À procura de uma série nova (ou recente) para maratonar? Confira, aqui, algumas opções das plataformas de streaming
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Tem a clássica cena de um corpo no bosque? Tem, sim, senhor. Mas tem muito humor também nas novidades em narrativas seriadas no streaming. Seja permeando uma trama do século IV quanto outra na Argentina dos dias atuais. No primeiro caso, estamos falando de “Decameron”. A série da Netflix adapta a obra de Boccaccio, com a graciosa Zozia Mamet (“Girls”) no elenco, entre outros atores não menos talentosos. Já no segundo, de “Meu Querido Zelador”. A estreia da terceira temporada da série assinada por Emanuel Diez, Mariano Cohn e Gastón Duprat chegou como um bólido. Dessa forma, passa a responder como a estreia Disney+ mais vista na Argentina.
Problema é que, nesta nova temporada, o personagem Eliseo vai provocar muita antipatia no espectador, inclusive no trato com as mulheres. Sim, Clarita, sobre quem o zelador sempre fala, vai reaparecer. O personagem de Guillermo Francella também faz um papelão com os colegas de categoria. Uma curiosidade é que, no primeiro capítulo, ele está no Rio de Janeiro, para uma convenção de zeladores. Tem também uma série de suspense teen: “Manual de Assassinato Para Boas Garotas”. O chamariz é a presença da fofa Emma Myers, a colega de quarto de Wandinha, cuja segunda temporada estamos a esperar.
Na esfera teen, também tem “Geek Girl”. Mas deixamos o melhor para o final: “A Mulher no Lago”, drama/suspense com Natalie Portman e Moses Ingram à frente de um bom elenco. Saiba mais a seguir.
“Decameron” (Netflix)
A série livremente baseada na obra de Boccaccio (1313 – 1375) desembarcou na plataforma de streaming em 25 de julho de 2024. A história se passa na Itália, em meados do século IV, quando a peste bubônica, ou Peste Negra, devastava a Europa. Assim, no castelo de um nobre (que, aliás, já sucumbiu à doença), várias pessoas, de camadas sociais distintas (alguns, impostores), se veem reclusas – e situações das mais absurdas se desenovelam. Há desde a criada Licisca (Tanya Reynolds), que “troca” de lugar com a patroa Filomena (Jessica Plummer), a Panfilo (Karan Gill), marido da religiosa Neifile (Lou Gala), e que, longe dos olhos da mulher se masturba vendo os atributos físicos de Dioneo (Amar Chadha-Patel).
Aliás, Dioneo também tira do eixo a própria Neifile, assim como Misia. Em linhas gerais, o humor da série “Decameron” remete um pouco ao do grupo Monty Python – ou seja, há momentos bem pastelão, mas com pitadas de acidez. Estamos adorando a performance de Zozia Mamet, como Pampinea.
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“Manual de Assassinato Para Boas Garotas” (Netflix)
Também no catálogo Netflix, a série de suspense é estrelada por Emma Myers (a fofa Enid, de “Wandinha”). Aqui, ela é Pip Fitz-Amobi, uma garota que resolve investigar a morte (presumida, pois o corpo nunca foi encontrado) de uma garota da escola. Na verdade, o crime foi supostamente elucidado, já que Sal, o namorado da adolescente, teria cometido suicídio após assumir a autoria. Ocorre que Enid não acredita nesta teoria, por acreditar que Sal era um bom garoto, incapaz de praticar tal violência. Para levar adiante sua investigação, ela conta com a ajuda de Ravi (Zain Iqbal), irmão de Sal, que, claro, tem todos os motivos do mundo para provar a inocência dele.
No curso dos capítulos, a intrépida Pip se depara com muitas surpresas, que fazem com que perca a ilusão sobre muitas pessoas. A série prende bem a atenção, e Emma Myers é simplesmente adorável. Há alguns pontos mal explicados, mas que não prejudicam o todo. Devo dizer que matei parte da charada já no segundo capítulo.
