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Agenda Cultural

Mário Alex Rosa apresenta a mostra “Desutensílios – Wor(d)k in Progress”

Uma das obras de Mário Alex Rosa, que está na exposição da Galeria da Assembleia (Foto: Mário Alex Rosa/Divulgação)

Uma das obras de Mário Alex Rosa, que está na exposição da Galeria da Assembleia (Foto: Mário Alex Rosa/Divulgação)

Em cartaz na Galeria de Arte da Assembleia, a exposição de Mário Alex Rosa reúne cerca de 40 objetos de várias épocas

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Em cartaz na Galeria de Arte da Assembleia, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a mostra “Desutensílios – Wor(d)k in Progress”, de Mário Alex Rosa, pode ser vista, pontua o próprio artista, como uma retrospectiva da trajetória artística dele. “No sentido de que há objetos desde década de 1990 e até agora. Assim, vou mostrando aos poucos esse processo que chamo de ‘desutensílio’, essa observação deste trabalho em progresso. Vou trabalhando e, com o passar dos anos, vou criando o que acho que podem se tornar objetos, ou um poema-objeto. Então, eu quis mostrar esse processo temporal, de como eu venho processando esses poemas objetos, desde os 1990”, comenta ele.

Mário Alex Rosa conta que são em torno de 40 trabalhos, “alguns mais objetos que propriamente poemas-objetos”. O poeta e artista lembra que o trabalho dele, tal qual o de outros artistas, tem sempre uma referência no ready made de Marcel Duchamp (1887-1968). “Ou seja, se apropriar de objetos de toda a natureza. No meu caso, procuro muito os utensílios domésticos, coisas que estão no nosso dia a dia, ou seja, na cozinha, na sala, no banheiro ou no quarto. Ou numa loja de ferramentas, em uma perfumaria. Enfim, procuro sempre estar atento – e às vezes até meio distraído – e observar estes objetos. E, assim, procurar dar a eles um outro sentido”. Assim, Mário Alex Rosa acaba se apropriando desses objetos.

Fiat lux

O artista também cita outro artista que entende como referência. “Um artista do qual gosto muito, na verdade, talvez seja o que mais me interessa, que é o poeta catalão Joan Brossa (1919 – 1998), que também fez muitos objetos. Sou um fã da obra dele, não só dos objetos, mas da poesia dele”. Inclusive, Mário Alex comenta que, na exposição na Galeria da Assembleia, há uma homenagem a Brossa. “Uma lâmpada que tem várias letrinhas dentro. Nela está escrito ‘Fiat Lux’. O Joan Brossa tem um poema objeto que é uma lâmpada. Nela, está decalcado, talvez com letraset, a palavra ‘poema’. Assim, nessa ideia de ‘a lâmpada ilumina o poema, ilumina a palavra, ilumina o poeta’. Então é um dos objetos que eu fiz para esta série”.

Biscoito fino

Mário Alex Rosa cita, ainda, “Poema para a Massa”, que é uma referência quase direta a Oswald de Andrade, que brincava com essa ideia que “a massa ainda há de comer o biscoito fino que fabrico”. “E aí, brinco com essa ideia de poema para a massa, para o povo, para nós. Mas também para amassar o poema. É um objeto que tem um ralador de massa. Lá tem letraset e muitas letrinhas de macarrão, dessas pequeninas, que a gente usa para fazer sopa. Aliás, sou fã dessas letrinhas há muitos anos”.

“Cacos de um Poema”

Um outro objeto bem mais “antigo”, de 1993, é “Cacos de um Poema”. Mário Alex Rosa se vale de vidrinhos de farmácia antigos. “Dentro, tem várias palavras, letras recortadas, pedrinhas, restos de um poema… Enfim, pedaços que poderiam fazer parte de um poema. E também aquela informação que é muito clássica em remédios e outros produtos, e que me chamou atenção. É que a frase tem muito a ver com poesia, verso”. A frase em questão é: data de validade no verso. “Assim, eu me aproprio dessa frase, recorto e coloco dentro desse vidro”.

Uma outra característica que ele ressalta na exposição é que ela é dividida por ambientes, como se fosse uma planta de uma casa. “Então, tem objetos, esses utensílios ou desutensílios, no ambiente da cozinha. Tem objetos no ambiente do quarto de um casal. De um quarto que é um escritório, a sala e o banheiro”. No banheiro, por exemplo, há apenas um pequeno objeto, que, na verdade, é uma homenagem ao Guilherme Mansur, poeta e tipógrafo mineiro falecido em setembro. “Ele gostava tanto de letras, então, quis homenageá-lo nesse objeto”.

Penso, logo, existo

Mário Alex Rosa também brinco e se apropriou da mais célebre frase do filósofo René Descartes: “Penso, logo, existo”. “Assim, para cada ambiente eu vou modificando essa frase. Por exemplo, na cozinha, está: ‘Penso, logo, devoro’. Já no escritório, ‘Penso, logo, levito’. Ou seja, vou dando um outro sentido para cada ambiente e espaço dessa casa na qual esses objetos habitam”.

Outra obra que está em exposição (Mário Alex Rosa/Divulgação)

Serviço

“Desutensílios – Wor(d)k in Progress”, de Mário Alex Rosa
Galeria de Arte da Assembleia (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho)
Até 10 de novembro, das 8 às 19h
Entrada gratuita

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