Menu
Cinema

O que faz o Festival de Cannes manter a sua relevância em 2019?

Festival de Cannes será de 14 a 25 de maio com 21 filmes em competição. Entre eles está o brasileiro Bacurau

Cartaz do Festival de Cannes 2019. Crédito: FDC/Divulgação

Festival de Cannes é sinônimo de glamour? Em termos, né? Quem trabalha lá sabe que o período é de muita ralação mas também muitas recompensas para os amantes da sétima arte.

A 72ª edição começa nesta terça (14), como sempre levantando a onda de especulações. No caso do Brasil, mesmo com toda crise interna que o cinema nacional enfrenta, teremos quatro longas em competição seja na mostra principal, na Un Certain Regard, Quinzena dos Realizadores ou Semana da Crítica.

Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles é o mais incensado. Isso porque compete com outros 20 filmes à Palma de Ouro, o principal prêmio disputado na croisette.

E olha que não será um embate fácil. Por exemplo, na lista tem também, entre outros,  Era uma vez em Hollywood, de Quentin Tarantino, Sorry We Missed You, de Ken Loach (Grã-Bretanha), The Dead Don’t Die, de Jim Jarmusch, A Hidden Life, de Terrence Malick, Dolor y Gloria, de Pedro Almodóvar. Enfim, citamos apenas alguns exemplos. A lista completa você encontra aqui.

Mas, afinal, o que faz o Festival de Cannes manter a sua relevância em 2019?

Comentar essa lista é um bom começo. Só tem figurão em competição. Reunir estes nomes em torno de um prêmio faz com que qualquer cineasta deste planeta deseje estar nessa “short list”. E mais: o Festival de Cannes movimenta o mercado de cinema.

Ou seja, ter um longa, média ou curta exibido lá significa portas abertas para a distribuição mundial.

Nesse caso, essa lógica vale tanto para a estreia desses filmes autorais no circuito comercial de cinema e também nas plataformas de streaming. Quer um exemplo? Pois bem, Lazzaro Felice, da diretora italiana Alice Rohrwacher. O longa concorreu à Palma de Ouro em 2018 e saiu de lá praticamente direto para o catálogo da Netflix.

Ou seja, grudado com a linha mais tradicionalista do cinema, Cannes pode até não abrir as portas para as majors do streaming, mas faz a ponte inversa. Faz com que os longas exibidos lá sejam comprados por elas que, assim, ampliam o acesso a este tipo de cinema – mais autoral – a um grande público.

 

Confira alguns eventos culturais recomendados pelo Culturadoria em BH

 

Thierry Frémaux do Festival de Cannes. Foto: Abaca/FDC

 

Relação conflituosa com streaming

Diferentemente de grandes eventos midiáticos como o Oscar, em Cannes se debate o cinema, além do mercado, é claro. É por isso que foi justamente por lá que começou toda essa discussão sobre filmes lançados em streaming serem ou não cinema. Essa opinião vai depender muito de quem preside o júri.

O espanhol Pedro Almodóvar, que inclusive concorre em 2019, foi categórico há dois anos: para ele, filme é o que vai para a tela grante. Acontece que, o presidente do júri este ano é Alejandro González Iñarritu.

Vale lembrar que ele é da turma de mexicanos que anda sacudindo hollywood. Vamos adiante: amigo íntimo de Alfonso Cuarón, que lançou Roma diretamente na Netflix dando uma banana para os tradicionalistas. E aí, como será que essa discussão vai se desenvolver em Cannes este ano? Curiosa!

Grandes nomes

Independentemente do futuro dessa discussão – que está longe do fim – Cannes além de ser um evento importante do ponto de vista de mercado, é também na perspectiva do marketing. As principais estrelas do cinema desfilam naquele tapete vermelho. Além dos diretores já citados, quem deve passar por lá em 2019 nomes como Diego Maradona, Selena Gómez, Iggy Pop e Bono. A principal atuação deles nem é na telona e lá estarão. Será por que? Visibilidade, entre otras cositas más!

Também teremos figuras frequentes como Leonardo Di Caprio, Brad Pitt, Penélope Cruz, Antônio Banderas entre outros. Com tanta gente prestando atenção no evento de tamanha magnitude, claro que o Festival de Cannes se torna plataforma de lançamento. Por exemplo, fora de competição, um dos longas que mais chamam atenção é Rocketman. A cinebiografia de Elton John será exibida primeiro lá e logo depois estreia no mundo todo. Por aqui chega ao circuito comercial no dia 30 de maio.

Revelações no Festival de Cannes

E ainda tem as revelações. Todo festival com o recorte como o de Cannes tem o desejo de revelar grandes nomes. É por isso que entre Tarantino, Amodóvar, Malick, Loach tem nomes até então pouco falados internacionalmente como os próprios brasileiros Kleber e Juliano.

No entanto, Mendonça não é estreante na competição. Esteve lá com Aquarius, lembra?

A lista de novatos tem apenas quatro nomes. A atriz francesa Mati Diop estreia na direção com Atlantique. Detalhe: ela nasceu em 1982.  Além dela, a austríaca Jessica Hausner chega à Riviera com a fama de ser aluna de Michael Haneke. Tem ainda a roteirista e realizadora francesa Céline Sciamma (que fez o belo Tomboy), com “Portrait de la jeune fille en feu”. A última estreante da lista é Justine Triet, de 40 anos, com o longa-metragem Sybil.

Esse quarteto pode até não ganhar nada mas estão ali – mesmo em menor quantidade – para preencher a cota de novos talentos.

 

[culturadoriaads]

Conteúdos Relacionados