Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

No compasso do show no Brasil, livro sobre Madonna chega às prateleiras

Gostou? Compartilhe!

Biografia “Madonna: Uma Vida Rebelde”, da jornalista Mary Gabriel, traz detalhes de uma trajetória artística que já perpassa mais de quatro décadas

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Tudo começou com um burburinho – Madonna iria se apresentar no Brasil, em um show – pasmem – gratuito (para o público). Pouco a pouco, o que era especulação foi se confirmando. Agora, os fãs da cantora já estão em contagem regressiva – se duvidar, já tem gente acampada no entorno. Seja como for, neste sábado, dia 4 de maio, a cantora norte-americana sobe ao palco montado na Praia de Copacabana, no Rio, em frente ao icônico hotel Copacabana Palace, para, amparada por uma mega produção, soltar a voz e dançar. A previsão é que a diva inicie o show da parada brasileira da Celebration Tour às 21h45, com estimadas duas horas de espetáculo.

A capa do livro "Madonna - Uma Vida Rebelde" e foto da autora, Mary Gabriel (Mike Habberman/Divulgação)
A capa do livro "Madonna - Uma Vida Rebelde" e foto da autora, Mary Gabriel (Mike Habberman/Divulgação)

No entanto, a partir das 19h já haverá um aquecimento para o público, com a apresentação de DJS. Às 20h, entra em cena o norte-americano Diplo, antecedendo a grande atração da noite. Ao todo, um público de cerca de 1,5 milhão é esperado.

No bojo de todo o auê gerado em torno da nova vinda de Madonna Louise Ciccone ao país, a editora Best Seller/Grupo Editorial Record lança, no Brasil, “Madonna – Uma Vida Rebelde”, da jornalista Mary Gabriel. Primeiramente, vale dizer que trata-se de um calhamaço: são nada menos 854 páginas! E olhe que a fonte (o tamanho da letra usada na publicação) não é, de forma alguma, generosa com quem tem problemas de leitura. Fotos? Sim, o livro traz, na sua metade, uma seção com várias fotos da cantora, abarcando diversas fases. Mas, que fique claro: aqui, o texto tem a primazia.

Em fotos

De todo modo, para sermos mais específicos no que tange a esse quesito, há fotos bem curiosas – em algumas, como a da formatura na Adams High School, de 1975, a verdade é que nem parece ser Madonna. Já em outra, de 1972, com os cabelos mais escuros, o fã até percebe como a primogênita dela, Lourdes Maria, se parece com a mãe. As fotos dos anos 1970, aliás, mostram uma jovem sorridente e mais discreta, aparentando até ser um pouco tímida. Visual que já se altera nos anos 1980, quando ela já adota o visual blondie. No curso das páginas, tem dos demais filhos, como Rocco Ritchie, David Banda e Mercy James, além das dos ex-companheiros da diva, como Sean Penn e Guy Ritchie, e de pessoas que orbitaram em torno dela.

A parte textual do livro é dividida em seis partes, que, desse modo, abarcam períodos específicos, delimitados, da vida da cantora. Logo no inicinho, a autora, Mary Gabriel, conta que as pesquisas consumiram cinco anos. Ao fim, era tanto material que veio a decisão de disponibilizar parte do conteúdo por meio de QR Code. Ou seja, ao acessá-lo, o leitor vai ser direcionado às fontes mencionadas no texto, “das referências individuais incluídas nas notas até as referências bibliográficas, que contêm as citações completas”.

O início

Logo de início, o grande – e trágico – acontecimento com o qual o leitor se depara é a morte da mãe de Madonna, quando a futura cantora e os cinco irmãos, todos menores de oito anos, ficaram aos cuidados do pai, então com 32 anos. Logo, a rebeldia começa a dar as caras na personalidade da menina, que passa a questionar as normas vigentes naquele tempo e, tal qual a ter percepções mais claras dos mecanismos sociais. Assim, se dá conta da posição social da família em confronto com os privilegiados na high school que frequenta. Mas a garota não se detém e segue o barco. Desse modo, logo começa a se aplicar na dança, até decidir ir para Nova York.

Lá, um dos episódios mais pesados foi o estupro do qual ela foi vítima. No entanto, Madonna preferiu manter o episódio sob o máximo de discrição possível, segundo a autora, para não despertar pena sobre si mesma. Praticamente na mesma época, a cantora se deu conta que tinha muita facilidade em compor.

Daí em diante, são repassados vários episódios que certamente vão prender a atenção dos fãs mais antigos, como o namoro com o artista Jean-Michel Basquiat (1960-1988). Ou o lançamento do primeiro clipe da artista, “Burning Up”, bem como do álbum “Madonna”, que chegou às lojas em julho de 1983, pouco antes do aniversário de 25 anos dela.

Cinema e mais

E daí… bem, daí em diante, o livro se detém em vários momentos bem conhecidos do público que a acompanha há mais tempo, como a escolha por gravar a provocante “Like a Virgin”, música de Billy Steinberg e Tom Kelly, que, ali, se candidava a integrar o repertório do segundo disco. Bem como “Material Girl”. Tal qual, Madonna começa a carreira no cinema, de início por meio de filmes menos pretensiosos, como “Procura-se Susan Desesperadamente” (1985), de Susan Seidelmann, no qual divide a cena com Rosanna Arquette e Aidan Quinn. Com o lançamento do disco “Like a Virgin” (1984), Madonna passa a formar, como o livro bem assinala, a trindade do pop, junto a Prince e Michael Jackson. Abaixo, frame de “Procura-se Susan”.

