Dirigido por Bruno Chiche, “Maestro(s)” mostra a competitividade que se estabelece ao longo dos anos entre pai e filho
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Quando o maestro Denis Dumars (Yvan Attal) conquista o importante prêmio Victoire de la Musique Classique como regente, o pai dele, François (Pierre Arditi), não dá as caras na cerimônia de entrega – apesar de estar em casa, assistindo pela televisão. Na verdade, o filme francês “Maestro (S)”, de Bruno Chiche, se inicia exatamente no momento dos agradecimentos de Denis. Na plateia, estão a mãe, Hélèna (Miou Miou, belíssima, como sempre), o filho e a ex-mulher, Jeanne (Pascale Arbillot), que segue gerenciando a carreira dele. A verdade é que em pouco tempo o espectador é informado do motivo de o genitor não ter ido aplaudir o filho em um momento tão importante da carreira: ciúmes.
“Maestro(s”, que está na segunda semana de exibição na cidade, lança o foco sobre uma relação que, no caso, desde sempre foi complicada: a de pai e filho. Com um agravante: ambos comungam a mesma profissão. Assim, uma competição acaba organicamente por se estabelecer, provenientes de mágoas antigas. Rusgas que ganharam tônus com o tempo.
Amargor
Prova inconteste do sentimento que corrói François é que, nos dias seguintes à entrega do prêmio ao filho, ele se esquiva das felicitações que recebe no conservatório onde atua. Na cabeça dos colegas, um pai obviamente ficaria em êxtase com a ratificação do talento do filho. Ainda mais que esse se desenvolveu inclusive por influência paterna. Mas os cumprimentos, neste caso, só fazem despertar raiva em François. Na verdade, uma explosão.
Do mesmo modo, Denis também espraia rancor pelo pai. Na verdade, trata-se de um homem indiscutivelmente pouco simpático, com comportamentos pouco afáveis com a namorada. A situação atinge um estágio de alerta vermelho quando a François é oferecido o cargo de regente de nada menos que o Scala de Milão. Trata-se, como se sabe, da meca do mundo dos concertos. Com a auto-estima na estratosfera, François de pronto já começa a planejar a vida na Itália. Assim, chega a pedir a mulher em casamento – até então, os dois não tinham a união oficializada.
Beco sem saída
Só que, agora, é a vez de Denis ficar enciumado, acreditando que ele sim, deveria ter recebido o convite. Ocorre que o convite deveria ter ido mesmo para Denis. Por um erro de uma funcionária do próprio Scala, a proposta foi feita ao Dumars errado. Ao ser avisado do erro, Denis oscila. Primeiramente, há o júbilo pelo reconhecimento (e um certo alívio por não ser François o alvo do cargo). No entanto, há o receio de como contar para o genitor. Mesmo porque, ainda que os dois vivam às turras, ele sabe que será uma pancada que vai dinamitar as estruturas dele.
Não cabe avançar mais do que isso. No entanto, não há riscos de spoilers se adiantarmos que todos esses ruídos de comunicação vão convergir para o momento “cartas na mesa”. Não sem muitas mágoas, ressentimentos, ciúmes e mentiras vindo à tona. Neste compasso, o diretor acerta na condução da narrativa. Assim, o filme mantém o espectador ansioso para saber como os dois – pai e filho – vão enfrentar a situação insólita. Tal qual, como ela vai se resolver. Evidentemente, o êxito também se deve à atuação dos atores centrais. Miou Miou, vale dizer optou por uma interpretação mais contida, porém, precisa. Já Attal (que, talvez alguns não saibam, é marido de Charlotte Gainsbourg) e Arditi dão um show em cena.
Confira, a seguir, o trailer
Serviço
Maestro(s)
O filme, que chegou a passar por BH rapidamente, durante o Festival Varilux, está, agora, em exibição no Centro Cultural Unimed Minas, no horário das 21h20 (a princípio, até quarta-feira, 29 de maio)