O primeiro adesivo de poá, dos muitos, que compõe a obra ‘I’m Here, But Nothing’, de Yayoi Kusama, exposta na Galeria Lago, foi colado por María Eugenia Salcedo, diretora artística adjunta do Inhotim. Ela e a curadora assistente, Cecília Rocha, acompanham de perto cada detalhe do processo de montagem das 17 obras temporárias que serão inauguradas nesta quinta-feira, dia 6. As novidades ocuparão as galerias Praça, Fonte e Lago e ficarão por lá durante dois anos. Os ambientes foram totalmente modificados para receber as novas exposições que destacam trabalhos de David Lamelas, Paul Pfeiffer, Robert Irwin, Yayoi Kusama e mais oito artistas.
“Fizemos praticamente três galerias do zero. Dessa forma, aproveitamos apenas a estrutura que circunda os espaços. O resto foi tudo criado. Um desafio arquitetônico difícil”, explica Paulo Soares, gerente da área técnica. Durante três meses, as três galerias, das quatro que são temporárias, viraram canteiros de obras. Foi preciso por tudo abaixo e reconstruir uma nova arquitetura para a instalação das novas exposições.


As novas obras
Dessa maneira, a Galeria Lago receberá a exposição “Lamelas, Irwin, Kusama: Sobre a Percepção”. Nela será possível visitar a obras ‘Corner Piece’, ‘Límite de una Proyección I’, ‘Proyección’, ‘Situación de Cuatro Placas de Aluminio’ e, por fim, ‘Untitled’ do artista argentino David Lamelas. Também ‘Black³’, do norte-americano Robert Irwin, que trabalha a luz e o espaço. E ainda a instalação ‘I’m Here, But Nothing’, da japonesa Yayoi Kusama. Nela a artista espalha diversas bolinhas por uma sala com luzes fluorescentes. Em resumo, sua obra remete às alucinações que a artista vivencia desde a infância.
A exposição “Paul Pfeiffer, Ensaios Vitruvianos” ocupará a Galeria Praça. Inspirada no Estádio Olímpico de Sidney, a obra é uma escultura de grande escala, de cerca de três metros de altura, e com 1 milhão de assentos. Estava há dez anos guardada no Inhotim, desde quando foi exibida há uma década na 16ª Bienal de Sidney.
Já a Galeria Fonte exibirá a mostra “Para Ver o Tempo Passar”, dedicada a obras audiovisuais. Em suma, os trabalhos incluem vídeos, projeções de slide com áudio, projeções 3D em tempo real e video wall dos artistas John Gerrard, Mario García Torres, Rineke Dijsktra, Jorge Macchi, Marcellvs L., Peter Coffin, Phil Collins e Susan Hiller.
Dois anos sem exposições novas
“Nessas galerias temporárias é onde temos a chance de mostrar outro tempo e outra forma de ver o Instituto. Elas são formas de ressignificar o que está no espaço e entender o acervo. Selecionamos estas 17 obras após muito estudo, de dois anos, e diálogo entre nosso conselho curatorial. Ano passado Inhotim não teve inaugurações. Dessa forma, esse é o momento de comemoração e de voltar os olhares para o Brasil”, pontua María.
O Inhotim possuiu um acervo de 1300 obras. Dessas, 700 estão expostas e outras 600 em quatro reservas técnicas dentro do instituto. Algumas das obras nunca foram expostas ao público. Elas estão em galpões e salas espalhados pelo Inhotim, acondicionadas em ambientes próprios. Por lá, passam por conservações e estudos com o intuito de preservá-las. Um trabalho de anos, que segundo Paulo, envolve restaurações, planejamentos, enquadramento dos espaços e soluções arquitetônicas.
Nos bastidores

Para a montagem das novas exposições a equipe de Paulo teve muito trabalho já que cada artista trabalha de uma maneira. Alguns com catálogos, outros, acompanham a montagem de perto. “Na pré-montagem fizemos uma avaliação de conserva em reserva técnica antes de ir para a exposição. Depois que a curadoria escolhe as obras, realizamos um briefing do projeto da instalação. É preciso estudar materiais utilizados, iluminação, temperatura etc. A montagem é feita por uma equipe especializada. É um trabalho mágico”.
Na obra do Marcellvs L., na Galeria Fonte, por exemplo, foi preciso tratamento acústico complexo, de acordo com Paulo. A criação é um vídeo com o som emitido em frequências baixíssimas que fizeram tremer a galeria inteira. Desse modo, foi preciso construir uma sala fechada dentro de outra, sem contato algum, com uma distância de 20 cm entre elas. Ainda foi preciso criar dois tetos diferentes. Todas as paredes são de estrutura metálica e madeira com tratamento acústico.
Já na galeria Praça, o desafio foi nas montagens de David Lamelas. Elas são grandes e pesadas. A técnica teve que construir uma parede de duas toneladas e de dez metros de largura por cinco de altura, para atender o projeto. A obra de Paul Pfeiffer, foi simples de montar, entretanto foi preciso construir uma estrutura de madeira complexa para que os visitantes pudessem observá-la. Além das novas exposições temporárias o Inhotim estuda outros dois projetos para o ano que vem. Exposições dos artistas Robert Irwin e Yayoi Kusama.