasmas Ainda Se Divertem” faz os atores dançarem ao som de “MacArthur Park”, música de Jimmy Webb que fez sucesso em vozes como as de Donna Summer e Richard Harris (o Dumbledore dos dois primeiros filmes das saga Harry Potter: “Harry Potter e a Pedra Filosofal” e “Harry Potter e a Câmara Secreta”). Diretamente do túnel do tempo, “Os Fantasmas Ainda se Divertem” também traz “Tragedy”, do trio Bee Gees.
Uma cena ótima mostra Michael Keaton tocando “Right Here Waiting”, sucesso na voz de Richard Marx. No Brasil, a música estourou nas rádios em 1989, ao entrar para a trilha da novela “Top Model”. Ah, sim. “Os Fantasmas Ainda se Divertem” inclui – CLARO! – “Day-O”, mas entoada por um coro de crianças no enterro de um dos personagens (nem seria spoiler citar qual, mas vamos manter sigilo). A versão é de Alfie Davis & The Sylvia Young Theatre School Choir (frame abaixo).
Ótimas ideias
Em “Os Fantasmas Se Divertem”, um dos personagens que mais chamaram a atenção era Bob, aquele ser com a cabeça bem pequena em relação ao corpo e olhos esbugalhados e assustados, que estava sentado na sala de espera dos mortos. O personagem se multiplica e inclusive sai às ruas, em meio ao Halloween. Outro ponto alto é o Soul Train, referência ao programa norte-americano de TV homônimo, que foi ao ar de 1971 a 2006. Nele, apresentavam-se principalmente artistas de R&B, soul e hip hop.
Uma curiosidade é que, apesar dos 36 anos que separam “Os Fantasmas Se Divertem” de “Os Fantasmas Ainda Se Divertem”, Tim Burton declarou à imprensa latino-americana que optou por ficar nos efeitos old school. Assim, há sequências muito similares aos do filme de 1988, como o verme da areia. Sem revelar detalhes, o marido de Lydia, pai de Astrid, também está morto na história, mas aparece no mundo dos espectros. E de um jeito divertido. Detalhe: a morte dele ocorreu no Brasil! Daí, no pós-morte, ele surge com uma configuração bem divertida, relacionada ao peixe que provocou seu fim.
Ah! A parte dos influencers é hilária.
Confira, a seguir, o trailer