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Man Ray em BH: um guia para explorar a mostra em cartaz no CCBB

Exposição apresenta 255 trabalhos do fotógrafo americano Man Ray até o dia 17 de fevereiro de 2020, em Belo Horizonte

Foto: Thiago Fonseca / Culturadoria

Estrelas da moda, de Hollywood e das artes plásticas. Figuras que mudaram o rumo das áreas onde atuaram, tipo Picasso, Duchamp, Coco Channel. Todos passaram pelas lentes do fototógrafo americano Man Ray, cujos registros estão entre as mais de 200 fotografias que compõem o acervo da exposição montada até fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil. Mas será a presença das personalidades o que mais chama atenção na mostra?

Não. Claro que é uma curiosidade, mas digamos que a exposição Man Ray – em Paris marca mais se analisada do ponto de vista histórico. É uma experiência que estimula discussão sobre o papel que a fotografia desempenhou no registro da memória. A palavra está propositalmente no passado – desempenhou – porque talvez tenha perdido essa força. Hoje fotografamos bem menos do que registramos. As fotos ficam, os registros têm sido tão abundantes quanto efêmeros.

Esta é a primeira mostra com o acervo de Man Ray montada no Brasil. Por isso, a curadora Emmanuelle de l’Ecotais explica que procurou trazer as fotos mais significativas da obra dele. É difícil resumir o percurso deste artista. Man Ray foi fotógrafo, pintor, escultor e cineasta. Há um pouco de tudo espalhado pelos corredores do prédio histórico da Praça da Liberdade em BH.

 

Visite a exposição conosco:

 

 

Ao todo, estão no Brasil, 255 trabalhos de Man Ray, a maior parte em fotografia. Preparamos um roteiro com algumas curiosidades que chamaram nossa atenção durante a visita. São pontos que você deveria prestar atenção ao passar por lá.

 

Vanguarda parisiense

A exposição está dividida em cinco partes. As primeiras salas são dedicadas aos retratos, expressão que ele começou a se dedicar em 1915 e seguiu aprimorando e se reinventando ao longo da vida. Nestas salas você encontrará retratos de personalidades importantes da arte daquela época, tipo o pintor Pablo Picasso e a escritora Gertrude Stein. Foram feitas, respectivamente, em 1926 e 1924. Quando chegou em Paris, em 1921, Man Ray fotografava as telas dos amigos para fazer um trocado. Segundo o texto publicado no catálogo, sempre guardava uma chapa a mais para o criador. Assim, retratou boa parte da vanguarda parisiense.

 

Um americano em Paris

Man Ray nasceu nos Estados Unidos em 1890. Em 1921 mudou-se para Paris. Saiu durante o período da Segunda Guerra Mundial e depois voltou em 1951, onde morou até o fim da vida. Sendo assim, todo o estilo dele, as influências se desenvolveram na cidade europeia. Uma das cinco partes da exposição é dedicada à relação dele com a cidade, embora não tenha sido um fotógrafo de rua. Nesta parte, observe como ele, de fato, tenta evitar enquadramentos corriqueiros vistos em cartões postais. É Man Ray sempre em busca de algo original.

 

Man Ray em Paris Foto: Carol Braga/Culturadoria

 

Prova contato

A maior parte das imagens da exposição são pequenas. A explicação é que se tratam de contatos originais. Isso é uma coisa realmente das antigas. Os contatos são as provas em uma folha de papel em que todos os fotogramas apareciam. Era assim que os editores de revistas, jornais, livros escolhiam as imagens que seriam editadas. Por isso, repare que em muito dos contatos existem marcações em caneta. Significa que, quando a fotografia fosse ampliada, aquele era o corte recomendado.

 

Criador de linguagens

O lance de Man Ray não era tanto o enquadramento, mas também o processo de pós- produção. Foi um grande inventor de linguagens. “Eu expliquei que estava tentando fazer com a fotografia o que os pintores faziam, mas com luz e produtos químicos, em vez de pigmento e sem o recurso óptico da câmera”, disse no livro Autoretrato, publicado em 1964. Assim, entre as inovações dele que podem ser observadas na mostra estão a técnica da “solarização” e as “rayografias”. A primeira era capaz de conferir aos modelos uma aura diferente. Já a segunda era um procedimento de colocar alguns objetos diretamente sobre o papel e deixa-los expostos à luz.

 

Capa de revista

Ao ser reconhecido como exímio retratista, Man Ray chamou a atenção das revistas de moda. Eis outra parte da exposição. Ele trabalhou, por exemplo, para as revistas Vogue (entre 1924 e 1930) e Bazaar (de 1935 a 1944). Também na moda ele inventa um estilo e aplica a técnica da solarização, que ressalta o objeto fotografado. Repare a série em que ele fotografa as roupas em manequins e como há sempre uma composição mais artística do que comercial. É possível notar o mesmo na série de fotos que tem o nu feminino como objeto principal.

 

Man Ray: a relação entre arte da fotografia e a história

Onde estão as fotos das suas últimas férias? No celular? Impressas? Qual o cuidado você tem tido com os registros da memória da própria vida? São todas perguntas que nascem depois de ver um conjunto de fotografias feitas no início do século XX. Pense sobre isso!!

 

Man Ray em Paris Foto: Carol Braga/Culturadoria

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