
Foto: Divulgação
Não há dúvidas de que o diretor de O primeiro homem, Damien Chazelle, é um garoto prodígio. Aos 33 anos ele já recebeu três indicações ao Oscar e tem uma estatueta em casa pela direção de La La Land (2016). Mas não é isso que faz dele um jovem cineasta fora da curva. É o desejo constante de buscar outros caminhos de linguagem para o cinema. Pelo menos é o que ele tem feito desde que estreou na indústria com Whiplash: em busca da perfeição (2014).
No filme que abordou a obsessão de um músico de jazz pela perfeição, o que me chamou a atenção foi a velocidade das imagens e como somos tragados para dentro da relação doentia entre mestre e aprendiz. La La Land – que é um filme bonitinho mas foi incensado mais do que deveria – alcança o mesmo feito. O diferencial está na forma de filmar, naqueles planos sequências intermináveis que me fez perguntar como o diretor teria feito aquilo.
Pois ao sair da sessão de O primeiro homem, marcou muito mais os planos e escolhas de direção do que a história contada. Ok, tudo bem que é uma trama que todo mundo sabe como termina. Como é a cinebiografia de Neil Armstrong, o planeta inteiro sabe que ele esteve na lua, deu uma voltinha por lá e voltou são e salvo.

Foto: Universal Pictures/Divulgação
Elenco
Ryan Gosling foi o escolhido para viver Neil Armstrong. Ele também estava em ‘La La Land’ mas aqui a carga dramática é bem maior. O personagem é um homem com grandes dificuldades em expressar emoções. Tem que ser um ator muito bom para fazer isso sem parecer forçado. No papel da esposa, Claire Foy, mais conhecida como a Rainha Elizabeth nas duas primeiras temporadas de The Crown. Ela é ótima e também craque em interpretar gente que não pode sair demonstrando emoção por aí.
O roteiro acrescenta um pouco de drama à história do homem que deu o grande passo para a humanidade. Isso vem da relação que ele estabelece com a família, com os filhos. A dificuldade em lidar com emoções e sentimentos. No entanto, esses elementos não se sobrepõem ao episódio mais conhecido da vida dele: a viagem à lua.
Aventura
É nestas sagas para a Lua que Damien Chazelle solta todo o seu desejo de experimentação. A câmera é muito – muito mesmo! – próxima dos atores. Vi o longa em uma sala IMAX, isso significa que câmera tão perto gera sensações em quem assiste. Fiquei tonta, por exemplo. É nesse lugar, da experiência do espectador, que acredito estar a maior fonte de pesquisa de Chazelle.
A fotografia do filme apresenta uma transição interessante. No início, as imagens são bem mais granuladas. Sabe quando você pegar aquela imagem antiga de VHS e parece que ela tem uma textura diferente? Então, é assim. Mas a medida que a história vai avançando, a tecnologia e, portanto, a fotografia também vai se transformando.
Grande parte do longa é ocupada pelos erros e acertos desse grande feito. Uma questão que o filme discretamente levanta foi o tanto de gente que precisou morrer até que a operação fosse bem-sucedida. Nesse processo histórico, portanto, teve conquista sim mas também muita dor.
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