
Obra de Robert Irwin é uma das maiores novidades - Foto: Inhotim - divulgação
Dez meses após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadnho, o Inhotim, que fica localizado na cidade, tem buscado alternativas para se reaproximar do público. O museu chegou a perder 40% de sua visitação após a tragédia. A queda fez soar o sinal de alerta e, para 2020, uma série de ações serão implementadas. Dessa forma, as novas inaugurações e restaurações são algumas das apostas para alcançar a meta de 400 mil visitantes.
“Com a tragédia foi natural repensar nossos vínculos com a cidade. Fizemos o plano gratuidade para os moradores e lançamos novos projetos comprovando a vitalidade da cidade e do Inhotim. Sendo assim, queremos um espaço para as pessoas se encontrarem e terem um oásis”, explica a diretora executiva, Renata Bittencourt.
Projetos
Entre as novidades lançadas no último fim de semana estão: a maior obra já construída de Robert Irwin; a exposição “Visão Geral”, com obras de seis artistas contemporâneos brasileiros na Galeria Mata; uma vídeo instalação de Gisela Motta, Leandro Lima e Claudia Andujar; um novo jardim poético, o maior do Inhotim, além de algumas restaurações.
“Ainda teremos uma série de ações, como por exemplo, o Meca, o fim de ano no Instituto, edições do Sempre Um Papo e muitos shows. Queremos mostrar um Inhotim do social, do educativo e da relação com a cidade”, acrescenta o diretor presidente, Antonio Grassi.

“Seção diagonal”, de Marcius Galan, é um dos destaques da Galeria Mata – Foto: Inhotim / Divulgação
Novidades
São tantas obras espalhados pelos 20,23 km² que um único dia de visita é insuficiente. O curador licenciado Douglas de Freitas afirma que cada obra exige uma atenção diferente. “As novas obras foram escolhidas por suas particularidades. Algumas são parte de um acervo que ainda não foi exibido. O interessante da disposição delas é que para ver as novidades o visitante percorre quase todo o parque e, dessa forma, pode ver a paisagem que chama atenção. É possível ainda, ver a relação entre elas”, conta.
A maior inauguração do ano em Inhotim é a obra permanente de Robert Irwin. Ela é feita de concreto, aço inox e vidro artesanal, tem 6,3 metros de altura por 14,6 metros de diâmetro. Ficará no ponto mais alto do terreno da instituição. Por lá é possível ver grande parte do instituto e da cidade. Observar o por do sol de lá é incrível. Sendo assim, é uma obra sobre experiência e que explora percepções.
Do outro lado do Inhotim está a Galeria Mata, uma das quatro temporárias. Ela recebe a estreia da exposição coletiva de artistas brasileiros, “Visão Geral”. Eles são influenciados por Irwin. Dessa maneira, por lá é possível ver esculturas contemporâneas, que trabalham abstração, tridimensionalidade e resinificação de objetos do cotidiano.

Cláudia Andujar ao lado de sua obra “Yano-a” – Foto: Inhotim / Divulgação
Atente o olhar
Destaque para duas obras que instigam e merecem ser observadas com tempo. Uma é “Fissura”, da artista Sara Ramo, que mostra o “lado de dentro” da Galeria da Mata. Pela fenda, em resumo, permite o visitante ver um cômodo em construção e bagunçado. Outra que merece atenção é a criação de Marcius Galan ,”Seção diagonal”, que com ilusão de ótica propõe uma brincadeira com o vidro. A Galeria ainda abrigas as novas obras “Mix (Boom)”, de Alexandre da Cunha; “Barril de petróleo”; de Iran do Espírito Santo; e outras.
Outra novidade importante é a vídeo-instalação “Yano-a”, de Gisela Motta, Leandro Lima e Claudia Andujar, que ficará na galeria da artista no Instituto que já tem mas de 500 fotografias. Em suma, o trabalho foi desenvolvido a partir da apropriação de uma fotografia em preto e branco de uma maloca Yanomâmi incendiada, feita em 1976 por Claudia.

“De lama lâmina”, de Matthew Barney foi uma das obras restauradas entregues ao público – Foto: Inhotim / Divulgação
Preservação e restauração
Além de ser um museu de arte contemporânea o Inhotim é um importante espaço de preservação ambiental e restauração. Sendo assim, inaugura o jardim poético ‘Sombra e Água Fresca’. Com 32 mil metros quadrados, é o maior do Instituto. Localizado em uma antiga área de pastagem, o jardim demorou dez anos para ficar pronto. Nele é possível observar aproximadamente 700 espécies, com plantas nativas, exóticas e frutíferas. Sendo assim, vale a pena ir visitar as novas obras a pé e passar por ele para contemplar toda a beleza.
Por fim, para quem não sabe, o Inhotim tem em sua especialidade o restauro de obras contemporâneas. E agora devolverá ao público três delas. Está de volta aos olhares “De lama lâmina”, de Matthew Barney. Ficou por dois anos sendo restaurada. É um gigantesco trator que segura uma árvore feita de polímero. Também serão reabertas a Galeria “True Rouge”, de Tunga, e a obra “Narcissus Garden Inhotim”, de Yayoi Kusama.