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Agenda Cultural

Sebastião Miguel apresenta a exposição “Pinturas Anacrônicas”

O mineiro Sebastião Miguel, em seu ateliê (foto do próprio artista)

O mineiro Sebastião Miguel, em seu ateliê (foto do próprio artista)

O conceituado artista Sebastião Miguel abriu, no último dia 4 de maio, no Espaço Mama/Cadela, novo mostra

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Aberta oficialmente no último sábado, 4 de maio, no Espaço Mama/Cadela, a exposição “Pinturas Anacrônicas”, que pode ser visitada até o próximo 26 de maio, reúne trabalhos de Sebastião Miguel. “O fio condutor da mostra são experimentações em pintura. Na verdade, eu venho me dedicando à pintura desde a década de 1980. E a cada temporada de reinício, investigo um assunto e uma técnica. A mais permanente no meu trabalho, ao menos até o acontecimento da pandemia, foi óleo sobre tela. Assim, trago uma experimentação em telas de linho, explorando as técnicas tradicionais”, conta Miguel, ao Culturadoria.

Quatro núcleos

A curadoria e expografia da nova mostra de Sebastião Miguel são assinadas por Rafael Perpétuo, que optou por dividir o Espaço Mama/Cadela em quatro núcleos distintos. Assim, eles abarcam referências à História da Arte, explorações da psique humana, temas religiosos e uma perspectiva (não) explicitamente erótica. Entre as obras, Sebastião Miguel destaca, por exemplo, “Figura na Floresta do Ressentimento”. “É uma obra grande, de quase três metros, e que até pouco tempo atrás estava inacabada”.

Sebastião Miguel entende que a obra tem características distintas de outras experimentações sobre as quais ele vinha se dedicando, com tintas artesanais. “É uma lona esticada, que traz uma figura no canto direito, ao alto. Acho que ela traz essa instigação, junto ao título”. Outras obras que o artista ressalta são as que representam João e Jesus. “São da fase que nomino de ‘bíblica’. E, claro, remetem a essas duas figuras simbólicas que estão na Bíblia”.

De acordo com Miguel, são trabalhos que encerram uma carga de trabalho e de expressão de tinta pictórica muito forte. “É uma obra que, embora a feitura pareça ter sido rápida, demandou cinco anos para ficar pronta”. (abaixo, a tela “Coração flamejante”)

Diógenes

Outra obra que Sebastião Miguel diz gostar muito, e que também está nessa exposição, é “Diógenes”, ou seja, a representação do filósofo Diógenes de Sinope – ou Diógenes, o Cínico. “Integra a parte das obras nas quais eu lido com mitologia. Assim, a história do Diógenes, o homem que sai (pelas ruas de Atenas) com uma lanterna, à luz do dia, procurando um homem honesto”. Todas as três obras que Miguel citou são óleo sobre tela.

E mais

Perguntado sobre como está a vida para além da exposição no Mama/Cadela, Sebastião Miguel conta que segue atuando como professor. “Eu tenho um grupo de estudos, chamado Núcleo de Estudos da Pintura, e tenho feito fóruns sobre pintura – teóricos ou práticos – com pessoas convidadas. Isso desde a pandemia, desde 2020”.

No mais, ele vem se dedicando à leitura e a ver filmes e seriados, “porque são coisas que me instigam muito”. Aliás, Sebastião Miguel explana que muito da inspiração de seus trabalhos vem das referências do mundo da arte “e destes outros autores que eu lanço mão”. Recentemente, ele assistiu – e se interessou bastante – pela série “Ripley”, disponível na Netflix. “Que é baseado no livro da Patricia Highsmith (1921 – 1995), autora que, quando eu era jovem, lia muito. Essa obra é uma nova versão, e tem uma fotografia deslumbrante”.

Não bastasse, frisa ele, a série se detém muito sobre o artista italiano Caravaggio (1571 – 1610), “que está na minha lista de pintores preferidos”.

Projetos

Perguntado sobre os projetos futuros, Sebastião Miguel diz que é voltar aos cursos livres de pintura, que dava na Escola Guignard. “E que são uma forma de extensão da escola com a comunidade”. Do mesmo modo, continuar a se enfronhar na experimentação em pintura. “Por enquanto, neste momento, é isso. Talvez, para o ano que vem, organizar uma coletiva de pintura, que é uma ideia sobre a qual eu já venho pensando desde o final de 2023”.

“Fora isso, tenho cuidado da saúde e vivido e convivido com as pessoas em torno que me trazem a afeto”, diz Miguel. (abaixo, a obra “Joseph Beuys e as Cartas”, de 2021)

Sobre o artista

Sebastião Miguel nasceu em Nepomuceno, em 1958. É artista visual, participa de exposições desde a década de 1980, com individuais no Brasil e coletivas em instituições de relevância no Brasil e exterior. É bacharel em artes plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais e especialista em arte e contemporaneidade pela Escola Guignard-UEMG. Tal qual, mestre em arte e tecnologia da imagem pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em arte contemporânea pelo Colégio das Artes, Universidade de Coimbra, Portugal.

Sebastião Miguel foi vice-diretor da Guignard e professor de pintura na instituição. Sua obra, com ênfase em pintura e desenho, discute o próprio processo da pintura, artes gráficas, exposição experimental de artes visuais, literatura, cinema e novas mídias. Do mesmo modo, investiga a relação entre representação e subjetividade.

Serviço

Exposição “Pinturas Anacrônicas” – Sebastião Miguel

Quando. Até 26 de maio de 2024. Sextas, sábados e domingos, das 9h às 16h. Durante a semana as visitas são mediante agendamento pelo direct do Instagram

Onde. Mama/Cadela, Rua Pouso Alegre 2048, Santa Tereza, Belo Horizonte, MG

Quanto. Entrada gratuita

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