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Cinema

Mazzaropi no streaming: saiba mais sobre importância dele para o cinema brasileiro

Doze filmes do ator, diretor e produtor já estão disponíveis nas plataformas Now, Looke, Vivo Play e Amazon Prime Video
Mazzaropi

Imagem do filme "Jeca Tatu". Foto: PAM Filmes

Responsável por mostrar a face caipira do Brasil e os seus costumes no cinema, Amácio Mazzaropi chegou ao streaming. Doze filmes do ator, diretor e produtor já estão disponíveis nas plataformas Now, Looke, Vivo Play e Amazon Prime Video. Entre eles, O vendedor de linguiça, Jeca Tatu, Chofer de Praça, O jeca e a freira e A Banda das Velhas Virgens

Os filmes não foram tão bem recebidos pela crítica na época do lançamento, mas o sucesso com o público era gigante. As produções chamam atenção pela simplicidade. Entre 1970 e 1975, por exemplo, o cineasta foi responsável por 20% da arrecadação do cinema nacional. A distribuição era feita pela PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi), sua produtora, e alcançava cerca de três milhões de espectadores por filme. 

Outro destaque era o poder que tinha de escolher as salas e as datas de estreia, coisa que para outros cineastas nacionais não era uma possibilidade. Dessa forma, Mazzaropi sempre escolhia o dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo. A tradição cresceu tanto que as pessoas já aguardavam.

Sendo assim, por causa de todo esse sucesso, vamos contar um pouco mais sobre a trajetória do cineasta. Desde a infância esteve envolvido com as artes e chegou até mesmo a fugir com o circo. Confira!

Origem e relação com as artes

Nasceu em 9 de abril de 1912, em São Paulo, fazendo parte de uma família composta por pai imigrante italiano e mãe brasileira. Logo aos dois anos de idade mudou-se com a família para Taubaté, interior de São Paulo. Desde essa época começou a ter contato com as artes, já que passava temporadas no município vizinho, na casa do avô materno que era violeiro e dançarino da dança cana-verde. Além disso, o avô era animador de festas na cidade e levava os netos em várias delas. Assim se deu o contato de Amácio Mazzaropi com o dia a dia do caipira, figura central de suas produções no futuro. 

Mais adiante, cerca de 10 anos depois, o menino estava sendo alfabetizado e já se destacava na declamação de poesias e decorando textos. Nesse mesmo período começou a frequentar e se interessou pelo circo, o que fez com que fosse enviado a Curitiba para ficar sob os cuidados de um tio e trabalhar na loja de tecidos da família. Em 1926, volta para São Paulo e entra para o Circo La Paz. Ele era responsável por contar piadas e causos nos intervalos do números principais. 

Até criar a PAM Filmes, em 1958, muita coisa aconteceu. Depois de estrear a primeira peça, em 1932, convenceu os pais a saírem em turnê com ele como atores na Trupe Mazzaropi, que percorreu diversos municípios de São Paulo. Além disso, fez carreira no rádio e na televisão. Em 1949, estreou o programa humorístico de auditório Rancho Alegre na Rádio Tupi. Dois dias depois da inauguração da televisão no Brasil, em 1950, também passou a apresentar o mesmo programa na TV Tupi. É mole? A produção é um marco, já que foi o primeiro programa de humor da televisão brasileira.  

Mazzaropi

Imagem do filme “Jeca Tatu”. Foto: PAM Filmes

Carreira no cinema

Em 1952, lançou o primeiro filme, Sai da frente, produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, uma grande produtora que se baseava no modelo do cinema europeu. Atuou em mais dois trabalhos lançados por ela, Nadando em dinheiro (1952) e Candinho (1954). Com o fechamento da empresa, Mazzaropi percebeu que o seu talento era mesmo para a telona. Dessa forma, uniu o conhecimento acumulado de rádio, TV, circo e cinco filmes, vendeu tudo e criou a própria companhia, a Produções Amácio Mazzaropi (PAM). Surgia, assim, uma nova era. 

Na PAM passou, então, a produzir os próprios filmes e também a distribui-los. O primeiro foi o Chofer da praça. O Jeca Tatu, personagem que marcou a sua carreira veio em 1959, quando adaptou o personagem de mesmo nome de Monteiro Lobato para o cinema.

Inovação

A ascendência de sucesso a partir daí foi contínua. Em 1961, o cineasta compra uma fazenda e construiu o próprio estúdio de gravação. No mesmo ano, produziu Tristeza do Jeca, primeiro filme colorido da sua carreira e o primeiro filme veiculado na televisão, pela Excelsior. Na ocasião, o longa conquistou os prêmios de melhor canção e melhor ator coadjuvante para Genésio Arruda. 

Em resumo, na PAM, produziu 25 filmes. Entretanto o último, Maria tomba homem, nunca foi terminado. O 33º filme da carreira de Mazzaropi foi interrompido quando ele ficou internado devido a um câncer na medula óssea, que causou a sua morte aos 69 anos em 1981. 

Legado

Especialistas explicam que o grande sucesso dos filmes do Mazzaropi, mesmo que simples, era a identificação que as grandes massas tinham com os personagens. Principalmente as pessoas que saíram do interior para buscar melhores condições de vida em São Paulo a partir dos anos 1960. 

Na carreira empresarial, Mazzaropi entendeu como ninguém o processo de produção, distribuição e exibição dos filmes nos cinemas de todo Brasil. Além disso, também investiu em estrutura própria e adquiriu equipamentos. De acordo com o cineasta Celso Sabadin, estima-se que Amácio Mazzaropi tenha vendido mais de 200 milhões de ingressos para o cinema somando os seus 32 filmes. Vale destacar que era uma época na qual o brasil tinha 70 milhões de habitantes. Relato como esse e muitos outros estão no filme Mazzaropi (2013), dirigido por Celso Sabadin. A vida do ator é contada a partir de depoimentos diversos.

Quer saber mais detalhes dessa história? O biógrafo de Mazzaropi, Paulo Duarte, autor do livro Mazzaropi – Uma antologia de risos, concedeu uma entrevista ao Terra dando mais detalhes. De acordo com ele, Amácio ficou bilionário com o cinema. Leia aqui.   

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