O poeta Mario Alex Rosa reúne 60 poemas-cartas no livro que autografa neste sábado, dia 18 de novembro, na Scriptum, na Savassi
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Os 60 poemas – ou poemas-cartas – que compõem o livro “Cartas ao Mar” (Scriptum), nova investida literária de Mario Alex Rosa, emergiram, originalmente, e como já faz parte do processo criativo do autor, em um dos vários cadernos que ele sempre faz questão de ter por perto. “Embora sim, um e outro tenha sido escrito numa folha avulsa, num pedaço de papel ou numa das cadernetas que também sempre carrego comigo quando estou fora de casa”, revela ele, ao Culturadoria. Na verdade, Mario Alex admite não gostar de escrever poemas diretamente em computador ou no celular. “Me agrada escrever à mão porque, assim, sinto a minha caligrafia, o meu pulso. Desse modo, só depois digito”, conta ele.
No caso, os poemas de “Cartas ao Mar” foram sendo escritos no curso de cinco anos. “Na verdade, foram mais de 60, mas acabei selecionando os que me pareciam mais coesos, mais íntimos”, explicou, à reportagem. Conforme material da própria editora Scriptum, o conjunto de poemas pode ser visto como “um acerto de conta de Mario Alex Rosa com os dois livros anteriores”. Ou seja, “Ouro Preto” (Scriptum, 2012) e “Via Férrea” (Cosac Naify, 2013). No caso, o poeta procura passar a limpo temas que sempre estiveram no horizonte do fazer poético dele: a família, a linguagem, o amor.

Lançamento
“Assim, são cartas endereçadas pelo eu poético para diversos destinatários, mas que, no fundo, também elaboram uma conversa com um mundo que povoa o imaginário do sujeito lírico”, prossegue a apresentação do livro de Mario Alex Rosa. Desse modo, passado e presente se juntam numa tensão pessoal e literária. Seja como for, neste sábado, 18 de novembro, este material passa, enfim, a ser acessível ao olhar do leitor com o lançamento do dia livro na Livraria Scriptum. Precisamente, das 11 às 14h.

E por quê poemas-cartas? Bem, Mario Alex Rosa conta que há anos é um leitor voraz de correspondências, diários e publicações afins. Em suma, obras que revelam missivas entre escritores, poetas, artistas plásticos e congêneres. “Para além de qualquer dado pessoal, a gente aprende muito lendo cartas. Veja, por exemplo, a correspondência trocada entre Mário de Andrade e Manuel Bandeira, ou, do mesmo modo, a entre Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. Na verdade, algumas cartas são verdadeiras aulas de poesia, de teoria sobre o verso, o ritmo”, entende.
Todo sentimento
Em um espectro mais amplo, Mario Alex Rosa compreende que, em cartas, a tendência é que a pessoa as escreva desarmada. “Logo, deixando o sentimento transparecer. Nas cartas, estamos livres para dizer o que pensamos. Estamos escrevendo para uma pessoa provavelmente próxima”, analisa. O poeta e artista plástico conta que, no início da década 1990, teve a sorte de achar, num sebo do edifício Maletta, dois volumes grossos (“mais de 500 páginas cada volume”) de correspondências.
Missivas
No caso, ele se refere a “As Grandes Cartas da História – Desde a Antiguidade até os Nossos Dias”, publicado originalmente no início dos anos 1940. “No caso do primeiro volume, a tradução era de ninguém menos que Manuel Bandeira, enquanto do segundo, de Cyra Nery, mas revista por Bandeira. Lá tem cartas de amor, cartas de proposta de casamento, cartas de amizade, cartas de desespero… (Tal qual) cartas de polêmica, de ódio e de inimizade. Cartas sobre poesia, sobre literatura, sobre acontecimentos históricos”. Do mesmo modo, cartas humoradas ou não, missivas de despedidas ou de viés filosófico. “Enfim, cartas que perpassavam diversos temas”, resume Mario Alex.

A semente ficou ali, plantada. E desaguou na própria lavra. Desse modo, a quando Mario Alex sentiu que, enfim, o material que resultaria em “Cartas ao Mar” estava de fato pronto, partiu para pensar nas epígrafes que usaria. Nem houve tempo para muitas dúvidas. “Assim, as retirei do primeiro volume desse livro encontrado no sebo. Veja, na época que o comprei, jamais imaginaria que iria escrever um livro com esse título: ‘Cartas ao Mar'”, confessa.
Os que se foram
Desse modo, “Cartas ao Mar ou cartas-poemas” é uma conversa que ele foi tendo com pessoas que já se foram. Caso dos próprios pais.” São cartas-poemas nas quais vou conversando sobre poesia, sobre amizade, sobre o amor. Cartas para amigos, amigos poetas, solidão. Escrever poesia é escrever sozinho, escrever carta é escrever sozinho. Mas com o pensamento em alguém, em alguma coisa. ‘Cartas ao Mar’ são cartas para mim, mas também para os outros, quem saberá?”.
“Cartas ao Mar”, prossegue Mario Alex Rosa, confirmado o material da editora, é também um pouco uma tentativa de responder os dois livros anteriores. “Se me permite dizer, cada novo livro meu de poemas é sempre uma tentativa de responder e superar o anterior. Tentar errar menos do que o anterior. Sujar menos as mãos. Tentar sair de mãos limpas”, admite. O poeta reconhece: nem sempre é possível atingir o intento. “Quer dizer, eu acho que não consegui totalmente. ‘Cartas ao Mar’ é um livro de amor. De amor aos meus irmãos, a quem dedico. De amor aos meus amigos, que lá estão nomeados – ou mesmo aos que não foram nomeados diretamente. Enfim, são cartas endereçadas ao mar”, sintetiza, poeticamente.
Serviço
Lançamento de “Cartas ao Mar”, de Mario Alex Rosa
Neste sábado, 18 de novembro, das 11 às 14h.
Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi)