
Foto: André Frade / Divulgação
Onde e como você enxerga a arte? Para os artistas, essa sempre foi uma reflexão presente. Agora, em momentos de isolamento social tem sido um desafio. A bailarina Morena Nascimento, por exemplo, participou do Show da Tarde, no Instagram do Culturadoria, e contou que no início estava aversa às lives, ficou em um momento de introspecção e só com o tempo entendeu o formato e se rendeu. “Porque dança pede presença, pede toque, pede suor. E eu gosto muito de estar presente com os meus alunos, por exemplo”, explica.
Agora, a coisa mudou de figura! A artista viu no formato digital uma possibilidade de ressignificação. Atualmente, dá aula de dança contemporânea a convite do Centro de Referência da Dança de São Paulo pela plataforma Zoom. “Eu consigo reunir 100 pessoas em uma aula virtual. Então, é muito bonito também essa possibilidade de cada um estar no seu espaço íntimo, dentro da sua casa… Todo mundo conectado por um mesmo propósito”, relata. Em resumo, destaca a tecnologia como aliada nesse processo.
Ressignificação da dança e temporalidade
Assim como o teatro ganhou novas perspectivas, de acordo com Debora Lamm, a dança, para Morena se transformou. “Parece que é outra coisa, não é necessariamente dança que a gente tá fazendo. Nós estamos ressignificando a forma de se comunicar”, comenta. No caso da dança contemporânea isso fica ainda mais evidente, já que os artistas refletem como ela era antes e como vai ser a partir de agora.
Além disso, a temporalidade mudou e o acesso a apresentações de dança ficou até mesmo mais democrático, mesmo que enquadrado em formato de telas “A música tem o acesso mais fácil porque você baixa ou compra o disco, por exemplo. A dança e o teatro têm essa característica mais efêmera porque acontece ali, ao vivo, mas agora a gente também está chegando até a casa das pessoas”, conta.
Carreira e espetáculos
Morena Nascimento foi bailarina intérprete da Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, companhia fundada pela coreógrafa e dançarina Pina Bausch, e trabalha como artista independente desde 2001. Ela participou da programação do Sesc ao Vivo com a dança-improviso MADEIRA, uma dança para o meu pai. O espetáculo fez uma homenagem ao pai falecido há quatro anos. “Eu ainda não tinha criado uma homenagem ou agradecimento a ele. Então, senti essa necessidade já que faço dança para momentos e situações”, detalha a bailarina.
O tema familiar está presente na obra da bailarina há muito tempo. Só para exemplificar, em 2018 ela se apresentou no Tiradentes em Cena com o solo Pacha Harvey Mama Zulu, dedicado à mãe dela.

Foto: Julio Bretas / Divulgação