Mais um título no escaninho das séries francesas acaba de entrar na plataforma Netflix: “As Mil Vidas de Bernard Tapie”
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Provavelmente, se alguém levantar o tópico “séries francesas em plataformas de streaming”, o primeiro nome que virá à mente será “Lupin”, série disponível na Netflix. Inspirado nos livros com o personagem Arsène Lupin, a produção traz Assane Diop (Omar Sy), homem empenhado em acertar as contas com o passado.
Mas para conhecer mais a produção recente da França em narrativas seriadas, há muitas outras opções – muitas delas, no escaninho dos realities na Netflix. Por meio delas, é possível se divertir, sonhar, conhecer paisagens, lugares e hábitos. E, no caso de uma, em particular, se solidarizar e até mesmo se emocionar. Já por conta de outra, conhecer o universo pouco tangível (para os reles mortais) do luxo.
Confira, a seguir, cinco séries francesas no on demand.
“Imóveis de Luxo em Família”
Se você não tem estômago para ver o quanto o dinheiro pode comprar, fuja desta série Netflix. Mas para aqueles curiosos, que inclusive procuram entender como o mundo funciona, a dica é: não perca. Trata-se de uma família que, a partir do pai, Olivier Kretz, enveredou-se pela venda de imóveis de luxo na França. Logo, não só em Paris, mas em outros pontos do país, como a idílica Annecy ou a região de MontBlanc.
Quando a série se inicia, os três filhos mais velhos do casal Kretz – Martin, Valentin e Olivier – já estão em campo. O clã tenta satisfazer clientes que podem pagar até dez milhões de euros por uma casa para as férias da família, por exemplo. Ou seja, não é a “casa principal” do clã. Ricos. Na série, você vê coisas que talvez nem imaginasse, como piscinas que emergem do piso por meio de dispositivos eletrônicos. É muito dinheiro e muito glamour em cena. Apontamos a figura de Majo, a mãe de Sandrine (a matriarca do clã), como um respiro. Em meio a tanto luxo – não que a casa dela também não seja um assombro -, um refresco.
“Dix Pour Cent”
Está série Netflix é a que mais se aproxima de “Lupin” no quesito popularidade no Brasil. A premissa é, como diriam os franceses, “formidable”. Uma agência de atores (ASK) que tem que se reinventar após a morte do timoneiro (curiosidade: ocorrida no Brasil). O grande trunfo de “Dix Pour Cent” é que, em cena, os agentes trabalham com atores reais. E mais: interpretando a si próprios (ainda que com toques ficcionais na construção da personalidade). Assim, vemos Cécile de France na expectativa de atuar em um filme de Quentin Tarantino, mas com o entrave da “idade”. Dá para imaginar esta questão envolvendo a bela atriz?.
Tem, ainda, Isabelle Huppert, que se envolve com duas produções ao mesmo tempo agora, sendo que o contrato de uma previa exclusividade. Nas temporadas que podem ser acessadas na Netflix, vemos, ainda, Fabrice Luchini, Jean Reno, Sigourney Weaver (o momento de dança dela é imperdível), Juliette Binoche (linda), Jean Dujardin (episódio pra lá de divertido), Charlotte Gainsbourg (que quer, a todo custo, fugir do set do filme que ela julga ser uma roubada), Beatrice Dale e muitos mais. Os atores que fazem os agentes são um destaque à parte: você vai se apaixonar e se envolver em tramas que incluem muita disputa de poder. Destaque para carismática Liliane Rovère, como a sábia Arlette, Camille Cotin, como a poderosa Andrea Martel, e Laure Calamy, como a secretária Noémie Leclerc.
“13 de Novembro: Terror em Paris”
Saindo do glamour, a Netflix abriga uma série que revive os atentados de 13 de novembro de 2015. A produção traz muitas cenas de arquivo do dia que Paris viveu momentos tenebrosos. Eles se entremeiam com depoimentos de sobreviventes e de profissionais que atuaram naquele fatídico dia. Tal qual, de pessoas que perderam entes queridos. Trata-se de uma série que pode remexer em feridas, por focar uma violência desferida sem qualquer calço de razoabilidade. Impossível não se emocionar com a história dos jovens que acabaram ficando nas mãos dos terroristas dentro do Bataclan.
Este grupo ficou sob a mira dos extremistas até o desfecho, e dá para imaginar o horror que viveram. Alguns deles, haviam deixado seus filhos pequenos em casa, e, ali, lidavam com a iminência de serem mortos a qualquer momento. Vamos relembrar os fatos. Naquele 13/11/2015, o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (que depois reivindicou a autoria) realizou ataques em Paris e Saint-Denis. Como lembram os registros dispostos na web, foram três explosões em locais distintos. E seis fuzilamentos em massa.
Mas a ação considerada mais mortal foi a realizada na boite Bataclan, onde ocorria um show que levou centenas de jovens. Lá, os terroristas fuzilaram várias pessoas e fizeram reféns. Ao fim daquela noite macabra, mais de 130 pessoas morreram (o saldo inclui os terroristas mortos), sendo 89 só no Bataclan. Não só. Mais de 350 pessoas ficaram feridas pelos ataques, incluindo 99 pessoas em estado grave. Ocupando a presidência à época, François Hollande decretou estado de emergência nacional. E, ainda, o controle sobre as fronteiras do país. Foi instituído também, o toque de recolher, o primeiro desde 1944.
“As Mil Vidas de Bernard Tapie”
Esta série Netflix é novinha em folha. A narrativa seriada de Tristan Séguéla e Olivier Demangel estreou justamente nesta quarta-feira. A produção conta a vida (com toques ficcionais, como a apresentação salienta) do empresário francês Bernard Tapie, que, na tela, é interpretado por Laurent Lafitte. Quem acompanha a produção cinematográfica francesa conhece bem o ator. Assim, ele deu as caras em vários filmes exibidos no circuito, aqui, em BH, ou disponibilizados nas antigas (e saudosas) locadoras. Longas como: “A Origem do Mundo”, “Elle”, “Belos Dias”, “O Professor Substituto”, “Estaremos Sempre Juntos”, “O Pequeno Nicolau”, “A Espuma dos Dias”…
De origem humilde, Bernard Tapie ascendeu na vida, tornando-se uma figura pública controversa. Morreu em 2021, aos 78 anos, vítima de um câncer. Ah, sim. A série Netflix também traz a presença sempre bem vinda de Fabrice Luchini.
“Amor Ocasional”
Taí uma série Netflix para ocupar, nesta lista, o escaninho das produções água com açúcar (et pourquoi pas?). A premissa é meio absurdinha, mas vamos lá. Em cena, temos três amigas que se adoram (ainda que eventuais conflitos emerjam quando em vez). São elas: Charlotte (a incrivelmente bela Sabrina Ouazani, francesa de ascendência argelina, Elsa (Zita Hanrot) e Emilie (Joséphine Draï, também cantora).
O start: Charlotte contrata um garoto de programa para levantar o ânimo de Elsa (sim, que ideia de jerico, diria-se aqui, em Minas). Um doce se você adivinhou que a personagem vai se apaixonar de verdade pelo boy. E a recíproca é verdadeira. Só que, quando ela descobre a real, tudo degringola. A trilha sonora é ótima, as cenas em Paris, belíssimas, e a atriz que interpreta Elsa – Zita Hanrot – é encantadora. Quem acompanha o Festival Varilux de Cinema já conferiu o talento dela no thriller “Carnívoras”.