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“A Mulher no Lago” (Apple TV)
Série baseada no livro homônimo de Laura Lippman, com direção de Alma Har’el. A narrativa, que se desenrola na Baltimore dos anos 1960, começa quando uma garota judia, Tessia Durnst (Bianca Belle), desaparece durante uma parada do Dia de Ação de Graças, após entrar numa loja de peixes. Não tarda e a comunidade judaica local se envolve nas buscas pela menina. O sumiço de Tessia desestabiliza sobremaneira a dona de casa Maddie Schwartz (Natalie Portman), embora seu marido, o machista Milton (Brett Gelman) não demonstre, assim, tanta compaixão. Mais tarde, o espectador vai entender que o pai da garota foi uma pessoa significativa na vida de Maddie.
Ao mesmo tempo, a série traz a personagem Cleo Sherwood (Moses Ingram), uma mulher negra. A história de Cleo é baseada na vida real de Shirley Parker, cujo corpo foi localizado por trabalhadores de uma companhia elétrica em um lago da citada cidade no ano de 1969 – no entanto, o assassinato nunca foi elucidado. Ela tinha 35 anos. Poucos meses depois, o corpo de uma garota branca, Esther Lebowitz, foi localizado, e, desta vez, a polícia se empenhou na investigação, o que demonstra o tratamento diferenciado associado à cor da pele. Mas, veja, o livro ficcionaliza os dois casos. E a adaptação para o formato série também adota liberdades.
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“Meu Querido Zelador” (Disney+)
Eliseo é um sujeito “ame ou odeie”. Ou para alternar os dois sentimentos no curso de “Meu Querido Zelador” (“El Encargado”), série argentina cuja terceira temporada aportou mês passado no Star+. Os novos episódios entram na plataforma toda sexta-feira. Parece estranho indicar uma narrativa seriada ainda em progresso, mas não. Primeiramente, a empreitada leva a assinatura de Mariano Cohn e Gastón Duprat, responsáveis por séries como “O Faz Nada” e “O Museu”, bem como filmes intrigantes, caso de “O Homem ao Lado” e “Cidadão Ilustre”. Depois, as duas iniciais podem ser conferidas em maratona, para quem quiser acompanhar a terceira em tempo real.
O “querido zelador” do título da série é Eliseo (Guillermo Francella), que, como se deduz, trabalha neste cargo – no caso, de um prédio de classe média alta em Buenos Aires. Na primeira temporada, ele luta contra o grupo de moradores que quer dispensá-lo, após anos de serviço. No entanto, apesar de pertencer à sempre subjugada classe trabalhadora, Eliseo não é, digamos assim, muito ético. Mas tampouco são éticos os moradores. Até aí, há um embate interessante. Nesta terceira temporada, porém, Eliseo anda assumindo ares de vilão, prejudicando inclusive seus colegas de classe. Se ele vai continuar assim, só o tempo dirá. Enquanto isso, prepara-se para amar Eliseo. Ou odiá-lo profundamente.
“Geek Girl” (Netflix)
Baseado no série de livros de Holly Smale, a ingênua, mas gostosinha série teen “Geek Girl” (EUA, Canadá, Reino Unido) estreou na Netflix em 30 de maio de 2024. A geek girl do título, aqui, é a atriz Emily Carey (“House of the Dragon”). Ela é Harriet Manners, uma garota nerd que faz parte do grupo dos excluídos na escola em que frequenta. Até que, um belo dia, é descoberta por Wilbur Evans (o ator britânico Emmanuel Imani), assistente da estilista-sensação Yuji Lee (Sandra Yi Sencindiver). Evans insiste que a menina tem potencial para ser o novo rosto da marca.
Problema que Harriet não está bem certa se é isso que realmente quer para a vida – embora veja ali uma oportunidade para dar um tapa de luvas nos colegas de classe. Ao mesmo tempo, ela se apaixona pelo modelo Nick Parker (Liam Woodrum), sobrinho de Yuji Lee. Não bastasse, ainda tem que se entender como pai e a madrasta, reticentes quanto ao horizonte que se descortina na vida da garota. São dez episódios bem fáceis de maratonar.