O cantor e compositor Paulinho Moska repassa os sucessos de uma trajetória que já perpassa três décadas em show único, na capital mineira
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Foi em 1993 que um rapaz rumando para os 27 anos de vida resolveu tomar uma decisão: seguir sozinho no caminho da música mesmo diante do sucesso que o grupo ao qual pertencia desfrutava, na época. A banda em questão era a Inimigos do Rei. Já o rapaz, Paulo Corrêa de Araújo, ou melhor, Paulinho Moska. “Comecei me propondo a ideia de ser um cantautor, um compositor de canções com uma carreira estruturada como a dos meus ídolos. Assim, sonhei com isso, que demorou 30 anos para acontecer. Mas hoje eu entro no palco com um set list de pelo menos dez, 12 canções medianamente conhecidas, o que me garante a possibilidade de criar um roteiro distribuindo-as pela apresentação”, brinda.
Sendo assim, Paulinho Moska manda um recado ao público belo-horizontino: “Pode ter a certeza de que não vai voltar aquela canção que você gosta”. O artista se refere ao show que apresenta nesta sexta-feira, às 21h, no Sesc Palladium. Verdade seja dita: a apresentação que o traz de volta à capital mineira não começou no formato atual. “Esse show, ele começou estruturado para divulgar o meu disco mais recente, que é de 2018, e que se chama ‘Beleza e Medo’. Aliás, foi produzido pelo grande Liminha. Então, é um disco mais pop rock, ele tem uma atitude assim, potente”.
“Beleza e Medo”
Portanto, Moska montou uma banda mais roqueira para acompanhá-lo. “É uma garotada que atua com muita visceralidade no palco”. Aos poucos, porém, o show do “Beleza e Medo” foi se transformando na apresentação comemorativa aos 30 anos de carreira do artista, “conforme o ano 2023 ia se aproximando”. Assim, paulatinamente, ele foi incluindo mais canções “antigas”. Tal qual, tirando canções do disco em foco. “E acabou ficando com esse formato de quase exclusivamente canções mais conhecidas – claro, para quem acompanha a minha obra. Desse modo, são canções que já fazem parte do diálogo entre mim, artista, e o público, para realmente celebrar as três décadas”.
Paulinho Moska vem acompanhado por Larissa Conforto (bateria), Lancaster (baixo), Miguel Bestard (guitarra) e Tibi (teclados). A direção musical do show é de Rodrigo Suricato (vocalista e guitarrista do Barão Vermelho). No que tange aos sucessos, o roteiro abarca “Pensando em Você”, “Idade do Céu” e “Namora Comigo”. Também há espaço para releituras, como “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, e “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, de Lô e Márcio Borges.
Balanço
Perguntado sobre o que mudou no curso dessas três décadas, Moska diz: “Acho que foi o processo de maturação, o crivo, a exigência, o funil que se faz através da própria assinatura. Assim, a definição do que é qualidade para você. Penso que esses 30 anos, tem que celebrar, sim. E o que celebro mesmo é aquele garoto de 26 anos decidindo para si mesmo que ia estruturar a carreira compondo canções. E agora, depois de tantos discos e de tantas canções soando na rádio e na TV, poder chegar a BH para abraçar as pessoas e ouvi-las cantando as canções compostas nestes 30 anos. Esse é o grande barato, a grande alegria”.
Relação com BH
Já quando indagado sobre a relação que mantém com a capital mineira, Moska relembra momentos passados na cidade. “A capital mineira, na verdade, sempre foi uma cidade ícone para mim. E isso desde a minha adolescência, quando comecei a ouvir música. Ali, rapidamente fui abduzido pelo Clube da Esquina, com Milton Nascimento, os irmãos Borges, Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes, Ronaldo Bastos… Enfim, todas essas pessoas maravilhosas, essa trupe aí. Eu queria ser amigo deles”.
Assim, ir para Belo Horizonte, ou melhor, para Minas, era tipo uma meca para o artista. “Um sonho, sabe? Conhecer o lugar que inspirou tantas canções maravilhosas!”. Primeiramente, Moska veio ainda com o Inimigos do Rei. “Então, eu tinha 20, 21 anos de idade. Fizemos nossos primeiros show na cidade e me lembro de ter sido muito legal. Claro, eu era muito novo ainda, mas já loucos (ele os colegas de banda) pela comida, pelo sotaque das pessoas, pela cidade”.
Amigos locais
Depois, na carreira solo, o primeiro show em BH, aponta, foi no Teatro Alterosa. “Fiz um fim de semana – sexta, sábado e domingo. Me lembro que ali, no teatro, conheci o Vander Lee, meu querido companheiro de geração, saudoso. Logo em seguida fui conhecendo outros artistas. Lembro que Titane e Patrícia Ahmaral me chamaram a atenção, uma vozes lindas. Depois, mais pra frente, encontrei o Pedro Moraes. O Lula Ribeiro, que é um amigo de Aracaju, mas casou com uma mineira e foi morar aí, em BH”.
Moska cita, ainda, os grupos Skank, Jota Quest e Pato Fu. “Tão queridos! Três bandas maravilhosas, com pessoas maravilhosas. Quer dizer, a cidade sempre foi musicalmente acolhedora”. Mas não só. Ele também cita a gastronomia. “A comida é maravilhosa, sou viciado”. E, ainda… o sotaque! “Esse sotaque maravilhoso dos mineiros. Enfim, uma cidade para a qual estou muito feliz em voltar agora para comemorar esses 30 anos e agradecer a parceria de vocês”.
Projeto com Zélia Duncan
Atualmente, Moska conta estar envolvido em dois grandes projetos que define como parecidos. “Porque são duas gravações de vídeo e de áudio de shows. O primeiro deles é a minha turnê com a Zélia Duncan, que, aliás, a gente já apresentou em Belo Horizonte. E gravamos quatro noites em São Paulo, então, tive que selecionar a melhor versão de cada música para depois mixar o áudio e editar o vídeo. Já estou terminando esse processo e o material deve ser lançado em março”. Assim, o show completo terá 23 músicas cantadas por ele e “pela maravilhosa Zélia Duncan”.
Registro do show de 30 anos de carreira
O outro projeto é a gravação do show que vai apresentar em Belo Horizonte, o dos 30 anos de carreira. “A gente filmou a única apresentação feita no Rio de Janeiro, no Circo Voador, em agosto, no dia do meu aniversário. Assim, foi uma noite muito especial. E nós também filmamos e gravamos o áudio. Eu ainda nem abri o HD, preciso terminar o projeto da Zélia primeiro para poder mexer com isso e começar a mixar o áudio e também a editar o vídeo, junto com a equipe – porque, claro, eu não faço isso sozinho”, pontua Moska.
No entanto, esse produto audiovisual dos 30 anos de carreira provavelmente só será lançado no meio de 2024. “Logo, já vou ter 31 anos de carreira, mas o disco foi gravado precisamente nos 30 anos. São os dois projetos nos quais estou envolvido. Confesso que estou com muita expectativa com os dois, porque são shows vigorosos, poderosos e verdadeiros”. Não temos dúvidas.
Serviço
Paulinho Moska & Banda – 30 Anos de Carreira
Data/horário: 1º de dezembro, sexta-feira às 21h00
Local: Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)
Ingressos: Valores entre R$ 65 e R$ 150, à venda no Sympla e nas bilheterias do Teatro.