Evento terá ao todo dez montagens. As sete internacionais são de grupos inéditos no Brasil.
A Mostra Internacional de Teatro, a MITsp, não é um festival quantitativo. É qualitativo. A programação da quarta edição divulgada essa semana demonstra, mais uma vez, que a preocupação está na troca de experiências e contato com produções inéditas.
Entre 14 e 21 de março serão apresentados 10 espetáculos (super possível de acompanhar). Sete são internacionais, de países como Alemanha, Chile, Líbano, Bélgica e África do Sul. Nenhum deles esteve antes no Brasil e alguns nem mesmo chegaram antes à América Latina. Ou seja, nada de atração batida ou figuras famosas. Se você gosta de teatro e não mora em São Paulo, vale programar uma viagem.
Quando estive na MITsp senti um clima parecido com as primeiras edições do FIT-BH, quando de fato se não fosse o festival não teríamos como ter contato com montagens daquele tipo.
É comum a MITsp destacar espetáculos que apostem no hibridismo de linguagem. Em 2017 a programação se estruturou também a partir de dois eixos: o protagonismo negro/autodeterminação e o teatro documentário.
Espetáculos
Talvez a atração mais esperada por quem organiza a MITsp seja a mostra do ator, dramaturgo e artista visual Rabih Mroué. Ele é do Líbano e está no radar dos curadores brasileiros desde a primeira edição. Vem com um combo: os espetáculos “Tão Pouco Tempo” (So Little Time), “Revolução em Pixels” (Pixelated Revolution) e “Cavalgando Nuvens” (Riding on a Cloud). “Uma mistura de inovação de vanguarda, complexidade conceitual e urgência política, tudo fincado em um humor próprio”, é o que o New York Times publicou sobre o trabalho dele.
A abertura, no entanto, não ficará a cargo de Mroué, mas da companhia les ballets C de la B com “Avante, Marche!”. A peça mistura música, dança e performance para falar da vida de um coletivo de indivíduos a partir de uma orquestra de metais.
“Black Off” da sul africana também caminha na fronteira do teatro e da performance para falar sobre identidade sob várias perspectivas.
O Münchner Kammerspiele, um dos teatros mais importantes da Alemanha, apresenta na MIT “Por que o Sr. R. Enlouqueceu?” uma adaptação do filme de mesmo nome dirigido por Werner Fassbinder na década de 1970. A programação internacional se completa com “Mateluna”, peça escrita e dirigida pelo chileno Guillermo Calderón. É a história do guerrilheiro Jorge Manteluna.
Brasileiros
Do Brasil foram escolhidas três montagens. “Para que o Céu não Caia”, da Lia Rodrigues Cia de Dança foi criado a partir da residência artística dos bailarinos profissionais com jovens da Escola Livre de Danças da Maré, o bairro carioca.
“A Missão em fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa”, com direção de Eugênio Lima tem 15 atores em cena. Eles propõe uma reflexão sobre a representação de “negritude”.
Por fim, Alexandre Dal Farra e Janaína Leite discutem “branquitude” em “Branco: o cheiro do lírio e do formol”. Será a vez que questionar o lugar do branco na sociedade brasileira.
[O QUE] MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo
[QUANDO] De 14 a 21 de Março
[ONDE] São Paulo
[QUANTO] R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Lista de espetáculos da MITsp 2017
“AVANTE, MARCHE!”, Bélgica
Direção: Alain Platel e Frank Van Laecke
Companhia les ballets C de la B
MOSTRA RABIH MROUÉ, Líbano
“REVOLUÇÃO EM PIXELS”
Direção e atuação: Rabih Mroué
“TÃO POUCO TEMPO”
Dramaturgia e direção: Rabih Mroué
Atuação: Lina Majdalanie
“CAVALGANDO NUVENS”
Dramaturgia e direção: Rabih Mroué
Atuação: Yasser Mroué
“BLACK OFF”, África do Sul
Direção e atuação: Ntando Cele
“POR QUE O SR. R. ENLOUQUECEU?”, Alemanha
Direção: Susanne Kennedy
Produção: Münchner Kammerspiele
“MATELUNA”, Chile
Dramaturgia e direção de Guillermo Calderón
“PARA QUE O CÉU NÃO CAIA”, Brasil
Direção: Lia Rodrigues
Produção: Lia Rodrigues Companhia de Danças
“A MISSÃO EM FRAGMENTOS: 12 CENAS DE DESCOLONIZAÇÃO EM LEGÍTIMA DEFESA”, Brasil
Direção: Eugênio Lima
Coletivo Em Legítima Defesa
“BRANCO: O CHEIRO DO LÍRIO E DO FORMOL”, Brasil
Dramaturgia: Alexandre Dal Farra
Direção: Alexandre Dal Farra e Janaína Leite