Mais de R$ 100 bilhões. É o que deixará de arrecadar os setores da cultura e de eventos durante a pandemia. É o que aponta um levantamento realizado por João Luiz Figueiredo, coordenador do mestrado profissional em gestão de economia criativa da ESPM. Com cancelamentos e faturamento no zero, não é novidade que muitas empresas tiveram que fechar as portas.
Só em Belo Horizonte já foram mais 11 mil extintas, segundo números da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg). O restaurante Alma Chef e o Guaja são alguns dos exemplos. Contudo, na contramão, novos empreendimentos culturais tem surgido em meio à crise.
Um deles é a Casa Polifônica – Galeria de Arte e Espaço Cultural, inaugurada no dia 11 de julho. Localizado na Avenida Assis Chateaubriand, no bairro Floresta, região Leste da capital mineira, o espaço receberá exposições e eventos culturais. Mesmo sem eventos presenciais, já funciona por meio de plataforma on-line e abriga obras da mostra Durante a exposição a galeria estará fechada.
“A ideia do espaço vem desde 2012. Consegui tirar do papel em dezembro do ano passado e quando ia inaugurar veio a pandemia. Resolvi não parar com os trabalhos e abrir de alguma forma. Queremos nos tornar uma referência cultural na cidade”, conta Marcus Vinicius Borges, idealizador da casa.
Dessa forma, o espaço conta com sala principal, três galerias, garagens e jardim, onde pretende receber eventos distintos de cultura urbana e arte contemporânea. “Enquanto não podemos abrir ao público, vamos criar novos projetos na internet. Como por exemplo, uma web série, veiculada uma vez por semana, para falar da cena artística de BH. Em breve esperamos abrir e poder movimentar a cena cultural local”, acrescenta Marcus.
Mais um grupo de teatro
O teatro também foi outro setor amplamente afetado pela pandemia. Segundo resultados prévios de uma pesquisa realizada neste mês pelo Sesc, as artes cênicas foi o segundo ramo da cultura mais afetado, perdendo apenas festivais e feiras. Mas os dados não desanimaram o trio de amigos, Gustavo Sousa, Priscila Martins e Victor Hugo. No mês de maio eles mostraram ao público o processo criativo e lançaram o +1 Grupo de Teatro em plataforma digital.
“Somos amigos de faculdade. O grupo foi formado antes da pandemia e a gente estava montando uma peça. Veio a pandemia e resolvemos não parar. Sendo assim, lançamos o grupo no Instagram e postamos materiais dos nossos encontros on-line. Deles surgiram vídeos, colagens e experimento de textos”, conta Gustavo.
No perfil da rede social o grupo já postou três vídeos e conteúdo sobre o projeto. Isolado, o trio descobriu nova linguagens e já pensa em projetos futuros. “Criamos o grupo com base no teatro do absurdo mas temos percebido o quanto a contemporaneidade tem haver e se relaciona com este estilo. Por agora não pretendemos lançar espetáculo. Vamos manter alguns trabalhos online. Por exemplo, apresentações em festivais on-line e estamos em busca de editais. Quando a pandemia acabar vamos lançar a peça Interditados“, acrescenta Gustavo.
Festivais on-line à todo vapor
Primeiro grupo dos mais afetados pela pandemia, ainda de acordo com a pesquisa do Sesc, os festivais e feiras também tem se reinventado e alguns novos surgiram nos últimos meses. Um dos pioneiros foi o Fico em Casa. Lançado em março reuniu grandes nomes da música brasileira em dezenas de horas de transmissão de shows ao vivo.
Em Belo Horizonte o Circuito em Casa, da prefeitura de Belo Horizonte também surgiu em abril e segue abarcando apresentações de diversas áreas em plataformas digitais. Ainda na capital, o Fartura inovou e foi o primeiro festival de gastronomia do país em ambiente virtual. Sendo assim apresentou ao público novos formatos de lives e vídeos de preparações de pratos. No âmbito nacional, tem ainda, o multifacetado, #EmCasaComSesc, lançado em séries em abril e no ar até hoje, já teve 181 apresentações. Por fim, o festival UP! também é outro destaque.