Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Conheça o Música aos Montes, o selo que vem revelando e desenvolvendo os novos talentos da música mineira

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Contando com artistas como Cruvinel, Flor Grassi e Davi Leão, o Música aos Montes vem conquistando cada vez mais espaço na cena musical mineira.

Por Caio Brandão | Repórter

Não é novidade para ninguém o poder da música mineira. Clube da Esquina, Skank, Marina Sena, Djonga – a música de Minas Gerais é uma presença marcante no panorama cultural brasileiro e atravessa várias gerações. Sendo assim, o estado é um celeiro de talentos. Novos artistas aparecem a todo momento, e o selo Música aos Montes vem conquistando espaço pelo trabalho feito com esses jovens músicos.

Contando com artistas como Cruvinel, Flor Grassi e Davi Leão, o Música aos Montes vem conquistando cada vez mais espaço na cena musical mineira.
Flor Grassi, uma das principais artistas do Música aos Montes - Foto: Fred Amorelli

A iniciativa tem como objetivo dar visibilidade aos artistas presentes no catálogo, bem como auxiliar no amadurecimento musical de cada um. Nesse sentido, todo o processo criativo é contemplado, desde a composição até estratégias de lançamento e divulgação. Dessa forma, o projeto é liderado por dois músicos residentes de BH: Carol Figueiredo e Dan Oliveira, que possuem uma bagagem mais do que farta no que se refere à indústria musical, convivendo com grandes artistas como Lô Borges, Roberto Menescal e Vander Lee.

Carol Figueiredo e Dan Oliveira, fundadores do Música aos Montes – Foto: Caio Passareli

“Temos alguns modelos de parceria com os artistas, sendo o principal o modelo “360”. Dessa forma, fazemos a gestão da carreira do artista como um todo, desde a parte de conceber quem é aquele artista, de estudar, de entender o universo daquele artista, até a atuação no lançamento, na gestão dos shows e busca de oportunidades. Então, hoje temos três artistas nesse modelo: Cruvinel, Flor Grassi e Davi Leão”, explicou Carol.  

Contudo, Carol conta que existem artistas que são convidados ou entram em contato com o selo por conta própria, tendo em vista a qualidade do material produzido. Além do trio, Rafa Bicalho, Sophi, Banda Flow, Túlio Dayrell e Diogo Lucrécio também contam com lançamentos pelo Música aos Montes. “Temos outro modelo que contempla as pessoas que nos procuram, já que, além de ser um selo, somos, também, uma produtora. Então, produzimos outros artistas que gostam da nossa estética, do nosso trabalho, e nos contratam. Às vezes, eles podem contratar todo o serviço. Por exemplo, a parte de lançamento, da gestão do lançamento,  da criação do lançamento, do planejamento, enfim.  Mas, a partir daí, também depende da nossa curadoria.”

Nas trincheiras da indústria musical

O grande diferencial do Música aos Montes é o processo criado para guiar a carreira de determinado artista. Essa dinâmica, porém, vem acompanhada de desafios. Historicamente, a indústria musical é conhecida por ser complexa, mas o selo está ali para ajudar os artistas a superar essas dificuldades. 

“Trabalhar com música autoral não é fácil, principalmente porque nossos artistas estão em início de carreira. Então, entrar nesse mercado de shows é difícil, já que o público geral não conhece, à primeira vista, as músicas desses artistas iniciantes. O valor de mercado deles ainda é baixo e, assim, os espaços são poucos”, contou Carol.

O selo, no entanto, usa a proatividade como método para contornar essa situação. “O Música aos Montes também procura criar os próprios eventos, os próprios festivais, para que a gente consiga colocar esses artistas no palco. Começamos, assim, esse ‘trabalho de formiguinha’, que é a criação da fanbase desses artistas. Então, a cada trabalho, nós catalogamos as pessoas que se envolveram mais com cada artista e, partindo daí, vamos criando esses eventos e engajando o público.”

Estratégia e adaptação

As plataformas de streaming se tornaram uma ferramenta indispensável para músicos no mundo inteiro. Dessa forma, os artistas acabam tendo que se submeter às lógicas algorítmicas propostas por essas plataformas, que exigem, cada vez mais, uma produção contínua de músicas. Essa dinâmica vai contra a produção artística natural, causando a alienação desses artistas. O Música aos Montes, porém, está ciente disso e possui estratégias para lidar com essa realidade.

“O artista, teoricamente, não pode parar, mas isso é discutível. Existem vários modos de lidar com isso, um deles é a estratégia de escassez, que também funciona como método de engajamento. Isso, porém, depende de cada artista, cada um tem um público, um nicho”, esclareceu Carol.

Além disso, existe um cuidado e respeito com a individualidade de cada artista, como músico, bem como pessoa. “Aqui no selo, principalmente com os artistas do modelo 360, temos encontros semanais nos quais passamos o dia inteiro com eles compondo, pré-produzindo, conversando e desenvolvendo as estratégias. O Cruvinel, que é um dos nossos artistas, já teve vezes que chegava aqui de tarde e ia embora de madrugada. Mas eu também deixo eles na responsabilidade de viver a vida, sabe? Vai viver, vai sair, vai amar, vai namorar… Isso é necessário.”

A perspectiva do artista

O Música aos Montes cuida de tudo que gira em torno de uma carreira musical, mas, os protagonistas, de fato, são os artistas. Sendo assim, conversamos com Flor Grassi, uma das artistas do selo, para entender a perspectiva de quem trabalha com o selo e idealiza o que chega aos ouvidos do público. 

“Comecei a trabalhar com o Música aos Montes no início do ano, em fevereiro, e tem sido uma experiência incrível! É muito legal estar ali com outros artistas e com o Dan e a Carol, que são músicos incríveis e sempre agregam na composição, na produção, nos arranjos… Então, é um aprendizado muito grande, principalmente para mim. Sou muito nova, tenho 17 anos ainda e essa é a minha primeira experiência em estúdio. Entrar no selo, então, foi a melhor coisa que eu podia ter feito”, contou Flor.

A cantora também relatou como a mentoria do selo colaborou para o desenvolvimento e amadurecimento musical. “Agora, eu tenho a possibilidade de ter arranjos muito mais complexos e elaborados. Tenho pessoas ao meu lado que têm um conhecimento musical enorme. Quando eu chego com uma melodia ou uma letra, eles sempre estão lá para moldar o som da melhor maneira possível. Mas, também tem vezes que a gente só senta para trabalhar, o Dan começa a tocar, e as coisas vão fluindo naturalmente. São pessoas que sempre estão me ensinando algo.”

Flor construiu um estilo de MPB que remete aos grandes artistas brasileiros, ainda que a artista tenha morado fora do Brasil. Ela confessa, porém, que foi justamente essa vivência no exterior que fortaleceu a relação com a música brasileira. “Já morei nos Estados Unidos e na França, então eu poderia ir para um lado completamente diferente na minha sonoridade, mas eu sempre ouvi muito a música brasileira, até porque meus pais também se envolvem muito com cultura, meu pai tocava chorinho quando era mais novo.” 

“Daí, chegou um momento que eu falei para eles que eu não conseguiria fazer nada que não fosse música brasileira. Não consigo pensar em outra coisa. Remete muito à minha infância, cresci com muitos músicos na família. O Brasil é muito rico musicalmente. Eu poderia ter ido para vários lados, por causa desse período que morei fora, mas o que temos aqui é mais valioso.”

Para mais informações sobre o selo, basta enviar um e-mail para [email protected]

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