
“O Método Grönholm”, montagem teatral que chega a BH neste final de semana, no Sesc Palladium (João Caldas/Divulgação)
Peça dirigida por Lázaro Ramos, “O Método Grönholm” tem sessões neste sábado e no domingo, no Sesc Palladium
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Como sobreviver a um mundo em que, no ambiente trabalho, a disputa é cada vez mais incentivada? Até onde você iria para conseguir um emprego visado? Propondo uma discussão sobre , a comédia “O Método Grönholm” chega à capital mineira neste final de semana, depois de temporadas em São Paulo e no Rio. Que, aliás, renderam, à iniciativa, duas indicações ao Prêmio Shell. Em Belo Horizonte, a peça tem sessões neste sábado e domingo, no Grande Teatro do Sesc Palladium. No elenco, Luis Lobianco, Raphael Logam, George Sauma e Anna Sophia Folch, que, em cena, interpretam quatro candidatos a uma vaga de executivo de uma multinacional. A direção é de Lázaro Ramos e Tatiana Tiburcio.
No início da narrativa, os quatro se encontram já fase final de testes seletivos. Enquanto aguardam, descobrem que estão sendo observados e que, na verdade, o teste já começou. De acordo com a sinopse, ao decorrer do tempo, vão sendo enviadas provas para que eles realizem em conjunto. A disputa vai ficando acirrada ao passo em que eles avançam. A competição é inevitável e expõe a verdadeira natureza de cada participante.
Pautas da ordem do dia
A dramaturgia “O Método Grönholm”, diga-se, é do catalão Jordi Galcerán, e já foi levada até ao cinema – rendendo o filme espanhol “El Método” (2005), de Marcelo Piñeyro (lançado no Brasil como “O Que Você Faria”. Ao Culturadoria, Anna Sophia Folch foi desafiada a falar sobre as reflexões que a montagem enseja provocar no espectador. “Nossa, são tantas! Esse espetáculo consegue reunir tantas pautas importantes, sem deixar de comunicar e divertir. A começar pela disputa de emprego, que já mostra a competitividade exacerbada no ambiente de trabalho, expondo as escolhas de cada um para alcançar objetivos, muitas vezes abrindo mão da ética e ultrapassando vários limites”.
De acordo com ela, provocados pela disputa que ocorre em cena, os personagens de “O Método Grönholm” deixam transparecer suas verdadeiras naturezas. “Com certeza mostra um cenário muito individualista pautado numa meritocracia hipócrita, que só sublinha privilégios. É isso que queremos escancarar e discutir. Mas, ao mesmo tempo, o texto não tem nada de professoral. O espectador se vê entretido com a trama e subliminarmente assimila críticas importantes”, pontua.
Questões universais
O fictício Método Grönholm, imaginado por Galcerán, de acordo com o material de divulgação do espetáculo, consiste em um rígido processo de seleção do perfil mais adequado a uma vaga de emprego. Assim, faz com que os próprios candidatos que foram selecionados para a última fase eliminem quem eles mesmos julgam como menos aptos. “Deste modo, confinados por vontade própria em um ambiente controlado, devem obedecer a instruções. Tal qual, encarar desafios, idealizados de modo a que surjam conflitos e desconfianças entre o grupo. Ao mesmo tempo em que segredos sejam revelados”.
“As questões de ‘O Método Grönholm’ definitivamente são universais”, prossegue a atriz, perguntada sobre a pertinência do texto que foi escrito por um espanhol há mais de 20 anos. “No entanto, sim, sentimos a necessidade de atualizar o olhar para alguns temas que já estavam sinalizados ali, mas ainda com uma abordagem, digamos, antiquada. E distante da consciência que temos hoje com relação à preconceito de gênero por exemplo. Sinto que o espetáculo ficou mais contundente, não apenas entretendo, mas fazendo uma crítica social profunda”, diz Anna Sophia.
Serviço
O Método Grönholm
Neste sábado, 21h, domingo, às 19h
Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046)
Duração: 70 minutos
Ingressos pelo Sympla ou na bilheteria do Teatro, a R$ 75 (inteira)