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Agenda Cultural

Moisés Pescador saúda Dona Jandira em show no Sesc Palladium

Moisés Pescador sobe ao palco do Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Marcela Dutra/Divulgação)

Moisés Pescador sobe ao palco do Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Marcela Dutra/Divulgação)

O cantor e compositor Moisés Pescador presta reverência àquela que considera como madrinha na caminha artística

Não raro, Moisés Pescador é indagado quanto a seu nome artístico. “É uma pergunta bastante comum”, confirma ele, lembrando que muitos associam o sobrenome à música “Pescador de Ilusões”. No entanto, o “pescador” veio originalmente como um apelido. “Esse apelido surgiu no Encontro Nacional dos Estudantes de Geologia, em 2008, em Cabo Frio. Eu estava na Praia do Forno, em Arraiala do Cabo. Estava nadando e, quando saí do mar, alguém da turma brincou: ‘Olha o pescador parrudo saindo do mar'”. Era, na verdade, uma brincadeira com o personagem interpretado por Marcos Pasquim na novela “Kubanacacan”. Só que pegou. “Já viu, né? Virou apelido”, diverte-se ele.

À época, vale dizer, alguns o chamavam apenas de “Parrudo”. Outros, de “Pescador Parrudo”. “Aí, na hora de que me formei em Geologia, decidi seguir a carreira artística, e a escolha do nome veio muito desse apelido aí, do curso. Moisés Pescador era como a maioria das pessoas me conhecia, e achei interessante manter esse nome. Depois fui descobrir que faz muita alusão à minha personalidade, à minha caminhada. Então, acho que deu super certo”, arremata ele, que, nesta sexta, se apresenta no Sesc Palladium, em um tributo à Dona Jandira, a que considera como uma madrinha.

Contato com Dona Jandira

E como esse amadrinhamento se deu? “Bom, falar sobre Dona Jandira é também contar a minha história aqui, em Belo Horizonte. Quando eu cheguei, fui morar na região central e, aí, tive contato com eventos no Parque Municipal. Então, vi o show da Dona Jandira, uma senhora de 64, 65 anos. Isso era em 2005, e ela se apresentou no evento Conexão Telemig Celular”, recorda. Moisés ficou notadamente impactado. “Eu achei maravilhosa, a performance dela. Os músicos, a sonoridade, o evento, a estrutura do evento, tudo isso me encantou”.

Ele explica que, tendo vindo do interior, não teve a oportunidade de acompanhar tantos eventos daquela magnitude – principalmente, de acesso gratuito. “E isso me deixou muito feliz. Da mesma forma, me mostrou que, independentemente da idade, do momento, é sempre hora de você cantar. Mostrar a alegria, mostrar aquilo que você gosta de fazer. Então, assim, eu estava largando um pouco música cover, mas passei a estar aberto ao meu sonho de poder cantar as minhas músicas. Logo, de poder mostrar a minha arte. E isso foi sendo construído ao longo do tempo. Assim, 11 anos depois, ou seja, em 2016, é quando eu de fato decido fazer essa transição da profissão de geólogo para dar prioridade à arte e à cultura com a música”.

Decisão pela arte

Desse modo, naquele ano de 2016, ele sobe à Serra da Mantiqueira e escreve a música que chama “Salve Oxalá”. “Nela, falo que eu tomo um banho de cachoeira e peço que ‘leve tudo de ruim que pregou em mim e deixe o que é bom ficar'”. Fato é que, no ano seguinte, a música foi aprovada no Encontro de Compositores da Dona Jandira. “E desde esse encontro, que foi lá em Ouro Branco, ela passou a me convidar para algumas apresentações em alguns teatros”.

Sendo assim, ele tocou, por exemplo, no Centro Cultural da UFMG, no Conservatório de Música e também no Cine Theatro Brasil Vallourec. “E foi dessa maneira que ela conseguiu potencializar a minha carreira. Desse modo, permitir que eu saísse em mídias, em jornais, revistas… E Dona Jandira é maravilhosa! Porque a gente sempre conversou muito, tanto do lado pessoal quanto do lado profissional. Ela é uma pessoa muito atenciosa, sincera. Então, sempre foi muito gratificante ter ela ao lado aí, nessa trajetória, nessa caminhada”.

Nascido em Itaúnas, Moisés conta que a música está na vida dele desde cedo. “Desde criança eu já tinha uma percepção musical apurada. Via as pessoas que estavam se apresentando e queria muito chegar perto, entender como elas se sentiam. E ao longo da minha vida, tive várias outras experiências. Primeiramente, toquei numa banda cover – no caso, teclados. Mas já naquela época, eu costumava cantar. Assim, nos shows, fazia o backing vocal. E algumas apresentações solo também, mas nunca assumia essa parte do cantor”. Depois, por um período, ele deixei a música de lado profissionalmente. “Desse modo, me dediquei ao estudo da geologia. Mas mesmo assim segui me apresentando e cantando esporadicamente em alguns lugares”.

Cantautor

Por outro lado, ele sempre seguiu compondo. “Portanto, tinha muitas composições. E decidi cantá-las, porque muitas delas falam da minha trajetória. Desse modo, a transição de carreira veio dessa retomada, pela minha ancestralidade africana, minha ancestralidade indígena. E as minhas letras falam muito sobre esse meu caminhar”.

Portanto, um cantautor. “Entendo que se outras pessoas cantarem essas músicas, ao menos num primeiro momento, não geraria uma conexão tão grande. Eu canto a minha verdade, e por isso eu precisei acreditar em mim, romper essa dificuldade que era assumir o papel de cantor”. Moisés entende que sempre foi um pouco tímido. “Assim, trabalhei essa timidez ao longo dos anos e decidi subir ao palco e assumir essa posição de cantor mesmo. Neste momento, comecei a estudar mais para poder melhorar sempre. Então, estou seguindo nessa caminhada. Ou seja, o que fez me decidir pelo canto é porque só eu posso falar da minha verdade”.

Músico geólogo

Aos 36 anos, Moisés conta que fará aniversário no próximo dia 21 de dezembro. “Ou seja, um pouco antes de Dona Jandira. Ela aniversaria no dia 25 de dezembro. Ela faz 85 anos e eu faço 37”. Considerando a idade de 37, já são mais de 20 anos envolvido com música. “Eu toco desde os 14 anos”. Claro, teve a pausa citado, quando ele se dedicou à faculdade. “Cursei Geologia na Universidade Federal de Minas Gerais durante sete anos, e durante essa trajetória eu me apresentava esporadicamente, como disse. Aliás, ainda trabalho com geologia. Me formei no início de 2014. Por alguns anos, atuei exclusivamente na geologia. Na época, eu falava que eu era geólogo e músico. Aí, a partir de 2016, eu me transformei. Vamos dizer assim, mudei as prioridades e priorizei mais a música do que a geologia. Então, passei a me apresentar como um músico geólogo”

E a partir de então ele começou a se apresentar em Belo Horizonte, tendo sido a primeira vez como cantor de músicas autorias no também já citado Encontro de Compositores no Cine Teatro Brasil Vallourec, em março de 2016.

Serviço

Moisés Pescador – Celebrando Dona Jandira no Projeto Salve o Compositor!
Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)
Nesta sexta-feira, dia 15 de dezembro, às 20h
Ingressos: R$ 15 (valor da meia entrada)

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