Foi a própria Marília Gabriela que escolheu o texto e decidiu trazer a montagem para o Brasil. O conheceu em uma de suas viagens. Logo convidou a diretora Regina Galdino e parte do elenco para a versão nacional. Escrito em 2017, pelo jovem dramaturgo americano Lucas Hnath, a montagem é um final alternativo para o clássico “Casa de Bonecas”, criado pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, em 1879.
Após ser lançada em São Paulo, em agosto do ano passado, a peça viaja pela primeira vez para outro estado e chega à BH neste fim de semana. As apresentações no Cine Theatro Brasil serão nos dias 27 e 28 de abril.
Em cena, apenas quatro cadeiras de época. Tensão. Drama. Humor. Quatro personagens. Nora Helmer (Marília Gabriela), Torvald (Luciano Chirolli), Emmy a filha do casal (Clarissa Kiste) e a empregada (Eliana Guttman). Eles discutem a partida de Nora, quando ela volta para casa, 15 anos depois.
É como se a personagem fosse julgada pela filha, pelo marido e pela empregada. Uma montagem que aborda temas atuais como por exemplo, o feminismo, a instituição casamento e o direitos das mulheres.
Peça feminista
Em ‘Casa de Bonecas’, de Ibsen, Nora reconhece a posição inferior da mulher na sociedade e vai embora de casa revoltada com o marido. Na versão de Hnath, a mulher volta para resolver burocracias do divórcio. Dá de cara com a empregada, a filha que a mal conheceu e o marido transtornado.
“Um texto ousado e moderno. Que mostra uma mulher, que diferente das outras de sua época, sai de casa e não vira prostituta, e sim, uma escritora de sucesso, que retorna no seu lar para pedir o divórcio e seguir sua vida”, conta Regina Galdino. Para a diretora, é uma trama grande, cheia de reviravoltas .”Trabalhamos dois meses intensamente, de segunda a sábado, sete horas por dia, para estudarmos o texto que é rico e com uma musicalidade moderna. Um texto que tem um desenho gráfico próprio e não traz marcações convencionais. Isso foi muito interessante”, salienta.
O curioso do espetáculo é que Marília Gabriela fica a peça inteira no palco. São 90 minutos de diálogos pesados, equilibrados e cheios de reflexões. Segundo Clarissa Kiste, essa é uma peça para aguçar o espectador, que hora fica do lado de um personagem, hora de outro.
Plateia dividida
“A mensagem atravessa as mulheres e os homens. Cada um de uma maneira diferente. Não existe o certo e o errado. O que texto nos mostra é que existem escolhas que nos levam a caminhos diferentes. Diálogos bonitos, com equilíbrio e opiniões de cada personagem”, ressalta Clarissa. “Nora fez algo que todas as mulheres precisam fazer, que é escutar a sua própria voz. Até quando as mulheres vão continuar escutando vozes masculinas?” questiona a atriz.
“Uma forma de mostrar que o feminismo já vinha desde o século XIX e que se estamos nesse patamar hoje é que muitas mulheres já lutaram. Um espetáculo que o público gostará bastante por trabalhar com signos essenciais, diálogo forte e essencial”, completa Regina.
[O QUE] Espetáculo Casa de Bonecas – Parte 2 com Marília Gabriela [QUANDO] 27 de abril às 21h, 28 de abril às 19h [ONDE] Cine Theatro Brasil, Av. Amazonas, 315, Centro – BH [QUANTO] R$ 60 [COMPRE AQUI]
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