“Like a Prayer”

Evidentemente, os capítulos seguintes já apontam os notórios affairs de Madonna, como o firmado com o ator Sean Penn, com quem depois se casou. Há momentos nos quais há um foco maior, como a agressão de Penn a paparazzi. Ou a amizade com nomes como Andy Warhol e Keith Harring. Paralelamente, o livro situa o quanto a Aids começa a ser mais falada no círculo frequentado por Madonna, já que alguns dos amigos da loira foram contaminados. A morte de Basquiat é outro baque. O turbulento fim da relação com Penn também ganha destaque.

No campo da música, o livro lembra a celeuma em torno da gravação de “Like a Prayer”. Aliás, a autora recorda que Madonna chegou a ser atacada por nomes como bell hooks, que a criticou pelo que chamou de “apropriação e mercantilização da cultura negra”.

“Vogue” e Gaultier

O romance com o ator e diretor Warren Beatty, que, no passado, foi um célebre conquistador em Hollywood (desde 1992, está casado com Annette Bening), também é colocado sob uma lupa. A relação eclodiu durante a feitura do filme “Dick Tracy” (1990). Na verdade, a toada do livro segue assim, nesse compasso, como nem poderia deixar de ser diferente. Ou seja, detalhes da vida pessoal de Madonna mesclados à carreira artística, e entremeados com apontamentos quanto aos acontecimentos que marcaram a história do mundo neste recorte temporal (como, lá pra frente, os atentados de 11 de setembro de 2001).

Assim, Mary Gabriel lembra que, com o lançamento da música “Vogue”, em março de 1990, Madonna se torna a mulher com mais singles que chegaram ao primeiro lugar na história da música. Ah, sim. A ligação com a moda também ganha novos contornos com a parceria firmada entre a cantora e o estilista francês Jean-Paul Gaultier, para a turnê ‘Blond Ambition”. Foi ele a criar o icônico sutiã de cone que a cantora passou a usar nos palcos. A jornalista também se detém, com generosidade, no rastro deixado pelo lançamento de “Na Cama com Madonna”. Basta dizer que, por 11 anos, lembra-nos ela, ele se manteve como o documentário de maior bilheteria de todos os tempos – isso, apesar de não ter sido classificado na categoria “censura livre”.

Filhos

No campo pessoal, o livro avança abordando o namoro com Vanilla Ice, o encontro com o ator e bailarino cubano Carlos Leon (a aproximação se deu enquanto ela corria no Central Park e ele, andava por ali de bicicleta), Do mesmo modo, o início da relação com o cineasta britânico Guy Ritchie e casamento que se seguiu…. Claro, nos capítulos dedicados às duas últimas relações citadas, há destaque para as gestações de Lourdes Maria (Lola) e de Rocco – cujo nome foi inspirado no clássico italiano “Rocco e Seus Irmãos” (1960), de Luchino Visconti.

Hoje aos 27 anos, Lourdes Maria é dançarina, modelo e cantora. Já Rocco, aos 23 anos, é pintor. Vale dizer que, a partir da relação com Ritchie, Madonna cada vez mais se fixa em território europeu, inicialmente, na Inglaterra.

“Evita”

No âmbito do cinema, há, por exemplo, muitas páginas dedicadas ao projeto “Evita”. O fato de Madonna interpretar Eva Perón (1919 – 1952), claro, suscitou muita polêmica, tendo inclusive irritado muitos peronistas. Já no que tange a lançamentos, o do (ousado) livro “Sex” (1992) não poderia ficar de fora. A autora lembra que a chegada da publicação às livrarias não encontrava, na época, precedentes. O livro chegou a ser atacado pelo Vaticano e a venda, banida em alguns países – ou em partes de outros (caso da Austrália).

Hoje, “Sex” é item de colecionador. É raro ser encontrado à venda, e um exemplar não custa menos de R$ 2.000.

Malawi

Uma vida como a de um mito é, claro, recheada por momentos muito particulares. E por uma profusão deles. O livro também se detém sobre a queda de um cavalo (que, segundo a autora, ela viu como um sinal do universo para desacelerar), o impacto do 11 de setembro na carreira de Madonna, o interesse pelo Malawi – ela criou uma fundação por lá, a Raising Malawi – e a primeira adoção feita naquele país do sudeste da África, a de David Banda, que hoje tem 18 anos.

Na sequência, Madonna adotou Mercy James, que toca piano e hoje também está com 18 anos. Em outro momento, as gêmeas Stella e Estere, hoje com 11 anos. Stella também toca piano e Estere é dançarina. Bem, não dá para comentar todos os fatos abordados pelo livro – mas ok, tem a turnê “MDNA”, a vida em Portugal, a perseguição sofrida por um stalker (Robert Hoskins)… – sem correr o risco de escrever outro calhamaço…

Então, para quem não foi ver o show in loco e quer se aprofundar mais na vida da cantora, fica a dica.

Serviço

“Madonna – Uma Vida Rebelde”

Best-Seller – Editora Record, 854 páginas, R$ 119,90 (preço médio)

Show Madonna no Rio – 4 de maio

A Globo exibe o show após a novela “Renascer”. O streaming Globoplay também transmite, e estará com o sinal aberto. Já o canal por assinatura Multishow fará um “TVZ especial Madonna” e, na sequência, transmitirá o show. De acordo com a emissora, a transmissão será comandada por Kenya Sade e Marcos Mion. A exibição no Multishow e Globoplay vai contar com Marcus Majella e Laura Vicente para mostrar os bastidores.


Gostou? Compartilhe!

[ COMENTÁRIOS ]

[ NEWSLETTER ]

Fique por dentro de tudo que acontece no cinema, teatro, tv, música e streaming!

[ RECOMENDADOS ]